Mês: maio 2012

Algumas conclusões, salvaguardas e uma degustação notável

Terminamos o nosso primeiro giro pelos grandes vinhos, na semana passada. Visitamos todos eles? Não, isto é quase uma missão impossível. Provavelmente cometemos algumas injustiças que esperamos reparar em futuras colunas. 
Curiosamente, nenhum leitor acusou a falta deste ou daquele vinho, mas o fizeram com relação a determinados países que não foram mencionados. Algumas explicações são necessárias. 
Produz-se vinho em quase todo lugar, mas nem sempre são produtos de qualidade, que mereçam ser mencionados. No Peru, por exemplo, um dos primeiros países sul americanos a ter uvas europeias plantadas em larga escala em seu território, nunca se desenvolveu uma indústria vinícola digna de nota. Todo o vinho produzido por lá é usado na produção do famoso Pisco, um destilado. 
Na última coluna foi mencionado que a uva Pinotage estava sendo experimentada no Zimbábue. Teve sucesso? Ainda não, apesar de terem obtidos alguns prêmios interessantes em competições internacionais. No máximo, uma promessa, como o México. 
A Bélgica foi outro país que gerou curiosidade: será que existem vinhos por lá? Sim! Principalmente brancos obtidos a partir da Chardonnay. Mas a produção é minúscula e mal atende a demanda interna. Nada que valha a pena mencionar. 
Por último a Inglaterra. O que acontece neste país? Até hoje, o povo inglês é o maior importador de vinhos do planeta, com uma perspectiva de 152 milhões de caixas em 2014, um recorde! Produzem vinho por lá? Quase uma obviedade, mas a produção é muito pequena, significando apenas 1% do que é importado… 
Algumas injustiças que ainda não foram reparadas (podem cobrar!): 
Os excelentes Côtes du Rhone; 
Brunello di Montalcino e Vino Noble di Montepulciano; 
O Champagne e outros espumantes; 
Contador, da Espanha, outro mito; 
Poderíamos nos estender por mais algumas páginas. Hoje ficamos aqui. 
Uma notícia alvissareira 
Informa José Paulo Gils, nosso olheiro para o assunto salvaguardas: 
A revista Veja, na edição desta semana (2270 de 23/05/2012) publicou uma nota na seção Holofote, assinada por Otávio Cabral, intitulada “Protecionismo negado”, a qual transcrevo abaixo. 
“Protecionismo negado 
O processo de concessão de salvaguarda ainda está na fase inicial, mas o Ministério do Desenvolvimento já descarta a possibilidade de atender ao pedido da indústria vinícola nacional de criação de uma cota para a bebida importada. Estudos preliminares mostram que o setor voltou a crescer e o vinho brasileiro aumentou sua presença em mercados emergentes, como a China e a Rússia. O máximo que o governo pode conceder é a desoneração de impostos para o setor. Aliás, a única salvaguarda em vigor no Brasil cairá ainda neste ano: a proibição da importação de coco seco sem casca”. 
Uma degustação surpreendente 
Na terça-feira dia 15 de maio, comparecemos a uma degustação no restaurante Aprazível, em Santa Teresa, Rio de Janeiro. O propósito era reunir as vinícolas que não concordaram com o pedido de salvaguardas. No mesmo dia, em outro local, acontecia o Circuito Brasileiro de Degustação, com as demais vinícolas. 
A iniciativa foi de Pedro Hermeto, proprietário do simpático Aprazível. Presentes as seguintes vinícolas: Vallontano, Anghebem, Chandon, Millantino, Adolfo Lona, Quinta da Neve, Máximo Boschi, Villagio Grando, Era dos Ventos, Antônio Dias, Don Abel, Cave Geisse, Don Guerrino e Dezem, cujos vinhos não chegaram a tempo. 

