Sommelier, Consultor, Wine Writer ou um Enófilo dedicado, todos recebem a mesma questão quando se aproximam as comemorações de fim de ano:
Que vinho eu sirvo?
Não existe uma resposta, mas várias. São tantos detalhes envolvidos que é quase uma missão impossível cravar este ou aquele vinho como a melhor escolha. A condição ideal seria ter mais de uma opção, pelo menos um vinho de sobremesa para harmonizar com rabanadas e tortas ao final da refeição.
Historicamente, seguimos as tradições portuguesas. Bacalhau é quase que obrigatório, mesmo que o preço ande nas alturas. O peru há muito tempo foi substituído pelo Chester. Presunto tender é outra presença habitual, servido com rodelas de abacaxi em conserva, pelo menos. Casas mais modernas optam por receitas mais sofisticadas onde camarão, polvo e outras delícias do mar são os protagonistas.
Algumas ideias.
Uma das soluções é servir um bom espumante do começo ao fim. Funcionam como verdadeiros coringas. Por conta de sua boa acidez, são capazes de harmonizar até com carnes defumadas, o que não é exatamente um cardápio natalino. Na hora das sobremesas abram um espumante de Moscatel. Os produzidos no Brasil são considerados os melhores do mundo.
Bacalhau pode ser acompanhado com um tinto ou um branco, tudo vai depender da receita e do grau de harmonização desejado. Aposta certa são os Vinhos Verdes de boa qualidade. Alvarinho, Loureiro, Trajadura e a tinta Vinhão (Souzão) são escolhas seguras. Bebem-se frios, gelados.
Se o prato principal for camarão, os brancos já citados também podem ser servidos. A essa relação podem ser acrescidos os famosos Sauvignon Blanc sul-americanos, são perfeitos.
Polvo assado ou grelhado pode ser harmonizado com um tinto de boa cepa, como um Malbec argentino. Na gama de brancos, acrescentem o Chardonnay e o Semillon, só para ficar nas castas habituais.
O tender casa bem com um tinto mais leve como um bom Merlot. Os produzidos aqui, no Vale dos Vinhedos, tem ótima relação custo x benefício. Se quiserem ousar, sirvam um Gewürztraminer ou um Viognier.
A macias e brancas carnes, do peru ou do frango, combinam bem com brancos de personalidade e acidez média: Chenin Blanc sul africano ou o versátil Chardonnay são boas opções. Entre os tintos, prefiram os de corpo médio, o já citado Merlot, um Garnacha ou um Sangiovese. Vinhos rosados, uma tendência em todo o mundo, completam esta lista.
No capítulo das sobremesas as possibilidades se multiplicam.
Para as Rabanadas é só preparar a famosa calda de Vinho do Porto (*). Vinhos de sobremesa começam nos bons colheitas tardias brasileiros, argentinos, chilenos e uruguaios, como o famoso Licor de Tannat. Passam pelo Moscatel de Setúbal, encontram os Sauternes bordaleses e chegam na Itália, seja na siciliana ilha de Pantelleria com seus Passitos ou na Toscana e seu Vin Santo.
Recomendações finais
Não é a hora de economizar na bebida. Procurem nas boas lojas e mercados, produtores como Valduga, Ponto Nero, Salton, Chandon, Alma Única, Perrini e muitos outros.
Se a opção for por vinhos importados, os elaborados em Portugal, Itália, França, Argentina e Chile são os mais comuns em nosso mercado. Há mais opções, tudo depende do orçamento de cada um.
Nas lojas especializadas, não hesitem em pedir ajuda.
Saúde, bons vinhos e boas festas!
— Estaremos de recesso até Janeiro de 2022.—
Foto de abertura: “Natal” criado por Timolina para Freepik
(*) Calda de Vinho do Porto para as Rabanadas
Ingredientes:
500 g de açúcar
300 ml de água
Casca de uma laranja
1/2 cálice de vinho do Porto
Preparo:
Misture o açúcar e a água com a casca de laranja. Leve ao fogo e ferva por uns 3 minutos. Acrescente o vinho do Porto, espere ferver até o ponto de fio fino. Espere esfriar.
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