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Testamos e Aprovamos

Encontrar um parceiro de qualidade para ofertar vinhos aos nossos leitores não é uma tarefa corriqueira, além de ser uma grande responsabilidade para o autor. Qualquer deslize e estamos fritos!

Por esta razão, reunimos o nosso painel de degustadores especializados para testar dois vinhos oriundos das ofertas da semana do Vinho Site e de seu Clube do Vinho:

– Vega Sindoa Temparnillo 2014

– Torreón de Paredes Reserva Carménère 2013

Os degustadores convidados para este evento foram o Prof. G, nosso Sommelier predileto, capaz de fazer a ficha analítica de um vinho em poucos segundos, e o Sr. B, um dos mais respeitáveis analistas de relações como custo x benefício e produtor x consumidor. Sua opinião define, com exatidão, as escolhas de um enófilo que consome vinhos diariamente.

Por razões óbvias são apresentados de forma anônima para evitar o assédio ou cooptação por parte de produtores e/ou distribuidores inescrupulosos que buscam, por meios sabidamente inadequados, obter o nosso apoio.

Coube a mim comentar os aspectos relacionados com a elaboração destes vinhos e, claro, moderar algum embate no grupo, o que não aconteceu devido à grande qualidade do que foi degustado.

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A escolha do local também exigiu algum empenho. Optamos pela excelente Trattoria Pici, localizada na Praça N. Sra. Da Paz, em Ipanema, que nos acolheu de braços abertos e com um menu perfeito para o que pretendíamos: gnocchi. Era dia 29/09 e gostamos de respeitar tradições.

Pontualmente às 12:30 já estávamos, eu e o Sr. B, acomodados numa mesa enquanto aguardávamos a chegada do Prof. G, declaradamente atrasado. Para iniciar os trabalhos encomendamos uma porção de Arancinis, bolinhos de risoto com queijo, e abrimos, aleatoriamente, o Vega Sindoa Tempranillo 2014, decisão que se mostraria correta mais tarde.

Este espanhol, da região de Navarra, Vale de Valdizarbe, é um dos melhores representantes do esforço que produtores estão conduzindo para restabelecer a qualidade dos vinhos deste Vale centenário, após muitos anos de descaso em virtude de variações climáticas extremas e consequente preço da uva muito desvalorizado.

Coube ao Sr. B a primeira prova. A reação, típica de um consumidor feliz com a sua compra, não poderia ser outra: “Ótimo vinho, vou comprar mais!”.

Comecei avaliando sua coloração: rubi bem brilhante, como devem ser os vinhos mais novos como este, safra 2014. Boa paleta de aromas, tipicamente frutas vermelhas e um pouco de Alcaçuz. Corpo médio, redondo e fácil de beber. Excelente permanência em boca o que, no meu entendimento, demonstra o cuidado na vinificação, obtendo-se um produto que se coloca num patamar acima dos concorrentes em sua faixa de preço.

Estávamos disputando o último bolinho da porção servida quando chega o Prof. G que, após as desculpas protocolares, provou vinho, o Arancini e, com ares de aprovação, teceu seus comentários:

“Cor Rubi intenso com reflexos violáceos. O brilho denota boa acidez o que é comprovado no palato. A lágrimas refletem o teor alcoólico, mostrando um vinho equilibrado, macio, estruturado com taninos suaves. Muito agradável de beber”.

Já era a hora de encomendar o prato principal. Não foi combinado previamente, mas todos optamos pela sugestão do dia, entrada, prato principal e sobremesa, por um convidativo preço único.

Foi servida a entrada, uma fresca e bem temperada salada verde, que combinou perfeitamente com a boa acidez do Vega Sindoa, mas eram as últimas 3 taças. Hora de abrir o segundo vinho.

O Carménère Torreón de Paredes é um vinho bem diferente do 1º. Coube a mim a prova inicial.

Esta casta, considerada a mais icônica do Chile, produz vinhos com características bem típicas, não importando muito o terroir ou métodos de vinificação: aromas e sabores terrosos e de especiarias, tipicamente pimentão verde.

Isto demonstra a forte personalidade desta uva, e o quão difícil é obter um vinho varietal que se destaque.

Não havia nada de errado com o Torreón, mas precisei de uns instantes para readaptar o meu paladar para este vinho mais sério. A chegada do prato principal foi fundamental para que percebêssemos todo o seu potencial de harmonização com o saboroso gnocchi al pomodoro. Perfeito!

Prof. G, ficou positivamente impressionado com as características deste vinho a ponto de confessar que este seria o 2º Carménère a incluir na sua lista de vinhos chilenos.

O Sr. B estava calado, literalmente “sem palavras”. O vinho estava falando mais alto.

