Mês: dezembro 2020

EDIÇÃO EXTRA!

Desde o primeiro texto deste blog e por 8 anos seguidos, indiquei um bom vinho, semanalmente. Foi bem divertido e devo ter ajudado muito dos meus leitores. Ainda faço indicações, eventualmente.

Esta edição extra do O Boletim do Vinho é justamente sobre vinhos bons e baratos, mas não estão aqui, nem na foto de abertura, borrada intencionalmente.

Estão neste link: (se preferir, clique na foto)

Vinho Bom e Barato: 6 Rótulos de até R$100 Indicados por Sommeliers e Enófilos

Recebi um convite do site de recomendações, my best Brazil, para indicar um vinho, junto com outros 5 Sommeliers e Enófilos. Cada um selecionou um rótulo e fez uma pequena resenha.

Ficou ótimo, foram boas escolhas.

Não deixem de prestigiar a minha indicação e nem a dos meus parceiros nesta deliciosa aventura: Ana Flávia de Abreu, Cristiane Jardim, Jeriel da Costa, Rodrigo Sitta e Alexandre Santucci.

Feliz 2021!

Listas de fim de ano

São piores que promessas de campanha dos políticos: ninguém as cumpre. Como toda regra que se preza tem exceções, os “Livros de Ouro”, lista de contribuições em dinheiro, continuam populares nas nossas portarias, garantindo um 14º salário para os empregados.

Resolvi que na última matéria do ano eu vou escrever sobre as minhas listas, sejam elas de melhores ou piores vinhos, desejos, esperanças e o que mais me vier a cabeça.

Começo pelos vinhos.

O melhor vinho degustado nesse maluco ano de 2020 foi:

Quinta da Ervideira Invisível 2017, um Blanc de Noirs elaborado com a casta Aragonez. Foi degustado antes da pandemia, lá no mês de fevereiro.

Seu contraponto, o pior vinho degustado, foi o Chiroubles 2015 do Domaine Marcel Joubert. É um Cru de Beaujolais, uva Gamay, vinificado por métodos naturais. Não caiu no meu gosto.

As Confrarias

Todas encolheram. Só me recordo de um encontro, no início do ano. O meu grupo principal, a Diretoria, é composto por amigos que estão no grupo de risco, eu inclusive. Ninguém quis se arriscar muito. Somente a partir de outubro aconteceram pequenos encontros, em restaurantes ao ar livre, com no máximo 3 confrades.

Fica o primeiro desejo: que no próximo ano as reuniões sejam mais frequentes para compensar o ano perdido.

Eventos de Degustação

Foram substituídos por “lives” ou degustações virtuais. Nova modalidade onde você fica vendo os outros beberem enquanto chupa o dedo ou paga um rio de dinheiro para ter os mesmos vinhos na sua frente.

Um belo desperdício.

Optei por assistir algumas master classes no Youtube. Consegui não dormir em 1 ou duas, e só. Chaaaaato…

Espero que essa modalidade desapareça naturalmente.

Compras e consumo pessoal

Honestamente, ficou bem mais fácil comprar vinhos durante essa epidemia. Empresas que nunca se preocuparam em vender pela Internet rapidamente se organizaram e colocaram seus portfólios a disposição de todos.

Muitas boas ofertas de lotes de vinhos, o que permitiu organizar compras em grupos, com vantagens para todos.

Meu desejo: que não voltem atrás encerrando as lojas virtuais e nem sobretaxem compras pela rede como anseia um determinado “ministro”.

Mais um desejo: que o vinho seja enquadrado e taxado como alimento e não como artigo de luxo.

Considerações finais

Este foi um ano complexo em vários aspectos. Há muitas lições a serem aprendidas por todos nós. Ficou evidente que a falta de cultura geral, por parte da grande maioria da nossa população, tem causado os maiores danos ao nosso país.

Resumo numa simples frase: Perdemos a capacidade de ter senso crítico!

Preferimos acreditar em redes sociais, em vez de ler, compreender, filtrar e avaliar o que é publicado na imprensa, TV ou rádio, seja nacional ou internacional.

Ninguém verifica mais nada, esta é a nossa verdade.

Por exemplo: recebemos um áudio de alguém que se intitula Dr. Fulano de Tal, de um conhecido Hospital, afirmando barbaridades como “se vc tomar vacina vai ter seu DNA modificado” e todo mundo não só acredita como repassa a mensagem como urgente.

Se você foi um destes, esta mensagem era fajuta…

Meus desejos finais para os próximos anos:

Não acreditem em falsos mitos, profetas, ídolos e assemelhados.

Chequem e rechequem os fatos antes de encaminhar mensagens sensacionalistas.

