Categoria: Harmonização (Page 1 of 10)

Vinho e carne: qual a melhor harmonização?

Vinhos tintos, com certeza, diriam muitos. Será? Questionariam uns poucos enófilos.

Não vamos comprar esta briga, vinhos tintos dominam esta cena, principalmente se a harmonização for com cortes bovinos. Neste texto, não vamos comentar aves, suínos ou ovinos. Ficam para outra ocasião.

Fazendo um paralelo com o texto anterior a este, onde foi possível agrupar e harmonizar peixes, podemos usar os diversos cortes mais comuns no nosso país para sugerir vinhos mais adequados.

Esta classificação será baseada no teor de gordura de cada tipo de corte.

Magros:

Filé Mignon;

Maminha (da Alcatra);

Patinho;

Lagarto.

Gordos:

Picanha

Fraldinha

Costela

Alcatra

Contrafilé

Cupim

Peito de boi

A regrinha, induzida por esta simples separação é bem direta: quanto mais gorduroso o corte, mais tânico deve ser o vinho, para ajudar a limpar o nosso palato após cada garfada.

Começamos pelas carnes gordas.

O Brasil, assim como dois nossos vizinhos, a Argentina e o Uruguai, é um campeão tanto na produção de carnes, como no seu consumo. Nos outros países citados, além de terem gado de excelente qualidade, produzem vinhos que, na concepção de muitos especialistas, são a combinação perfeita para carnes gordas: Malbec e Tannat.

Se existe um vinho que poderíamos chamar de “pau para toda obra” é o Malbec argentino. Esta uva, de origem francesa, se adaptou de forma espetacular no terroir sul-americano, tornando-se um ícone mundial.

Mas já não está voando sozinha. Brasil, França (Cahors), EUA, Chile e alguns outros, elaboram ótimos vinhos com esta casta.

A Tannat, de origem meio francesa e meio espanhola (região dos Pirineus), também se adaptou por aqui. Tem como principal característica produzir vinhos muito tânicos. Daí vem o seu nome. Além dos vinhos do Uruguai, nossas vinícolas, principalmente as da região da Campanha gaúcha, já elaboram excelentes Tannat.

Prefiram vinhos que sejam elaborados de forma mais atual, com madeira muito discreta ou nenhuma, apresentando notas mais frutadas e perfumadas. Picanhas e Alcatras agradecem ao Malbec, enquanto Costela e Cupim se rendem ao Tannat.

Mas não podemos ficar só nisso. Antes do surgimento deste novo clássico argentino, as “grelhas” eram dominadas pelo não menos famoso Cabernet Sauvignon. Esta uva francesa, originária de Bordeaux, rodou o mundo e talvez seja um dos estilos de vinho mais fáceis de encontrar em qualquer loja ou supermercado.

Além dos franceses, Chile e EUA são os grandes produtores desta casta/vinho. Não precisam ser varietais 100%, corte com predominância da Cabernet está totalmente correto.

Outras opções a considerar: Syrah/Shiraz, Touriga Nacional.

Para as carnes mais magras, entre elas o sempre nobre Filé Mignon, os vinhos devem ser um pouco menos tânicos e com maior acidez. O Pinot Noir é uma boa primeira opção. Um tipo de vinho que também é “all around”, indo além dos cortes bovinos.

Outras castas a serem consideradas: Tempranillo, principalmente os riojanos, Chianti clássico, Zinfandel, Gamay como nos Beaujolais Villages, Garnacha e Merlot.

Este segundo grupo de cortes bovinos são servidos, comumente, em preparações mais elaboradas ou com molhos mais ricos, que vão influir, diretamente, na escolha do vinho.

Estamos falando de Sauce Bernaise, au Poivre ou o sul-americano Chimichurri. Os vinhos, em linha gerais, serão os mesmos já citados. O Sirah/Shiraz, neste caso, se torna muito versátil.

Para os molhos mais condimentados, escolham vinhos com maior acidez, alguma madeira e teor alcoólico mais baixo.