Tanto um vinho como o outro foram servidos através de um aerador Rabbit, padrão em nossas degustações. Enquanto o Vega Sindoa se manteve praticamente estável em todas as rodadas, a Torreón de Paredes nos surpreendia a cada nova taça. As impressões iniciais praticamente sumiram, dando lugar a frutas negras, notas florais e um agradável viés cítrico.

Uma opinião unânime foi a que deveríamos tê-lo aberto antecipadamente e decantado. O aerador não foi suficiente para revelar todas as suas características, que só foram bem percebidas na última taça.

Foi neste momento que nos demos conta do único defeito: não havia uma segunda garrafa dele para continuarmos esta deliciosa degustação…

Excelente vinho, uma das seleções mensais do Clube de Vinhos, demonstrando toda a qualidade da curadoria. Parabéns!

Enfrentou, sem problemas, até a doce sobremesa de bolo de banana em calda. Foi uma excelente experiência.

Depois de feita a nossa avaliação, procuramos saber o que outros críticos de vinhos tinham a dizer sobre estes mesmos “caldos”.

O Vega Sindoa recebeu 89 pontos do site Vinous (site por assinatura), conduzido por Antonio Galloni, um dos avaliadores de confiança de Robert Parker, hoje em voo solo.

O Torreón de Paredes recebeu 90 do Descorchados.

Saúde e bons vinhos!

Vinho da Semana: continuamos buscando boas compras no site de nosso parceiro.

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Notas complexas de mel, maçã e frutas cítricas. Um delicioso vinho branco, que apresenta paladar fresco e elegante, harmônico e sedoso, com agradável final.

Perfeito com pratos da culinária oriental, Sushi e Sashimi inclusive.

Compre aqui: http://www.vinhosite.com.br/vinho-alemao-branco-werner-anselmann-riesling-qba-trock-riesling/p

Ofertas da Semana: http://www.vinhosite.com.br/vinhos-da-semana

Sendo um Grande Anfitrião

Semana passada fomos convidados para o último fim de semana da mansão alugada por nossos amigos Mario e Christina, em Correas, distrito de Petrópolis-RJ. Findo o ciclo olímpico, a casa seria devolvida. A proposta era “raspar o tacho”, e isto incluía as últimas garrafas de vinho levadas serra acima.

Um fim de festa perfeito. Temperatura agradável com dias de um lindo céu azul. O grupo de convidados, José Luís e Ligia, Claudia e eu, Teca, Cecilia e Ângela não poderiam estar em maior sintonia. A mesa farta, a qualquer hora do dia, sempre bem vigiada por Marcia e Fábio, além de Tarciso que cuidava para que tudo na casa estivesse funcionado.

Com um clima destes nada poderia dar errado, o que me levou a pensar no que realmente era necessário para sermos grandes anfitriões.

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A regra Nº 1 é Generosidade.

Obviamente que cada convidado contribuiu para o sucesso deste evento, mas a infraestrutura era por conta do casal que nos convidara. Tudo o que estava à nossa disposição era de qualidade indiscutível, mesmo no alardeado clima de “enterrar os ossos”. Percebia-se, facilmente, na mesa do café da manhã, no almoço, no jantar e nas diversas tábuas de queijos, mini-quiches e outros petiscos servidos no decorrer do dia.

Nos vinhos não era diferente. Bons brancos e tintos estavam à nossa disposição.

Nº 2 – Surpreenda seus convidados.

Sábado foi o grande dia. Quando chegou a hora de “iniciarmos os trabalhos”, alguém logo lembrou que já era ½ dia em algum lugar do planeta, para minha surpresa fui nomeado o Sommelier oficial do encontro. A adega era minha e poderia fazer o que achasse melhor, com direito a críticas ou elogios…

Como a temperatura estava mais fria que o costumeiro calor carioca e, após uma checada na cozinha para saber o que seria servido, optei por abrir alguns tintos. Eis a lista do que estava à minha disposição:

Escorihuela Gascon, Pequenas Producciones, Syrah 2010 e Cabernet Sauvignon 2009 (Argentina);

Leeuwenkuil Syrah 2012 (África do Sul);

Zorzal Eggo Tinto de Tiza 2010 (Argentina);

Angelica Zapata Alta Merlot 2011 (Argentina);

Marques de Casa Concha Carménère (Chile);

Quinta das Tecedeiras 2013 (Portugal).

Todos concordaram com este convite, não houve nenhuma tentativa de Impeachment ou Golpe.

Outras surpresas estavam reservadas para mais tarde.

Lancei mão de mais uma regrinha, a terceira.

Nº 3 – O vinho certo no momento exato

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Comecei pelo Syrah argentino seguido do sul-africano para fazer uma degustação comparativa. Dois vinhos completamente diferentes. Enquanto o Pequenas Producciones era muito frutado e fácil de beber, o outro Syrah era um vinho sério que exigia gosto e paladar apurados. Com notas de alcatrão e terrosas, demandou algum tempo para  nos ajustarmos a este conjunto de novos sabores. Mas era um grande vinho e contrastava bem com os queijos e comidinhas servidas.