Alguns produtores estavam presentes dando um charme todo especial ao evento: Adolfo Lona, Silvânio Antônio Dias e Sergio de Bastiani da Don Abel. 
Destacaram-se os espumantes, cada vez melhores, um delicioso Cabernet da Antônio Dias e um branco obtido a partir de uma uva quase extinta, a Peverella, produzido pela Era dos Ventos: diferente e misterioso. 
O meu momento especial foi quando o simpático Adolfo Lona promoveu a degustação de um especialíssimo espumante, o Orus, algo que vou lembrar para sempre. Dificílimo de ser adquirido, sua produção limita-se a poucas garrafas quando é vinificado. O melhor é experimentar os outros produtos desta vinícola, especializada neste segmento. 
Dica da Semana: 
Uma das vinícolas mais tradicionais da Argentina ficou em segundo plano nas colunas dedicadas àquele país: Rutini. Vamos conhecer um pouco desta tradicional empresa e saborear um de seus vinhos mais vendidos. 

A bodega La Rural, foi fundada em 1885, por Felipe Rutini, imigrante Italiano, com o objetivo de produzir vinhos de qualidade empregando as técnicas aprendidas em seu país natal. Seu lema, Labor et Perseverantia, é mantido até hoje. 
O museu do vinho, sediado nas instalações da bodega, é uma visita obrigatória para quem for a Mendoza pela primeira vez. São mais de 4500 peças que retratam bem a dureza e a falta de recursos da época. 
Don Felipe faleceu em 1919 deixando um legado para seus descendentes que mantiveram o espírito pioneiro. Em 1925, começaram a plantar uvas na região de Tupungato, já se antecipando ao sucesso das frutas plantadas neste vale. 

Nos anos 90, a operação da família Rutini foi adquirida por uma grupo de investidores, entre eles Nicolas Catena e Jose Bengas Lynch que promovem a renovação da bodega e a construção de uma nova vinícola no vale de Tupungato. A Rutini, hoje, é um dos grandes produtores Mendocinos. As duas empresas, La Rural e a Rutini Wines, mantêm suas linhas de produtos de forma independente.

Dica da Semana: A dica de hoje é o 

Trumpeter Malbec/Syrah 2010. 
País de origem: Argentina/Mendoza 
Produtor: Rutini Wines 
Cepa(s): Malbec, Syrah/Shiraz (50/50) 
É o vinho da linha Trumpeter de maior sucesso no Brasil. Produzido com uvas de vinhedos de altitude (1200 metros), é sedoso e frutado com bom aporte dos aromas das barricas, excelente frescor e aromas sedutores de violetas, ameixas, framboesas, chocolate e cravo. 
Notas: Wine Spectator 84 pontos (2005) Wine Enthusiast 86 pontos (2004)

África do Sul – Final

Ùltima etapa nesta viagem

A vinícola Rust en Vrede só elabora tintos. Além do Shiraz apresentado, produz uma série de grandes vinhos, como o Estate ou o 1694 Classification. Dependendo da safra são considerados superiores, com várias premiações. 
A vinícola Glen Carlou é outra empresa que produz grandes rótulos, incluindo em sua linha alguns premiados vinhos brancos a partir das castas Chardonnay, Sauvignon Blanc, Viognier e Chenin Blanc. Um de seus ícones é um premiadíssimo Chardonnay. Nos tintos, trabalha com as castas Cabernet Sauvignon, Shiraz, Pinot Noir, Merlot e Zinfadel. 
Podemos citar mais vinícolas de primeira linha, por exemplo: a 4G Wines cuja 1ª safra em 2010 superou todas as expectativas tornando-se um clássico instantaneamente; a Cape Point Vineyards com seu espetacular corte de Sauvignon Blanc e Sémillon; a tradicional De Trafford ou a vinícola do campeoníssimo golfista Ernie Els. A lista é quase infinita. 
Mas há uma curiosidade: existe uma casta emblemática da África do Sul, a Pinotage. Nenhuma das vinícolas citadas tem um vinho emblemático com esta varietal. Vamos conhecer um pouco mais estas curiosa uva. 
Seu nome indica sua origem, um cruzamento feito com as europeias Pinot Noir e Cinsault, que era conhecida como Hermitage, uma região da França onde se fazem bons vinhos com ela. Tudo começa em 1925 quando Abraham Izak Perold, o primeiro professor de vinicultura da Universidade de Stellenbosch, tentou combinar a robustez da Hermitage com as qualidades vinícolas da temperamental Pinot. 