Para não deixar dúvidas, é possível se obter boas combinações com alguns brancos e rosados. Mas se impõem certas condições:

– Devem ser bem encorpados e com muita personalidade.

A lista não é longa. Busquem um Chardonnay mais maduro e com passagem por madeira. Entre os rosados, optem pelos mais escuros, como os espanhóis feitos com a Garnacha, os italianos elaborados com Aglianico ou os sul-americanos obtidos a partir de Malbec, Merlot ou Syrah.

(Para a sobremesa, a dica de hoje, da Karina, é imperdível!)

Saúde e boas harmonizações!

Dica da Karina – Cave Nacional

Casa Marques Pereira Cachos Temporões – Licoroso tinto doce 2023

A Vinícola Casa Marques Pereira produz uvas viníferas desde 2004 e em 2015, passou a ter vinhedo próprio na cidade de Monte Belo do Sul, Rio Grande do Sul. O vinho Cachos Temporões safra 2023 é um licoroso fortificado com Brandy e amadurecido em barris de carvalho francês. Límpido, de coloração rubi brilhante e intensidade média, possui notas de mirtilo, ameixas, tabaco, groselha e cedro. Apresenta taninos leves, com textura fina, acidez e corpo médios e final adocicado. Harmoniza com macarons de frutas, queijo azul, cheesecake de chocolate, palha Italiana.

Para adquirir este vinho, clique no nome ou na foto. A Cave Nacional envia para todo o Brasil.

CRÉDITOS: Imagem de abertura obtida no Freepik

Vinho e peixe: qual a melhor harmonização?

A velha regra já dizia: para peixes (e outras carnes brancas) harmonize com vinho branco. Acho que já nascemos sabendo disto.

Não está necessariamente errada. Em linhas gerais, ela nos impede de cometer um dos pecados capitais da gastronomia, quando não escolhemos um vinho adequado e estragamos tudo …

Harmonizar vinho e comida não deveria ser complicado, mas a gastronomia é cheia de detalhes. Um simples ingrediente coadjuvante pode mudar tudo e alterar, de forma drástica, a escolha do vinho a ser degustado.

Outro fator que cria mais um grau de complexidade, neste nosso caso, é a múltipla variedade de peixes que habitualmente consumimos. Notem que cada tipo possui uma textura de sua carne, cor (salmão, atum), teor de gordura e intensidade de sabor, independente da forma de cocção.

Acho que já imaginaram: na outra face desta moeda, temos uma enorme diversidade de vinhos brancos. São diferentes castas, formas de vinificação, terroir de diversos países produtores e assim por diante.

Quase seria necessária uma enciclopédia para decifrar tudo isso.

Podemos simplificar.

Para começar, vamos deixar de fora deste texto os crustáceos e moluscos.

Usando exemplos bem conhecidos, vamos agrupar os peixes da seguinte forma:

– Linguado, Tilápia e assemelhados: carne magra, escamosa e sabores suaves;

– Truta, Bacalhau, Robalo Negro etc.: carne mais firme e texturada, sabores típicos;

– Salmão, Atum e outros: carnudos, com alguma gordura e sabores marcantes;

– Enchova, Sardinha, Arenque e Cavala: sabores muito pronunciados.

Examinando esta divisão, é possível intuir uma regrinha básica que vai harmonizar, diretamente, a delicadeza ou intensidade do sabor do prato com um vinho congênere.

Alguma atenção precisa ser dada à forma de preparo: peixes grelhados são diretos no nosso palato, enquanto os preparados com molhos, principalmente os à base de laticínios, mascaram os sabores característicos, pedindo um vinho com maior acidez.

Para o primeiro grupo, o vinho ideal seria um clássico italiano, o Pinot Grigio. Para os gourmets, que adoram explorar outras possibilidades, experimentem um Vermentino ou um Fiano. A dupla ibérica Alvarinho/Albariño é ótima opção. Enfrentam, galhardamente, alguns molhos mais encorpados.

