Parece que a coluna da semana passada causou mais confusão do que esclarecimentos. Muitos leitores questionaram se existiriam vinhos de qualidade produzidos com castas “não nobres”, uma preocupação válida, mas muito distante do objetivo do texto anterior a este, que pretendia, apenas, discutir a razão do adjetivo Nobre.
 
Para que todos fiquem tranquilos, existem vinhos de alta qualidade produzidos, até mesmo, com castas consideradas como “obscuras”. Também existem vinhos de péssima qualidade, as zurrapas, produzidos com as mais famosas castas do mundo.
 
Conclusão: a qualidade de um vinho não pode ser determinada só pelo tipo de uva que será utilizada na sua produção. Diversos outros fatores têm um peso mais significativo na qualidade final: o binômio terreno e clima; os métodos de vinificação e amadurecimento e até mesmo as técnicas de engarrafamento e selagem da garrafa. A qualidade final de um vinho dependerá, sempre, de um conjunto de fatores.
 
Para auxiliar os leitores na compreensão das razões pelas quais classificaram determinadas castas como superiores às demais, foi sugerido que se pesquisasse em relações de melhores vinhos, quais as varietais empregadas que se destacavam.
 
Na semana passada, um dos sites de maior importância para quem é realmente aficionado e tem recursos financeiros para investir em vinhos de alta qualidade, publicou a relação dos vinhos mais procurados. O site em questão, o Wine Searcher (http://www.wine-searcher.com/) tem como principal objetivo encontrar vinhos raros que são colocados à venda em diversas lojas ou casas de leilão, por todo o planeta. Vamos comentar, em grupos de 10 vinhos, os 50 primeiros apresentando as principais características.
 
1 a 10
 
1. Chateau Margaux, Margaux, Corte Bordalês;
2. Domaines Barons de Rothschild Chateau Lafite Rothschild, Pauillac, Corte Bordalês;
3. Baron Philippe de Rothschild Chateau Mouton Rothschild, Pauillac, Corte Bordalês;
4. Moet & Chandon Dom Perignon Brut, Champagne;
5. Petrus, Pomerol, Corte Bordalês, na verdade quase 100% Merlot;
6. Chateau Latour, Pauillac, Corte Bordalês;
7. Chateau Cos d’Estournel, Saint-Estephe, Corte Bordalês;
8. Chateau d’Yquem, Sauternes, Vinho de Sobremesa;
9. Chateau Haut-Brion, Pessac-Leognan, Corte Bordalês;
10. Opus One, Napa Valley, EUA, Corte Bordalês.
 
Como era de se esperar, completo domínio dos vinhos de Bordeaux, cortes obtidos a partir de Cabernet Sauvignon e Merlot, castas nobres. Três interessantes destaques, um Sauternes obtido a partir da Casta Semillon que nunca foi classificada como nobre, um Champagne vinificado a partir de Chardonnay e Pinot Noir, ambas nobres, e um vinho norte americano produzido ao estilo dos vinhos de Bordeaux.
 
11 a 20
 
11. Domaine de la Romanée-Conti Romanée-Conti Grand Cru, Côte de Nuits, Borgonha;
12. Chateau Lynch-Bages, Pauillac, Corte Bordalês;
13. Tenuta San Guido Sassicaia Bolgheri, Super Toscano;
14. Armand de Brignac Ace of Spades Gold Brut, Champagne;
15. Penfolds Grange Bin 95, Shiraz Australiano;
16. Chateau Cheval Blanc, Saint-Emilion Grand Cru, Corte Bordalês;
17. Chateau Pontet-Canet, Pauillac, Corte Bordalês;
18. Louis Roederer Cristal Brut Millesime, Champagne;
19. Chateau Montrose, Saint-Estephe, Corte Bordalês;
20. Domaine de la Romanee-Conti La Tache Grand Cru Monopole, Cote de Nuits, Borgonha.
 
Continua o pleno domínio dos Bordaleses, com 4 destaques: dois vinhos da Borgonha produzidos com a nobre Pinot Noir, um italiano que é uma das muitas versões italianas de um vinho de Bordeaux. Por último, um potente Shiraz australiano, outra casta que ainda não foi dignificada com um título real, mas deveria.
 