Abri o terceiro vinho retornando para a argentina. O Eggo, elaborado nos famosos ovos de concreto, é um vinho muito celebrado e premiado. Com pontuação elevada (RP 94; Descorchados 96 pts.), é um corte de 90% Malbec e o restante de Cabernet Sauvignon e Cabernet Franc. Delicioso, nos acompanharia no 1º prato do almoço que começava a ser servido: escondidinho de ossobuco.

Para o prato seguinte, um belo refogado de escargot e cogumelos, preparados na hora pelas competentes mãos do nosso anfitrião, abri o suave e aromático Merlot Angelica Zapata. Seria perfeito, na minha opinião, se o nosso Chef não fosse tão preciso nas suas cocções e a sede do grupo fosse menor: nunca vamos saber se era a harmonização correta. A garrafa secou antes do prato ser finalizado.

Arrisquei o segundo Pequenas Producciones, desta vez o Cabernet Sauvignon, mesmo sabendo que seria um pouco mais tânico que sua companheira bordalesa. Um bom vinho, mas nitidamente abaixo do nível servido até então. Mas todos estavam felizes.

Para o último prato, um Cassoulet, abri o Carménère Marques de Casa Concha e encerramos com o Quinta das Tecedeiras.

Grande almoço!

Duas observações finais fazem parte deste conjunto de atributos que nos tornam grandes anfitriões: temperatura certa e uma certa ritualística.

A temperatura ambiente era perfeita para todos os vinhos servidos. Se não for este o caso, resfrie ou aqueça conforme a necessidade. Lembrem-se que a temperatura do vinho não é ciência, mas prazer.

Todos as garrafas foram provadas inicialmente para se decidir entre aerar e/ou decantar.

O bom vinho agradece.

Saúde!

Vinho da Semana: além da listinha acima, este caberia no almoço em questão.

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Casa Mia Nero d’Avola Terre Siciliane IGT 2013

Rubi intenso com reflexos violáceos. Aromas: de frutas vermelhas frescas, notas florais e toques de especiarias.

Corpo médio, com taninos finos e final de boca redondo e agradável.

Harmoniza com carnes vermelhas grelhadas e assadas com molhos de média intensidade, preparações à base de carnes de porco, massas com molhos à base de tomate e queijos de massa amarela.

Almoço de domingo

Dia universal da “fiaca”, e lá fomos nós para a residência de Mario Sergio e Christina para um fabuloso almoço dominical. Cecília nos levou. Mario e Ana Lucia completaram o grupo.

A proposta?

Muito simples: boa comida, bons vinhos e a companhia dos amigos num papo que não tinha fim. Falou-se de tudo, resolvendo os mais variados problemas do Brasil e do Mundo.

Para abrir os trabalhos, fomos brindados com um Gran Enemigo Cabernet Franc 2010, elaborado por Alejandro Vigil para as Bodegas Aleanna. Um vinho encantador que recebeu, entre outras notas, 95 pontos de Parker.

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Para divertir o paladar, diversos amuse bouche foram servidos enquanto o prato principal, pato recheado com foie gras, acabava de assar.

Como era domingo e ninguém estava muito preocupado com nada, gastávamos o tempo apreciando pequenos Welsh Rarebits temperados com curry, ou empadinhas abertas de diversos sabores, a garrafa, como num passe de mágica, esvaziou.

Era hora do segundo vinho, um interessante Malbec californiano, o McKenzie-Mueller 2010, outro rótulo bem avaliado. Muito interessante e com características que lembravam mais um Syrah australiano do que um Malbec argentino. Quase impossível de comprá-lo por aqui, é produzido em pequenas partilhas que ficam nos EUA mesmo.

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Pasteizinhos de carne e outras delícias eram oferecidas a todo instante, só o pato não estava cooperando: uma informação, preciosa, vinda da cozinha informava que um dos patos estava quase no ponto, mas o outro ainda estava um pouco duro. Paciência…

Para aguardar, partimos para a primeira das duas garrafas trazidas por Mario e Ana Lucia, o super-toscano Tassinaia 2007, saboroso corte de 34% Sangiovese, 33% Cabernet Sauvignon e 33% Merlot. Muito bem pontuado, Galloni deu 94 pontos, foi uma brilhante sequência às duas garrafas anteriores.

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Mas o pato ou melhor, os patos não estavam a fim de colaborar, afinal era domingo, “la fiaca”, “preguiça”, etc…

Abrimos a quarta garrafa, desta vez um espanhol, o Salanques da premiada vinícola, Mas Doix, do Priorado. Recebeu 94 pontos de Parker. Um elaborado corte de 65% Garnacha, 15% Cariñena, 10% Syrah, 5% Merlot, 5% Cabernet Sauvignon.