Devemos considerar um Chablis, também. Mas um bom Chardonnay da Borgonha, com passagem por madeira, é perfeito para acompanhar o clássico “Linguado à Belle Meunière”.

No segundo grupo temos sempre que lembrar o mote dos queridos portugueses: “Bacalhau não é peixe. Bacalhau é Bacalhau!”

Lá na terrinha, com sua enorme variedade de vinhos, o que manda na escolha é 100% o preparo. Tintos, brancos e rosados são opções totalmente aceitas.

Em geral, estes peixes pedem vinhos mais encorpados, maduros e com alguma madeira. Brancos espanhóis, Chenin da França ou África do Sul, são típicos. Entre os exóticos, escolham vinhos da Alsácia como o Riesling, o Pinot Gris, com pouco açúcar residual ou o Gewurztraminer.

Ceviche, preparado com Robalo ou Garoupa, pede um Torrontés argentino ou Sauvignon Blanc chileno. Estes vinhos funcionam bem em outros preparos com molhos cítricos.

Para o grupo do Salmão e do Atum, os tintos leves como o Pinot Noir são a escolha ideal. Devem ser degustados bem frios. Entre os brancos, optem por similares aos do grupo anterior: Sauvigon Blanc do Chile ou Nova Zelândia, Chardonnay mais aromáticos, como os da Califórnia e Riesling germânico.

Outros tintos possíveis: Beaujolais (uva Gamay), Chinon e Dolcetto.

O último grupo, peixes de sabor marcante, sempre são servidos com preparos simples e diretos. Algumas vezes são pequenos bocados oferecidos como aperitivos. Os vinhos devem ter presença tão impactante quanto esta paleta de sabores, e sempre com boa acidez.

Destacam-se os Vinhos Verdes portugueses, o Sauvignon Blanc, o Verdejo e o exótico Txacoli do país Basco, lembrem dos Pintxos.

Outras opções contemplam os vinhos rosados ao estilo provençal (Provence) e um possível tinto, elaborado com a casta espanhola Mencia, da região de Bierzo, servido refrescado. Pode ser uma ótima surpresa.

Por último, o nosso eterno vinho coringa, um bom espumante, Brut, pode ser o par ideal para qualquer um dos grupos.

Saúde e boas harmonizações!

Dica da Karina – Cave Nacional

Valparaíso – Vitale Garganega

A Vinícola Valparaiso possui filosofia de oferecer vinhos, na sua forma mais natural e genuína, através de técnicas que permitem produzir uvas perfeitas e sadias. Um vinho produzido em conceito laranja, com leveduras selvagens, sem correções enológicas. Aroma floral onde se destacam também amêndoas, damasco e maçã vermelha. Denso e untuoso, com acidez expressiva. Muito gastronômico, permite diversas harmonizações, inclusive com pratos com maior teor de gordura, como o carré suíno, ou ainda, pratos leves como o suflê de cogumelos.

Para comprar este vinho, clique no nome ou na foto. A Cave Nacional envia para todo o Brasil.

CRÉDITOS:Fish on fire” por jaycross está licensiada sob CC BY 2.0.

Antes só do que mal acompanhado, ou não?

Tem gente que prefere provar um vinho num momento “solo”. Tem gente que precisa degustar assim para corretamente avaliar um vinho e escrever sua resenha. Tem gente que não abre mão de uma boa refeição para acompanhar um vinho.

Existem diversos subgrupos dentro destas linhas gerais descritas acima. Um dos mais curiosos é o da turma que sempre degustam vinhos com os mesmos acompanhamentos: “porque mudar se o time está ganhando”?

De certa forma, preferem não sair de sua zona de conforto, talvez influenciados por dois mitos muito arraigados, que fazem as cabeças de enófilos menos tarimbados: “vinhos devem sempre ser harmonizados” e “existem alimentos que nunca harmonizam com o vinho”.

Honestamente, estas duas regrinhas estão mais para “fake news” do que para “fato confirmado”.