21 a 30
 
21. Chateau Leoville-Las Cases ‘Grand Vin de Leoville du Marquis de Las Cases’, Corte Bordalês;
22. Chateau Pichon Longueville Comtesse de Lalande, Pauillac, Corte Bordalês;
23. Chateau Palmer, Margaux, Corte Bordalês;
24. Chateau Leoville Barton, Saint-Julien, Corte Bordalês;
25. Krug Brut, Champagne;
26. Chateau Pavie, Saint-Emilion Grand Cru, Corte Bordalês;
27. Chateau Ducru-Beaucaillou, Saint-Julien, Corte Bordalês;
28. Marchesi Antinori Tignanello Toscana IGT, Super Toscano;
29. Chateau Angelus, Saint-Emilion Grand Cru, Corte Bordalês;
30. Chateau Pichon-Longueville au Baron de Pichon-Longueville, Pauillac, Corte Bordalês.
 
Dois destaques: outro Champagne e outra versão italiana de um vinho de Bordeaux.
 
31 a 40
 
31. Chateau La Mission Haut-Brion, Pessac-Leognan, Corte Bordalês;
32. Chateau Leoville Poyferre, Saint-Julien, Corte Bordalês;
33. Tenuta dell’Ornellaia ‘Ornellaia’ Bolgheri Superiore, Toscana, Super Toscano;
34. Screaming Eagle Cabernet Sauvignon, Napa Valley, EUA, 100% varietal;
35. Dominus Estate Christian Moueix, Napa Valley, USA, Corte Bordalês;
36. Caymus Vineyards Cabernet Sauvignon, Napa Valley, EUA, 100% varietal;
37. Perrin & Fils Chateau de Beaucastel Chateauneuf-du-Pape, Rhone, França;
38. Chateau Talbot, Saint-Julien, Corte Bordalês;
39. Tenuta dell’Ornellaia Masseto Toscana Igt, varietal 100% Merlot;
40. Joseph Phelps Vineyards Insignia, Napa Valley, EUA, Corte Bordalês.
 
Destacam-se dois italianos vinificados ao modo de Bordeaux e dois 100% Cabernet Sauvignon da América do Norte. Além destes, aparece o primeiro vinho da região do rio Ródano, um Chateneuf–du-Pape, tradicionalmente um corte que envolve até 13 castas diferentes entre tintas e brancas, nenhuma delas consideradas nobres. Por outro lado, o mais respeitado crítico de vinhos do mundo, Robert Parker, cansou de atribuir os almejados 100 pontos aos vinhos desta região…
 
41 a 50
 
41. Chateau Gruaud-Larose, Saint-Julien, Corte Bordalês;
42. Chateau Calon-Segur, Saint-Estephe, Corte Bordalês;
43. Domaines Barons de Rothschild Chateau Lafite Rothschild “Carruades de Lafite”, Pauillac, Corte Bordalês;
44. Chateau Ausone, Saint-Emilion Grand Cru, Corte Bordalês;
45. Vega Sicilia Unico Gran Reserva, Ribera del Duero, varietal 100% Tempranillo;
46. Chateau Beychevelle, Saint-Julien, Corte Bordalês;
47. Domaines Barons de Rothschild Chateau Duhart-Milon, Pauillac, Corte Bordalês;
48. Chateau Grand-Puy-Lacoste, Pauillac, Corte Bordalês;
49. Taylor Fladgate Vintage Port, Portugal, Vinho do Porto;
50. Moet & Chandon Brut, Champagne;
 
Neste último lote temos alguns destaques interessantes. O Vega Sicilia Único, um dos vinhos mais famosos da Espanha e do Mundo, é produzido com uma casta não nobre. Aparece o primeiro Vinho do Porto, produzido com castas exclusivas de Portugal que nunca chegaram perto da “corte”…
 
Com estes exemplos, esperamos que os leitores percebam que a nobreza de uma uva está muito mais ligada ao que é possível se obter a partir dela do que uma simples relação direta do tipo “se a uva é nobre o vinho é bom”.
 
Isto é falso!
 
Um segundo ponto fica claro nesta relação, o pleno domínio dos vinhos franceses, principalmente os produzidos em Bordeaux.
 
Antiguidade é posto, até no mundo dos vinhos.

Dica da Semana: um bom Tannat produzido no Uruguai, para que ninguém duvide das castas ‘não nobres’.
 
Don Pascual Reserve Tannat 
Intensa cor vermelha com reflexos rubi. Aroma onde domina frutas vermelhas e cassis. Muito bem estruturado com presença de taninos revestidos e frutas vermelhas.
Harmonização: Carnes, massas e queijos.