
Existe uma boa razão para abordarmos os vários aspectos sugeridos no título acima. Está ficando muito complicado administrar todas estas “proibições” criadas a partir de diversas descobertas, científicas ou não, mas que para as antigas gerações começam a não fazer nenhum sentido.
Cito um exemplo, mesmo sabendo que vão alegar “1001” razões que comprovam que estamos errados: o tal leite sem lactose.
Para quem não sabe, o leite materno “tem lactose” …
Tem outros, a relação é longa. Vamos apelidá-los de “sem, sem”: sem gosto e sem graça.
Em seguida, entram em cena as novas “religiões”, assim mesmo, entre aspas, que pregam uma vida ascética. A lista do que não se deve fazer é centenas de vezes maior do que a das coisas permitidas, encabeçada por “pagar o dízimo”.
Estas novas influências conquistaram, definitivamente, as cabeças das mais novas gerações, criando estranhos paradoxos, um deles se refere ao consumo de álcool. A venda de vinhos teve uma extraordinária queda nos últimos anos.
A resposta dos produtores foi de glamorizar, ainda mais, esta bebida, criando uma classe premium, só para quem tem alto poder aquisitivo.
Um total contrassenso: se já não estão vendendo vinho como antes, não há razão para aumentar o preço dele. Ao contrário, deveriam barateá-lo e simplificar a nossa relação com esta importante bebida.
Quase como uma vingança, surgem as bebidas sem álcool, inclusive vinhos.
Será que podemos chamar esta preparação de vinho?
Os produtores dizem que sim, afinal, é feita uma fermentação alcoólica e, posteriormente, processada para que o álcool seja removido. Existem vários métodos.
Neste caso, o vinho se torna um “ultraprocessado”, coisa que também é alvo de várias restrições. Vai entender!
O principal paradoxo acontece quando esta turma, que não quer degustar nem cerveja com álcool, se inebria com maravilhosos coquetéis elaborados com Gin (50% teor alcoólico), Tequila (55%) ou Mezcal (55%).
Fica a sensação de que o real problema é o baixo teor da Cerveja (5%) ou do vinho (12%).
Ou então, tudo não passa de uma grande hipocrisia, o que justificaria, plenamente, estes movimentos de “neo temperança”.
“Live and let die” é uma curiosa expressão da língua inglesa, que já foi usada como título de livros, músicas e filmes.
Seu significado, um tanto enigmático, sugere que devemos continuar vivendo a nossa vida, mesmo quando o nosso entorno comete erros fatais.
Grosso modo, equivale ao brasileiríssimo “que se danem”.
Nada contra quem prefere os “sem, sem”. Mas por favor, arranjem outros nomes para pão sem, leite sem, café sem, cerveja sem e vinho sem.
Nós não vamos trafegar na contramão. Continuaremos apreciando nossos vinhos, com álcool e preços justos, cheios de aromas, sabores, taninos, acidez e corpo, como devem ser.
Para os demais, “Live and let die”.
Saúde, bons vinhos!
Dica da Karina – Cave Nacional

O Avvocato nasceu em 2013 da paixão por vinhos do advogado carioca Ralph Hage e sua amizade com a família da vinícola Viapiana, situada na Serra Gaúcha. Em 2017 foram lançadas as primeiras garrafas da parceria. Em 2022, Ralph adquire vinhedos e inicia a construção de sua sede, em Monte Belo do Sul – RS.
O Avvocate Espumante Sur Lie é produzido com 75% Vermentino e 25% Chardonnay Nature Sur Lie, com 12 meses de autólise na garrafa. O Sur Lie é um espumante que não passou pelo processo de degorgement, ou seja, continua com as leveduras dentro da garrafa mesmo após o término da segunda fermentação.
Possui coloração amarelo palha, média intensidade, perlage fina e persistente, levemente velado pelo Sur Lie. Nariz intenso e delicado, com notas de levedo e frutas secas, além de toques de ervas finas e frutas tropicais de polpa branca. Em boca é equilibrado, cremoso, acidez equilibrada, persistente e retrogosto longo e frutado.
A Cave Nacional envia para todo o Brasil.
CRÉDITOS: Imagem de kues1 no Freepik
Parabéns. Concordo integralmente com o artigo de sua autoria. MEU ÍDOLO.