Harmonizar vinho e alimentos não é uma ciência. Tudo se baseia e experimentações na linha do “erro e acerto”. São tantas combinações possíveis que é humanamente inviável provar todas elas. Algumas já estão consagradas, o que ajuda muito na hora de tomar uma decisão, mas há um longo caminho a percorrer, ainda.

Quem já passou por um bom Curso de Vinhos, em algum momento ouviu falar que certos alimentos são impossíveis de harmonizar ou de outros, que só combinam com um determinado vinho, por exemplo, chocolates com Vinho do Porto.

Aspargos, alcachofras e couve de Bruxelas são alguns vilões habituais. Apesar da negativa dos “especialistas” estes itens são perfeitamente passíveis de combinarem corretamente com vinhos, basta “sair da caixa” que limita, eternamente, nossas escolhas.

Um bom Grüner Veltliner, vinho clássico da Áustria, é perfeito com alcachofras.

Aspargos na manteiga? Combinem com um Chardonnay ao estilo californiano e suas notas láticas bem marcantes.

Vinhos brancos elaborados com a Viognier, uva típica do Vale do rio Ródano, é perfeita com a temida couve de Bruxelas, com repolho, couve-flor e outras verduras com tonalidades verde escuro.

Nada é impossível.

A ideia de combinar vinho e comida tem uma base muito forte: as tradições.

A mesa familiar nos principais países produtores como França, Itália, Portugal, Espanha e Alemanha, para citar alguns, sempre teve o vinho como mais um alimento presente. Decorre, deste fato, a mais simples regra de harmonização, aquela que liga o vinho à origem do alimento: culinária italiana, vinhos italianos; culinária francesa, vinhos franceses, e assim por diante.

O viés cultural é muito importante.

Por outro lado, até que ponto, nestes casos, estamos realmente apreciando o vinho?

Críticos ou Sommeliers, que dependem de uma correta avaliação de um vinho preferem fazer degustações “solo”. Alguns especialistas adotam uma prova em dois tempos: com e sem alimentos. Afirmam que conseguem fazer uma análise mais abrangente.

Há um outro lado nesta forma de apreciar um vinho que pode ser muito positiva para o enófilo do dia a dia: a praticidade.

Não há nada mais simples do que tirar a rolha de um belo vinho e apreciá-lo, no momento que bateu aquela vontade. Nada de pratos requintados, harmonizações complicadas e outros parâmetros desnecessários.

Apenas uma boa taça e um ambiente confortável que será ditado pela sua conveniência. Se tiver uma boa companhia, talvez seja a hora transformar este voo solitário em algo mais gregário.

Pensem nisto.

Saúde e bons vinhos!

Dica da Karina – Cave Nacional

Cherry Bomb Pinot Noir – 2022

Um vinho clarete da Garbo Enologia Criativa, um projeto de 3 enólogos brasileiros que buscam produzir vinhos fora do padrão convencional, como este aqui.

As uvas vêm de Monte Belo do Sul e dão origem a esse vinho que, como nome diz, é uma bomba de frutas silvestres, acidez marcante e uma linda cor cereja brilhante. Um vinho que acompanha pratos frescos e leves como ceviche, carpaccio, frutos do mar, mas pode também tranquilamente ser bebido gelado sozinho.

Para adquirir este vinho clique na foto ou no seu nome. A Cave Nacional envia para todo o Brasil

CRÉDITOS: Imagem de abertura por Freepik

Você sabe degustar um Vinho do Porto?

Acreditem, o inverno chegou neste atípico ano de 2024. Para os enófilos de países de clima tropical, como o Brasil, é sempre um motivo de grandes expectativas. Será que finalmente vai ter um friozinho para a gente poder degustar um vinho mais sério e encorpado?

Não podemos perder a esperança. Está na hora de fazer o inventário do que está em estoque e descobrir quais garrafas devem ser consumidas, sob pena de virarem um bom vinagre.