Plantou algumas sementes híbridas no jardim de sua casa, sem muitas preocupações. Em 1927, deixou a Universidade, mudando-se para Paarl e devolvendo a residência para a escola. O jardim ficou algum tempo sem manutenção. A experiência simplesmente fora esquecida. Para que a casa pudesse ser novamente ocupada, uma equipe de manutenção foi enviada com instrução de refazer o jardim. Acidentalmente, passava pelo local o Professor Charlie Niehaus que recolhe as parreiras já adultas e as replanta no Colégio Agrícola de Elsenburg, sob a orientação do substituto de Perold, o Prof. CJ Theron. Este as enxertaria em raízes resistentes, propagando a que melhor resultado obteve. Foi batizada como Pinotage, com as bênçãos de Perold que voltara a acompanhar o projeto. 

As primeiras plantações em larga escala foram na região de Myrtle Grove, próxima à Cidade do Cabo. O primeiro vinho seria produzido em 1941, em Elsenburg. O reconhecimento só aconteceria em 1959, quando um Pinotage da Bellevue recebeu o prêmio de melhor vinho do Cape Wine Show (Feira de Vinhos do Cabo). 

Apesar da fama, os vinhos produzidos têm a tendência de apresentar um desagradável aroma de tinta, atribuído à presença de um composto químico (acetato de isoamila), comum em vinificações sem muito cuidado. Este é um forte indício que esta casta é tão problemática para produzir quanto à Pinot que lhe originou. Vários produtores importantes da RSA nem consideram esta uva como uma possibilidade. Apesar das críticas, Brasil, Canadá, Israel, Nova Zelândia, Estados Unidos e Zimbabue estão experimentando com ela. 
O Melhor Pinotage 

A vinícola Kanonkop, que significa morro do canhão, foi uma pioneira na plantação da Pinotage iniciando seus vinhedos em 1941. Está na 4ª geração da família proprietária, continuando o trabalho de excelência que sempre norteou este empreendimento. Hoje é uma das vinícolas mais modernas e bem equipadas do país. Entre seus diversos vinhos, destacamos o premiado Pinotage. 

Um tinto poderoso e encorpado obtido a partir de vinhedos próprios situados nas encostas da colina Simonsberg, no distrito de Stellenbosch, a mais reputada região do país para tintos. Fermentado em cubas abertas, com temperatura mantida a 29ºC, com 3 a 5 dias de maceração com as cascas. A maturação dura 15 meses em barricas de carvalho francês de Nevers, sendo 90% novas e 10% de 2º uso. 
Harmonizações: carnes grelhadas, churrasco e ensopados. 
Pode ser guardado por cerca de 5 anos em condições ideais. A Kanonkop é o melhor e mais premiado produtor de Pinotage do país, verdadeira referência. 
Prêmios: Wine Spectator: 91 pontos (safra 08); Vencedor do Troféu de ouro da Decanter para vinhos tintos sul-africanos em 2009 (safra 05) 

No Brasil é importado pela Mistral (www.mistral.com.br) com um palatável preço de catálogo de R$ 150,00. (preço de 2012)

Dica da Semana: um bom Pinotage com ótima relação custo x benefício. 

Danie de Wet Pinotage Bio 
Produtor: De Wetshof País: 
África do Sul / Região: Robertson Valley 
Safra: 2010 
Pouco tempo após seu lançamento, o Pinotage Bio já é apontado como o Pinotage de melhor relação qualidade/preço do mercado. Elaborado com uvas de cultivo biológico, é macio e sedoso, mostra o caráter varietal da emblemática casta sul-africana sem os aromas desagradáveis encontrados nos exemplos mais comerciais. Uma ótima introdução a esta casta.

