
Em algum momento da história dos vinhos, jarras ou garrafas decantadoras foram acessórios considerados essenciais.
Naquele tempo, os vinhos não eram tão límpidos, como hoje, e sua elaboração ainda era bastante artesanal. O produto, quase sempre, tinha muitos sólidos em suspensão o que poderia ser facilmente notado pela sua cor turva e quase opaca.
Antes de degustar, vertia-se o conteúdo da garrafa num destes curiosos recipientes e se aguardava, pacientemente, algumas horas, muitas vezes alguns dias, até que um espesso depósito acumulasse no fundo do decantador. Só então estaria pronto para ser servido.

Decantadores nunca saíram de moda. Ainda é um dos presentes de casamento mais comuns. Para nosso espanto, quem não sabe a real finalidade deste objeto, acaba usando como vaso de flores, colocado no centro da mesa de jantar.
Usar corretamente um decantador não é nenhum mistério, mas tem suas pegadinhas. O líquido deve ser vertido, lentamente, sempre contra uma das paredes do vaso, observando-se atentamente quando começam a surgir os primeiros indícios de resíduos sólidos. É o momento de parar, deixando o decantador em repouso.
Modernamente, poucos vinhos necessitam passar por esta operação. Os processos de elaboração atuais incluem diversas etapas de filtração e estabilização do vinho, minimizando qualquer outro tipo de ação posterior. Excetuam-se os vinhos envelhecidos, com borras perceptíveis no fundo da garrafa.
Embora seja uma ação de muita elegância e charme, os enófilos mais experientes sabem que um efeito semelhante pode ser obtido apenas deixando a garrafa em repouso, na posição vertical, depois de aberta. Exigirá um pouco mais de atenção ao servir, evitando que resíduos caiam nas taças.
Um decantador tem uma importante função secundária, que passa despercebida por uma maioria de apreciadores desta deliciosa bebida: aerar o vinho!
Devido à sua curiosa forma bojuda, a superfície do vinho que fica exposta ao ar é bem maior, facilitando a incorporação de oxigênio. Alguns profissionais, muito habilidosos, conseguem fazer um suave movimento de oscilação da jarra decantadora, sem alterar o depósito de sólidos ao fundo.
Como alternativa, já existem à venda inúmeros tipos de “aeradores”, que são colocados no gargalo da garrafa. Funcionam perfeitamente.
Para os aficionados mais requintados, principalmente quando vão servir um grande vinho, por exemplo, um renomado bordalês ou um clássico Barolo, é preciso que seja servido a partir da mítica garrafa, com o rótulo bem destacado. Faz parte do “mis en scène”.
A solução para este dilema é uma operação denominada “Dupla decantação”: consiste em devolver o vinho, já decantado, de volta para a sua garrafa de origem, com o auxílio de um especial funil que contêm uma fina malha para reter mais sólidos suspensos.

Uma questão que sempre gera debates é: Quais vinhos devem ser decantados?
Seguramente, tintos e brancos envelhecidos devem ser decantados. Além destes, devemos decantar qualquer vinho que, na primeira prova, esteja muito fechado, não demonstrando todo seu potencial. Neste caso, o decantador funcionará como um aerador.
Por fim, há um tipo de vinho que nunca deve ser decantado: os espumantes.
Saúde e bons vinhos!
Dica da Karina – Cave NacionalSOZO – Sangiovese Clarete 2023

Sozo é um projeto familiar que possui vinhedos próprios na região de Campos de Cima da Serra, RS. Campos de Cima da Serra possui espetacular terroir, a 980m de altitude, em solo basáltico e contanto com alta amplitude térmica.
O Sozo Sangiovese Clarete é vinicifado com 80% Sangiovese e 20% Chardonnay, sendo que uma parcela do vinho Sangiovese teve breve passagem de 3 meses por carvalho francês. Primeiro projeto colaborativo entre as Vinícolas SOZO e Don Affonso: um Clarete de Sangiovese da safra 2023, elaborado com uvas proveniente dos vinhedos da Família Sozo, nos Campos de Cima da Serra.
Um vinho de coloração vermelho granada. Aroma elegante e complexo, remetendo a cereja, framboesa, rosas e com leve nota de carvalho. Apresenta acidez equilibrada, taninos macios e bem integrados, bom volume de boca e ótima persistência aromática.
CRÉDITOS: Imagem de abertura por Freepik
Excelente e esclarecedora matéria!
Agradeço seu comentário.
Grande abraço