Deem valor ao seu voto, nas próximas eleições, principalmente os meus conterrâneos cariocas.

Feliz Natal e um ótimo 2021!

Esta coluna entra em recesso de fim de ano.

Créditos:

Foto de abertura: Foto de Hide Obara para StockSnap

Foto de encerramento: Imagem de OpenClipart-Vectors por Pixabay 

Wine Spectator TOP 100 2020

Chegou a lista mais esperada do ano pelos “Enófilos de carteirinha” e outros aficionados, a relação dos 100 melhores vinhos deste complicado ano de 2020, escolhidos pela equipe especializada da revista Wine Spectator.

Para começar, apresentamos os 10 melhores:

Um excelente e tradicional tinto espanhol encabeça a lista. Elaborado a partir das castas Tempranillo e Mazuelo. Recebe o título de “Vinho do Ano”. Bela escolha. Está à venda no Brasil, em outras safras.

Um Chardonnay norte-americano é o único branco desta relação de TOP 10, assim como o Champagne Bollinger La Grande Année, que representa a categoria de espumantes.

Um vinho argentino, o Piedra Negra Los Chacayes, poderia ser visto como o estranho no ninho. Nada disso! Já há algum tempo temos alertado para a excelente qualidade dos vinhos produzidos no nosso vizinho e eterno rival futebolístico. Estão melhores a cada dia e não se resumem mais só aos Malbec. Cabernet Franc, Cabernet Sauvignon e Chardonnay, daquelas terras, não devem nada a nenhum outro.

A lista completa pode ser consultada neste link, em inglês:

https://top100.winespectator.com/lists/

A publicação oficial da revista será no último dia do ano.

Alguns dados curiosos.

Distribuição por países:

Distribuição por tipo de vinho:

O vinhos americanos, franceses e italianos dominaram as indicações. O Cone Sul foi agraciado com 7 indicações, entre Argentina (4), Chile (2) e Uruguai (1), por sinal, um ótimo Tannat, outra casta vista como difícil na Europa e que se adaptou muito bem por aqui.

Uma surpresa foi a pouca presença dos vinhos portugueses, sempre muito fortes em edições anteriores desta publicação. Simplesmente nenhum dos seus famosos vinhos generosos entrou na lista. Coube ao bom Wine & Soul Pintas, um tinto duriense, representar a terrinha, assim mesmo lá na posição 87.

Saúde e bons vinhos!

Sugestões para o Natal

Já está na hora de pensarmos nos nossos presentes de Natal. Com o intuito de ajudar a decidir, apresentamos uma seleção de mimos que seriam de nosso agrado. Focamos no aspecto prático, objetos que possam ser usados no dia a dia do Enófilo e que possam trazer boas recordações para quem for agraciado.

Há um pouco de tudo, inclusive alguns objetos de desejo que, se o orçamento não for apertado, podem ser uma boa oportunidade de ampliar o próprio acervo.

A primeira sugestão são livros.

Infelizmente a literatura em língua portuguesa não anda extensa. Duas boas novidades chegaram neste fim de ano:

– As novas regras do vinho: um guia útil… de Jon Bonne, editora: Companhia de Mesa

O mote desse livro é assim: “Às vezes nada é mais prazeroso do que uma taça de vinho. Então por que selecionar uma garrafa precisa ser tão estressante”?

– Gente, lugares e vinhos do brasil, de Rogerio Dardeau, editora: Mauad

Dardeau é incansável e apaixonado pelo vinho brasileiro.

Acessórios são as próximas sugestões. Começamos pelos sacarrolhas. Os modelos Garçon ou Sommelier são os preferidos dos profissionais. Existem diversas marcas no mercado. A melhor pedida é escolher um de boa qualidade para que seja usado e abusado, como este da Le Creuset, francesa.

– Saca rolhas Garçom Le Creuset preto – 1287

Outro tipo de saca rolhas extremamente útil é o de lâminas paralelas, perfeito para abrir vinhos de guarda sem destruir a rolha. Pode ser usado em qualquer tipo de garrafa.

– Saca Rolhas Aço Rabbit Inox

Outro gadget muito útil é um aerador. Existe grande número de modelos à disposição no nosso mercado. Acreditamos que o tipo projetado para ser adaptado ao bocal da garrafa é a melhor escolha, como este aqui:

Por fim os “objetos de desejo”. Escolhemos, dentro do critério já mencionado, dois deles. Fazemos uma ressalva: são caros e um deles é muito específico para aqueles que degustam vinho regularmente.

– Coravin – sistema de preservação e degustação de vinhos.

Uma inovadora tecnologia que permite, com toda a segurança, servir um vinho sem desarrolhar. Para evitar uma possível oxidação da bebida, uma dose de gás inerte, Argônio, é injetada na garrafa para ocupar o volume servido. Sonho de consumo para muitos.