África do Sul – 1ª parte

Última etapa nesta viagem

Classificar o continente africano como Novo Mundo pode parecer um contrassenso. Afinal, várias hipóteses admitem que a origem da humanidade esta ligada a este território. Portanto, nada mais antigo ou velho. Mesmo quando o assunto é vinificação, esta bebida é citada desde os tempos bíblicos.  
Um pouco de história 
Vamos voltar ao ano de 1659 quando o fundador da Cidade do Cabo, Jan van Riebeeck, produziu o primeiro vinho naquela região. A cidade ainda não existia, era apenas um entreposto da poderosa Companhia das Índias para reabastecimento de seus navios em busca das cobiçadas especiarias. O governador que o sucedeu, Simon van der Stel, demarcou, em 1685, a região de Constantia: seu projeto era produzir um vinho de qualidade. Em pouco tempo o Vin de Constance havia conquistado algum respeito nas mesas europeias. Após sua morte, a produção decaiu e só foi retomada a partir de 1778 quando um empresário, Hendrik Cloete, adquire as terras, recupera o vinhedo e inicia nova fase de produção conseguindo obter ótimos resultados com um vinho de sobremesa elaborado a partir das cultivares Muscat de Frontignan também conhecida como Muscat Blanc à Petits Grains, Pontac, Muscadel branca e tinta e Chenin Blanc. A reputação deste vinho foi uma influência positiva na produção sul africana.

A indústria vinícola prosperou até 1860. A partir desta data, por força de alguns acordos comerciais, a produção começou a diminuir. Em 1866 enfrentaram uma epidemia de Filoxera que devastou os vinhedos. Um desastre que levaria mais de 20 anos para ser superado. Somente em 1900 a plantação de vinhedos retomaria sua força. A política da segregação racial (apartheid) fez com a produção de vinhos ficasse escondida por muito tempo: os produtos eram boicotados, mesmo sabendo que não havia restrições para trabalhadores negros neste segmento. Este quadro durou até meados dos anos 90. Com o fim da política segregacionista, a África do Sul entrou no período de renascença. A produção hoje gira em torno de 800 milhões de litros e 3500 produtores. As principais castas plantadas são (% sobre a área total plantada aprox.. 94.000 Ha): 
Chenin Blanc – 18% 
Chardonay – 8% 
Sauvignon Blanc – 10% 
Cabernet Sauvignon – 12% 
Merlot – 6% Pinotage – 6% 
Shiraz – 10% 
Regiões Vinícolas 

A ilustração ao lado nos dá uma bela ideia da distribuição dos vinhedos. Cada área tem suas características climáticas e de solo, produzindo vinhos com tipicidades bem diversas. Existe uma interessante condição geográfica produzida pelo cabo: a separação de dois oceanos, Atlântico e Índico. Cada um vai provocar pequenas alterações climáticas que podem ser percebidas no produto final. 
Existe uma legislação que classifica os vinhos por sua origem, a WO (Wines of Origin), elaborada em 1973. Esta classificação deve aparecer nos rótulos dos vinhos, indicando desde a posição geografia até a sub-região do vinhedo. 
A maior parte da produção de vinhos finos está concentrada em 3 regiões: Constantia (Cape Town), Stellenbosch e Paarl. As regiões mais recentes como Klein Karoo, Olifants River e Robertson vêm se destacando e chamando a atenção dos consumidores mais críticos. 
A região de Constantia ficou famosa por seu Vin de Constantia, produzido desde os tempos imemoriais. Ainda é respeitadíssimo, numa recente degustação o Klein Constantia safra 2006 recebeu 93 pontos da Wine Spectator. 
Paarl foi durante todo o século 20 o centro nervoso da produção vinícola. As sub-regiões de Franschhoek Valley e Wellington ainda se destacam. Mas o foco foi gradualmente mudando para Stellenbosch principalmente por ser a sede de uma Universidade dedicada ao estudo da vinicultura e vinificação. Hoje responde por 14% da produção total do país. Os vinhos mais famosos tem origem nesta região que conta com uma diversidade de cepas, Cabernet, Merlot, Shiraz, Pinotage e a branca Chenin, de fazer inveja a muitos países produtores. 

Paarl e Stellenbosch

Um dos seus principais vinhos é o Rust en Vrede Shiraz, de vinhedo único. O nome que significa Descanse em Paz, indica a vinícola fundada há mais de 300 anos, embora nem sempre tenha produzido neste período. Nos últimos 30 anos, tornou-se muito produtiva e regular trazendo vinhos formidáveis elaborados com Cabernet, Merlot e Shiraz. Seus rótulos foram servidos no jantar de comemoração ao Premio Nobel da Paz recebido por Nelson Mandela bem como no almoço oferecido à Rainha da Dinamarca celebrando este feito. 