Devemos olhar, também, para os vinhos generosos que estão no nosso acervo. Certamente existe uma garrafa de Porto meio esquecida lá fundo da adega. Embora sejam vinhos longevos, que tal aproveitar um dia com temperaturas mais baixas e, finalmente, abrir esta preciosidade?

Para que esta experiência seja completa, precisamos, antes de tudo, conhecer um pouquinho sobre este famoso vinho. Depois, dependendo do que estiver em nossa mão, alguns ritos se fazem necessários.

Nas boas lojas do ramo vamos encontrar alguns tipos de Porto, o que pode causar dúvidas. O tradicional é o tinto, que pode ser vendido em quatro estilos. Há o branco, que pode ser seco ou suave e para fechar o quadro, existe um raro Porto rosado.

Cada um tem o seu momento, temperatura adequada, forma de servir e harmonização. Comecemos pelos tintos:

Porto Ruby – o mais jovem de todos. Um vinho mais frutado e bem alegre. Não é tão longevo quanto os demais;

Porto Tawny – sempre envelhecido em carvalho. O tempo de amadurecimento deve sempre aparecer no rótulo, 10, 20, 30 anos ou mais. Quanto mais velho, mais caro. Sabores característicos dos vinhos que passaram por madeira, como nozes, castanhas, e notas de caramelo;

Porto LBV – são vinhos de uma mesma safra que foram “deixados para trás” e engarrafados mais tarde. Muito tempo de amadurecimento. Geralmente são ótimas opções de compra dentro do critério “custo x benefício”;

Porto Vintage (safrados) – estes seriam os topos da gama, só elaborados nas grandes safras, que devem constar nos rótulos. Os melhores Portos sempre. Muito longevos, podem durar mais de 100 anos. São muito caros, ou seja, para poucos. Quem já provou um destes os descrevem como oníricos.

O Porto branco, que pode ser seco ou doce, funciona muito bem como aperitivo, podendo ser usado em coquetelaria.

O Porto rosado, uma novidade introduzida pela Croft em 2008, tem sabores muito frutados e delicados. Foi criado para atender um público mais jovem. Funciona muito bem como alternativa ao branco, na coquetelaria.

Estes vinhos devem ser servidos mais frescos. Aqui está uma tabelinha para facilitar a vida de todos. Podem gelar o Vinho do Porto se for necessário:

Brancos e rosados – entre 6º e 10º

Ruby, Tawny e LBV– entre 12º até 15º

Vintage – entre 16º e 18º

Existem taças específicas para o Porto, mas não são obrigatórias. São semelhantes às taças de degustação ISO, que lembram uma pequena tulipa. Uma boa taça, que seja bojuda e tenha a boca mais estreita, é perfeita para estes vinhos. Apreciar seus aromas únicos é um dos grandes prazeres.

Eventualmente podemos decantá-los, principalmente os Vintage, ou qualquer outro que já apresente borras no fundo da garrafa. Preferencialmente, decantem para uma bonita garrafa de cristal com boa tampa. Mesmo depois de abertos, os bons Portos ainda duram um bom tempo em condições e consumo. Mas não exagerem.

Na hora de harmonizar, há um amplo leque de opções. Os brancos vão muito bem com queijos de cabra, azeitonas, castanhas e assemelhados.

O Ruby é o famoso vinho que acompanha chocolates. Se forem com morangos, melhor!

O Tawny pode ser servido com pratos de carne de caça ou sobremesas pouco doces ou carameladas. Bem versátil.

O Vintage é um bom vinho de meditação. Pode ser acompanhado por queijos de sabor marcante.

O ritual de degustação é o padrão:

Observem as diferentes nuances das cores. Sintam os aromas que só este tipo de vinho pode proporcionar. No palato, goles pequenos, deixando o líquido passear por toda a boca. Vamos notar, de uma forma quase exclusiva, taninos, doçura, acidez e o corpo do vinho.

Um espetáculo!

Mas não exagerem. Vinhos do Porto são muito alcoólicos, na faixa de 18º até 25º. Qualquer exagero pode ser fatal…

Saúde e bons vinhos!