– Adega Climatizada

Imprescindível para quem deseja montar uma adega completa. Prefiram as marcas nacionais, para garantir assistência técnica sem problemas. Este é o típico autopresente.

Por último, uma dica simples que quase sempre é esquecida.

Quando usada faz enorme sucesso: presenteie com uma garrafa Magnum!

Quase todas as boas importadoras dispõem destas garrafa que valem por duas. Aproveitem e inovem na escolha do vinho, fugindo das opções de sempre. Eis uma sugestão bem diferente:

Um Pinot do Uruguai vinificado em rosado pela excelente vinícola Garzon. Perfeito para o nosso verão.

Saúde e bons vinhos e boas compras!

Créditos: foto de abertura criada por Racool_studio para Freepik

Demais fotos obtidas nos sites de fabricantes e/ou importadores.

Sites consultados: Livraria da Travessa, Amazon Brasil, Americanas, Mistral, Vinci, Zahill, Grand Cru e World Wine.

IMPORTANTE:

– Não temos nenhuma relação comercial com esses fornecedores. As indicações não implicam em nenhum tipo de comissionamento de nossa parte. Façam suas compras onde encontrarem as melhores condições.

Prosecco Rosé e outras novidades

Chega o fim de ano e o tema espumantes pula para o primeiro lugar na lista de desejos e compras prioritárias, mesmo em tempos de pandemia. Seja para consumo ou presentear, as borbulhas numa taça são a perfeita representação dos nossos melhores sonhos e esperanças. Uma marca poderosa que exprime, verdadeiramente, aquele “tudo de bom para vocês”.

O nosso país é rico na produção de espumantes, já reconhecidos internacionalmente e muito apreciados nacionalmente. Champagne, por aqui, sempre foi mais um símbolo de status, principalmente por seu custo proibitivo. As boas Cavas nunca chegaram a ser sucesso ficando em um nicho quase exclusivo. Já o italianíssimo Prosecco caiu no gosto dos brasileiros, se tornando um dos espumantes mais populares e vendidos no comércio, onipresente em qualquer mercadinho.

Depois de uma dura batalha para obter a reserva da denominação Prosecco e da delimitação das áreas de produção, além da recuperação do nome original da casta, Glera, os produtores partiram para a inovação criando um corte com Pinot Nero (10% a 15%), obtendo um novo Prosecco com uma elegante cor rosada. Elaborado apenas nos estilos Brut Nature e Extra Dry.

Após muitas discussões, as autoridades italianas regulamentaram e permitiram a produção e exportação desta novidade em maio de 2020. O mercado foi rapidamente invadido por estes coloridos espumantes que já estão sendo imitados por nossos produtores e de outros países.

Uma boa pedida para os nosso quente verão. Muito refrescante e frutado é uma ótima alternativa para tornar nossas comemorações, presenciais ou virtuais, muito mais rosadas.

Há mais novidades neste segmento do mundo dos vinhos.

Enquanto o novo Prosecco Rosé é elaborado em duas opções, apenas, no resto do mundo as vinícolas estão ampliando as opções de estilos e de castas utilizadas. Isso acaba por confundir o consumidor que já estava habituado aos Brut e Demi-sec, de sempre.

Listamos e explicamos algumas dessas novas possibilidades:

Extra Brut – a taxa de açúcar residual é ainda menor que no Brut: de 0 a 6 gramas por litro. Muito seco;

Brut Nature – não recebe nenhuma adição de açúcar na sua elaboração, técnica empregada para estimular a segunda fermentação. A expressão Zero Dosage é similar, embora alguns críticos lembrem que sempre haverá açúcar residual, ou seja, nunca será zero;

Sur Lie – amadureceu sobre as borras de fermentação. Esta técnica permite que o vinho ganhe mais corpo e complexidade. Pode ser definido como um “espumante raiz”. Alguns produtores o engarrafam com estas borras e o consumidor decide quando vai consumir. Para apreciadores.

Safrado, Vintage ou Millesimé – vinificações muito especiais com safra declarada. A maioria dos espumantes não são safrados. Quando um produtor declara o ano da colheita pressupõe um produto de alta qualidade.

Blanc de Blancs e Blanc de Noirs – embora sejam classificações mais antigas, informando que o espumante foi elaborado só com uvas brancas ou só com uvas tintas, parece que se tornou um trend bem atual, principalmente o Blanc de Noirs. Castas como Tempranillo, Merlot, e Cabernet Franc, têm sido utilizadas na produção de vinhos brancos, espumantes e tranquilos, com enorme sucesso.

Saúde e bons espumantes!

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