
Safra ou vindima é o período em que as uvas, destinadas a produção de vinhos, são colhidas. Cada um destes termos tem uma origem.
Safra talvez venha do árabe “safaria”, que significa “tempo da colheita”. Esta definição não é aceita por todos.
Vindima vem do Latim “vindemia”, palavra formada pela junção de “vinum” mais “demere” (remover), passando o sentido de colher.
O primeiro registro conhecido desta palavra está num dicionário, da língua inglesa, datado de 1450, onde está registrada a palavra “vintage”, definida como “colheita da vinha”.
A partir de 1746, estes termos passaram a significar, por extensão, o ano em que o vinho foi produzido. Mas isto nem sempre é verdadeiro.
Como qualquer outro produto de origem vegetal, a uva está sujeita a diversos fatores climáticos que impactam, diretamente, na sua qualidade. Para a produção de vinhos, algumas características devem estar dentro de rígidos parâmetros, senão o produto não terá um mínimo de qualidade aceitável.
Os principais fatores são o teor de açúcar, combustível da fermentação, e o grau de acidez, que pode ser visto como um indicador da longevidade. Mudam a cada ano.
Fácil perceber que alguns anos são melhores que outros. Há ocasiões tão difíceis, que algumas vinícolas deixam de produzir seu melhores vinhos. Em outros anos, a colheita é tão espetacular que acaba sendo motivo de marketing, com rótulos alusivos, como a fabulosas safra de 2020, no Brasil.
Um olhar treinado vai perceber mais coisas além deste selo que traduziria qualidade, o que nem sempre é correto.
Existem vinhos que não são safrados, alguns muito famosos.
Por exemplo, temos vinhos que precisam que suas uvas sejam passificadas, num processo que dura, geralmente, 120 dias. Só, então, são prensadas e fermentadas. Caso a colheita seja em setembro ou outubro, a vinificação ocorrerá no ano seguinte ao da safra. Mas a indicação, no rótulo, manterá o ano da colheita.
A melhor interpretação que se pode dar ao indicador da safra é saber a idade do vinho que estamos degustando. Quando estão muito jovens, podem não ser a melhor escolha para consumo imediato. Neste caso, o ideal é escolher vinhos que são elaborados com este propósito, como o celebrado Beaujolais Noveau.
Vinhos muito velhos, embora possam apresentar aromas e sabores extraordinários, nem sempre correspondem ao esperado. Um vinho, mesmo longevo, se mal armazenado, vira vinagre em algum momento.
Cada varietal ou corte, dependendo de sua origem, tem ciclo de vida estimado, o que significa que, fora deste parâmetro, podem não estar em condições de consumo.
Brancos duram até 5 anos, tintos ficam na faixa dos 10 anos e vinhos longevos podem durar mais de 10 ou 20 anos desde que respeitadas as condições ideais de guarda.
Para saber mais, é necessário consultar uma tabela de safras. No link, a seguir, está a boa tabela elaborada pela Importadora Mistral:
Há muita informação neste arquivo. Dediquem algum tempo no estudo dele, observando, inclusive, a quantidade de anos que estão contemplados. É uma importante informação, principalmente para aqueles que desejam colecionar vinhos.
Entre os vinhos não safrados, dois se destacam, mas não são os únicos: o Vinho do Porto e o Champagne.
Existe Porto e Champagne safrados. São raros e muito caros. Quem já provou atesta a qualidade destes vinhos.
No caso do vinho do Porto, a identificação da safra é tão importante que ela deve ser declarada, primeiro pelo produtor e depois atestada pelo poderoso Instituto dos Vinhos do Douro e Porto. Só assim pode ser estampada no rótulo.
Num texto anterior a este, quando abordamos os Vinhos de Corte, lembramos que determinadas legislações aceitam uma percentagem de outros vinhos na composição de um vinho varietal, com o intuído de corrigir alguns aspectos, sem que isto o descaracterize.
O mesmo tipo de correção é permitido na safra: vinhos de outras vinificações podem ser adicionados, respeitando limites conhecidos. Por exemplo, no vizinho Chile, bastam 75% da safra. Na Europa, este mínimo sobe para 85%.
Agora que sabemos a importância da Safra, desejamos bons vinhos e boa Páscoa.
Saúde!
Dica da Karina – Cave Nacional

Somacal – Peverella Laranja 2023
A família Somacal possui origem italiana, vinhateiros desde 1925, sempre trabalhando com o cultivo de uvas e elaboração de vinhos na Serra Gaúcha. Desde 1958 a família cultiva as terras onde hoje se encontra a Vinícola, em Monte Belo do Sul. A empresa, atualmente, é gerida pelo casal Diego e Graziela, ele neto do fundador.
O Somacal Peverella Laranja possui maceração de 14 dias e longo estágio sobre as borras finas das leveduras. Não é filtrado para maior preservação de aromas. Apresenta coloração palha dourado e intenso, com nariz de frutas amarelas, cítricas, flores brancas e mel. Estruturado, com boa acidez, corpo médio e taninos elegantes. Com bom volume de boca e boa persistência em um fundo mineral discreto.
A Cave Nacional envia para todo o Brasil.
CRÉDITOS: Imagem gerada por IA no Freepik
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