Dica da Karina – Cave Nacional:

Torcello Personalita Merlot, safra de 2020

Torcello, uma vinícola excepcional localizada no Vale dos Vinhedos, Bento Gonçalves que produz varietais e cortes de uvas típicas da Serra Gaúcha, assim como espumantes. Vinícola inaugurada em 2000 e cujos primeiros vinhos produzidos foram na safra de 2005. Recomendo não apenas os seus vinhos, mas também a visita para aqueles que estiverem no Vale dos Vinhedos.

Rápida passagem por barril de carvalho americano. Após amadurecido na garrafa, permanece armazenado em caves de envelhecimento.

Apresenta coloração violácea, vinoso no aroma lembra amora vermelha, baunilha e notas de frutas escuras.

Na boca mostra-se encorpado, taninos jovens maduros e boa persistência gustativa. Vinho encorpado, intensamente frutado, complexo e equilibrado. Seu paladar é rico, sedoso e de grande classe.

Para adquirir este vinho, clique no nome ou na foto. A Cave Nacional envia para todo o país.

CRÉDITOS – Imagem de abertura:

Color of port wine” por Topi Pigula está licenciada sob CC BY-SA 4.0.

Uvas tintas que todos devem conhecer e provar

Para dominar qualquer assunto, é preciso ter um conhecimento seguro, principalmente sobre as bases que constroem o tema a ser estudado.

Vinho sem uva não existe, pelo menos na forma como estamos habituados. No texto anterior, apresentamos algumas castas brancas que, na nossa opinião, são imprescindíveis para formar, em todos os aspectos, um especialista nesta bebida.

Mas isto só não basta. Vamos conhecer algumas uvas tintas que, da mesma forma, são indispensáveis. Continuam valendo as mesmas premissas: é a nossa opinião.

Dentro deste universo, as tintas sempre tiveram um destaque maior. Ninguém questiona a fama dos Châteaux bordaleses, dos Domaines da Borgonha, dos Barolos e Brunellos italianos, Riojas da Espanha e muitos outros.

Para uma maioria de apreciadores, qualquer destes nomes citados se traduz, naturalmente, em vinho tinto.

O primeiro grupo de uvas, a ser conhecido e apreciado, contêm algumas das que compõe o tradicional “corte bordalês”: Cabernet Sauvignon e Merlot.

São duas castas bem diferentes. Apesar de serem bem populares e fáceis de encontrar em vinificações monocasta, sua fama decorre do fabuloso corte originário de Bordeaux.

A Cabernet Sauvignon é a vinífera mais plantada no mundo. Está em todas as regiões vinícolas e produz vinhos deliciosos e capazes de traduzirem perfeitamente cada terroir onde são cultivadas. Provar e compreender as diferenças entre cada uma destas versões é o melhor treino que se conhece.

São vinhos com taninos presentes, escuros e com algumas características bem marcantes: aromas e sabores de frutas negras, especiarias, cedro e um pouco das pirazinas dos pimentões verdes. Tem grande capacidade de envelhecimento.

Perfeitos com carnes nobres e pratos de sabor intenso.

A Merlot é bem diferente, quase um camaleão. Também está plantada nas principais regiões produtoras de vinhos. Por ter uma personalidade menos flexível, algumas de suas características básicas de aromas e sabores são perfeitamente identificáveis mundo afora: cereja, ameixa, louro, baunilha, chocolate.

São vinhos mais macios que os Cabernet e igualmente capazes de envelhecer, se corretamente armazenados. Isto os tornam extremamente versáteis na hora de harmonizar: carnes de gado, ave, ovino, caprino e suíno; massa, inclusive pizza; pratos vegetarianos e muitos outros.

Um adágio bem popular diz: ”se não souber o que servir, escolha um Merlot”.

Alguns dos melhores tintos brasileiros são elaborados com esta varietal.

(as outras castas de Bordeaux são: Cabernet Franc, Malbec, Petit Verdot e Carménère.)