O premiado Shiraz É um vinho que se orgulha de ser o melhor representante do terroir de Stellenbosch. Sua vinificação é feita em fermentadores abertos com pelo menos 5 remontas manuais por dia. 
O processo fermentativo dura 7 dias, seguido de 10 dias de maceração. A fermentação malolática é feita parcialmente em tanques de aço inox e em barris de carvalho. Amadurece por 18 meses em barricas 100% novas, na proporção 75% de origem americana e 25% francesa (safra 2009). Depois de engarrafado aguarda alguns meses antes de ser comercializado. 
Notas de Degustação safra 2009, uma das melhores do país até hoje: 

Coloração – Grená profundo; 
Aromas – no primeiro ataque percebem-se Jasmim e doces à base de leite. Esta impressão inicial passa rapidamente para frutas negras, saborosas e suculentas; 
Palato – sabores de ameixa e cereja perfeitamente integrados com os taninos, passando uma deliciosa sensação aveludada no final. 
Harmoniza com carnes grelhadas, assados e cordeiro. 
Um show de vinho, imperdível! 
Mas não é barato, sendo vendido no Brasil na faixa dos R$ 300,00, pena… (e ainda querem salvaguardas) (dados de 2012)

Dica da Semana: Para não ficarmos só nos tintos de lá, há um bom branco que é uma pechincha. 

Pearly Bay Cape White 
Região – Paarl – Suider 
Vinícola – KMV (a maior cooperativa da RSA) 
Vinho de cor amarelo palha claro brilhante, com aromas vivos de verão, flores brancas e feno. Na boca é delicado e refrescante, ideal como aperitivo ou para acompanhar saladas. Perfeita harmonização para fondues. (tampa de rosca)

Expovinis 2012

Vamos conhecer o mais importante evento sobre vinhos no Brasil, a EXPOVINIS cuja 15ª edição, ocorreu em São Paulo, nos dias 24, 25 e 26 de Abril de 2012.
A feira é um grande evento privado, organizado por uma empresa especializada, nos moldes de outras exibições semelhantes em todo o mundo. A mais importante de todas é a VinItaly, já na sua 47ª edição prevista para abril de 2013.
Neste tipo de exposição há espaço para produtores, fabricantes de equipamentos e acessórios, negociantes e assemelhados, de todos os países. É uma feira de negócios, uma grande vitrine onde vinhos das mais diversas origens podem ser comparados lado a lado. São ministrados cursos e oferecidas palestras e degustações.
Dividida em duas grandes áreas, Internacional e Nacional, a edição de 2012 bateu todos os recordes de público e expositores: nada menos que 40 vinícolas brasileiras se apresentaram.
O ponto alto é a escolha dos 10 melhores vinhos (Top Ten) por um grupo de jurados de alto nível: Luis Lopes, fundador e diretor da Revista de Vinhos (Portugal), Andrés Rosberg, presidente da Associação Argentina de Sommeliers, Jorge Carrara (revista Prazeres da Mesa e site Basilico), José Maria Santana (revista Gosto), Gustavo Andrade de Paulo (ABS-SP), José Luiz Alvim Borges (ABS-SP), Ricardo Farias (ABS-Rio), Mauro Zanus (Embrapa-RS), Marcio Oliveira (SBAV-MG), José Luiz Pagliari (SBAV-SP/Senac-SP), Roberto Gerosa (portal iG) e Celito Guerra (Embrapa).
As categorias analisadas foram: Tintos, Brancos e Espumantes Nacionais; Espumante Importado; Branco Novo Mundo; Branco Velho Mundo; Rosado (geral), Tinto Novo Mundo, Tinto Velho Mundo e Fortificados e Doces.
Resultados:
ROSÉ: Château de Pourcieux Côtes de Provence – 2011
Produtor: Château de Pourcieux – França – Provence
TINTO NOVO MUNDO: The Bernard Series Small Barrel S.m.v. – 2009
Produtor: Bellingham – África do Sul – Paarl
TINTO NACIONAL: Testardi Syrah – 2010
Produtor: Miolo Wine Group – Brasil – Vale do São Francisco
TINTO VELHO MUNDO: Casa de Santa Vitória Touriga Nacional – 2008
Produtor: Casa de Santa Vitória – Portugal – Alentejo
ESPUMANTE NACIONAL: Quinta Don Bonifácio Habitat Brut
Produtor: Quinta Don Bonifácio – Brasil – Serra Gaúcha
ESPUMANTE IMPORTADO: Lanson Brut Rosé
Produtor: Lanson – França – Champagne
BRANCO VELHO MUNDO: Trimbach Riesling Cuvée Frederic Émile – 2004
Produtor: Pierre Trimbach – França – Alsácia
BRANCO NOVO MUNDO: Undurraga T.H. Sauvignon Blanc – 2011
Produtor: Viña Undurraga – Chile – San Antonio
BRANCO NACIONAL: Sanjo Maestrale Integrus – 2010
Produtor: Sanjo – Brasil – São Joaquim (SC)
DOCES E FORTIFICADOS: Medium Rich Single Harvest – 1998
Produtor: Henriques & Henriques – Portugal – Madeira