Pinot Noir – A grande casta da Borgonha é responsável por muitos dos mais caros e famosos vinhos deste planeta, entre eles, o icônico Domaine de la Romanée-Conti. Também está densamente plantada na região de Champagne onde, novamente, está presente na elaboração destes que são os mais deliciosos vinhos espumantes.

Uma casta diferente e totalmente temperamental. Muito complicada de cultivar e vinificar, mas com resultados espetaculares. Está no mesmo time de outras “prima donas” como a Nebbiolo e a Baga.

Por conta do seu “temperamento” não é uma casta que se adapte facilmente a qualquer terreno. Fora da França, vamos encontrar vinhedos importantes nos EUA, Chile, Alemanha, Nova Zelândia e Itália.

Seus vinhos são de coloração muito clara, quase um rosado, corpo leve a médio, mas com uma intensidade de aromas e sabores simplesmente incomparável. Uma sinfonia de framboesa, cereja, hibisco e baunilha.

Há quem os aprecie acima de tudo e há os que abominam este tipo de vinho. São o par perfeito para a carne de pato. Salmão é outra iguaria que harmoniza corretamente com este vinho. Em algumas preparações, até mesmo frutos do mar podem ser combinados com um Pinot.

Uma casta que deve ser conhecida e provada por qualquer um que queira saber tudo sobre vinhos. Este contraste com as outras uvas é fundamental para sedimentar conhecimentos.

Syrah ou Shiraz – A grande casta da região do rio Ródano, França, e amplamente difundida entre os produtores de vinho, inclusive na América do Sul.

Sempre foi um pouco esnobada por conta da sua origem não bordalesa. Com a ajuda de um grande crítico de vinhos, que passou a chancelar vinhos do Rhône com os famosos 100 pontos, foi reconhecida como uma uva “superstar”.

Brilha sozinha ou acompanhada por Grenache (Garnacha) e Mourvèdre formando o não menos importante “corte gsm”.

Seus vinhos são ricos e encorpados, variando ligeiramente conforme o terroir. Encontramos sempre aromas e sabores bem característicos: pimenta do reino, ameixa preta, mirtilo, chocolate ao leite e tabaco.

Harmonizam muito bem com pratos condimentados, comida indiana e carne de caprinos ao estilo árabe.

Esta é uma casta muito importante para a nossa vitivinicultura, foi a primeira a se adaptar à “dupla poda”, técnica desenvolvida no nosso país, que está sendo usada em outros lugares.

Já estamos produzindo alguns Syrah que se equivalem aos mais famosos Chilenos e Australianos.

Malbec – Embora seja uma das castas de Bordéus, foi no terroir Argentino de Mendoza onde se destacou e ganhou fama mais que merecida.

Na sua origem, era considerada uma casta coadjuvante, um “segundo time”, servindo, apenas, para complementar o famoso corte bordalês. Dizem que Malbec seria uma deturpação da expressão francesa “mal bec”, “bico errado” ou gosto ruim.

Seus vinhos são encorpados e ao mesmo tempo muito fáceis de beber. Aromas e sabores de framboesas, ameixa vermelha, baunilha, cacau e tabaco suave são características típicas do estilo mendocino.

Um vinho para carnes vermelhas e pratos suculentos. Também harmoniza com queijos de mofo azul e com sobremesas a base de chocolate amargo, 70% no mínimo.

Um bom caminho de aprendizado é provar o Malbec argentino e compará-lo com seu irmão francês da região de Cahors. São muito diferentes. Uma bela “aula” sobre terroir e métodos de vinificação.

Há mais uvas que poderemos escrever sobre elas em outra oportunidade. Para aqueles desejosos de saber e que já se diplomaram nesta primeira lista, aqui está uma relação a ser pesquisada:

Tempranillo; Touriga Nacional; Cabernet Franc, Carménère; Tannat, Primitivo/Zinfandel e Grenache/Garnacha.

Saúde e bons vinhos!

CRÉDITOS:

Imagem de grmarc no Freepik

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