Austrália e Nova Zelândia – Final

Se os brancos são a grande estrela por aqui, os tintos, embora ainda não tenham obtido o respeito conquistado pelos Sauvignon Blanc, não fazem feio. Duas uvas sobressaem: Pinot Noir e Syrah. 
Esta última cepa é a base para um extraordinário produto da vinícola Craggy Range, localizada em Hawke´s Bay: Syrah Block 14 Gimble Gravels Vineyard. 

O nome original foi simplificado para Gimblett Gravels Vineyard Syrah. No fim da década de 1980, um empresário australiano investiu em terras neozelandesas para a produção de um vinho. Não um vinho qualquer, queria criar algo lendário. Comprou um dos últimos espaços disponíveis na baía de Hawke, ao longo da estrada Gimblett. Gravels, em inglês, significa cascalho indicando o tipo de solo da região. 

Na época, foi considerado o maior investimento em vinicultura do país. As parreiras utilizadas eram clones das mudas trazidas há cerca de 150 anos. O vinho produzido de suas frutas tem características peculiares e representam o terroir perfeitamente. Sua vinificação é feita em tanques de aço inoxidável, com controle de temperatura, usando somente os frutos (nenhum engaço). O amadurecimento passa por barris de carvalho francês, 25% de primeiro uso, durante 16 meses. 

Notas de degustação da Safra de 2005, a mais famosa: 
Com uma coloração púrpura profunda e aparência viscosa, sugere um vinho potente, porém se mostra leve no palato. Os aromas presentes remetem a especiarias como tradicionalmente encontrado em rótulos congêneres. Na boca apresenta taninos vivos, com textura de cetim, sem nenhum vestígio de ardência ou álcool exagerado, típico dos tintos neozelandeses. Um excelente vinho! Perfeito para acompanhar pratos condimentados de carnes. 
Recebendo sempre notas muito boas dos críticos (Parker 93 pontos), não é um vinho caro tendo ótima relação custo benefício. No Brasil, é importado pela Decanter com preço de catálogo de R$ 172,00 (em 2012). Outro bom investimento para um ocasião especial. A vinícola produz uma série de outros vinhos, brancos e tintos, inclusive um sofisticado corte denominado Le Sol, que já foi comparado com o mítico Cheval Blanc. 

Dica da Semana: Assim com os brancos, os tintos da NZ são caros no Brasil. Para contrastar com o vinho apresentado, selecionamos um Merlot típico. 

One Tree Merlot 
País: Nova Zelândia / Hawke’s Bay 
Castas: 88% Merlot, 10% Cabernet Franc, 1% Malbec, 1% Cabernet Sauvignon 
Coloração vermelho rubi intenso com reflexos granada. Aromas de frutas escuras maduras (cereja e amora), sândalo, chocolate amargo e tomilho. Paladar seco, boa acidez, encorpado, taninos finos e macios com retrogosto de frutas. Amadurecimento em barricas de carvalho francês por 15 meses antes do engarrafamento. 
Harmonização: ideal para carnes vermelhas, carnes de caça e massa com molho untuoso.

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