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Excelente vinho, mas com aromas e sabores muito favoráveis para harmonizar com o pato. Optamos por reservá-lo para depois. Sendo assim, avançamos sobre a adega de Mario Sergio: as quatro garrafas, originalmente pensadas apara o evento, já não estavam mais disponíveis…

O problema, neste momento, era decidir o que seria aberto. Estávamos fazendo um giro pelos grandes produtores, Argentina e EUA do novo mundo, Itália e Espanha do velho mundo. Cecilia quase que exigia um Tempranillo, mas foi voto vencido.

Escolhemos um português top, o Duas Quintas 2004, reserva especial, do Douro. Um corte de diversas uvas regionais, Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinta Roriz, Tinto Cão, Tinta Barroca, Tinta Amarela, Tinta Francisca, Tinta da Barca, Souzão e Bastardo, que recebeu 92 pontos de Parker, além de diversos prêmios internacionais.

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Estávamos nos deliciando com este precioso vinho quando, finalmente, os patos e outras delícias foram servidas.

Todos à mesa, inclusive o Salanques!

Para acompanhar a “Pièce De Résistance” havia uma salada, arroz cítrico e batatas sautée. Parodiando um dos convidados, “um verdadeiro manjar dos deuses”.

Obviamente que a solitária garrafa remanescente do quarteto original não era suficiente para os vorazes apetites. Para alegria de D. Cecilia, apreciadora de carteirinha desta uva icônica da Espanha, um Tempranillo foi aberto e servido. E não era qualquer um não…

Pago de Los Capellanes 2009, Crianza, Ribera del Duero, foi o rótulo escolhido. Um corte de 90% Tinto Fino (Tempranillo) e 10% Cabernet Sauvignon, que recebeu 93 pontos da Wine Spectator.

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O capítulo final foram as sobremesas, pastel de nata seguido de uma tradicional “Apple Pie à lá Mode”. Tudo quentinho “comme il faut”. Para acompanhar, um Monbazillac, que ninguém é de ferro…

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Um lindo fim de dia nos aguardava.

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Supimpa!

Saúde e bons vinhos!

Vinho da Semana: está com preços promocionais até meados de julho, aproveitem.

 

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Ótimo Tempranillo, corpo medio, fácil de beber e perfeito para se harmonizar com uma gama bem ampla de pratos!

 

Confraria do Padreco no Zot

Esta turma sabe aproveitar as boas coisas da vida, amigos de longa data, boa comida e boa bebida. A confraria do Padreco é muito ativa. Para este encontro escolheram o sempre bom Zot (R. Bolivar, 21, Copacabana) tendo como tema genérico “vinhos franceses”, assim mesmo, sem muitas frescuras, mas de forma subentendida, “muito bons vinhos franceses”.

O grupo é eclético e nisto reside toda a graça: há quem não goste de vinhos! Para eles, cervejas, Whisky e até mesmo uma boa pinga. O quadro etílico se completava com um espumante e um Porto.

A noite prometia.

Novamente fui convidado para ajudar a organizar os trabalhos, tarefa que exigiu muita atenção dada à qualidade dos vinhos. Minha contribuição não era francesa e nem mesmo um corte Bordalês elaborado em outro país. Apostei num vinho brasileiro e bem diferente, o bom Inominable Lote V, um elegante e original corte da Vinícola Villagio Grando, em Santa Catarina.

Este vinho é produzido com vinificações feitas (safras) em 2004, 2005, 2006, 2007, 2008 e 2009. As castas utilizadas foram: Cabernet Franc, Cabernet Sauvignon, Merlot, Malbec, Pinot Noir, Petit Verdot e Marselan. Depois de cortado, passou por um estágio de seis meses em carvalho francês novo durante 180 dias.

Iniciamos os trabalhos por ele. A ideia era criar, não só uma referência, mas também contrastar com o que fosse consumido depois.

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Um vinho desconhecido que agradou a todos que o degustaram. Logo queriam saber mais e onde adquirir. Em face do que estava à disposição para ser consumido em seguida foi uma ótima recepção para o produto nacional.

O vinho mais antigo era um Côtes du Rhône de 2003, Domaine de LA Grangette Saint-Joseph.

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Decidimos abri-lo e decantá-lo, reservando para mais tarde.

O leque de opções era bem variado. Nova garrafas chegavam a todo momento. Optamos por uma degustação tipo horizontal, passando do vinho mais novo ao mais velho, sem nos importarmos muito com as regiões produtoras. Bordeaux dominava claramente. Prevaleceria a máxima “Vinhos Franceses”.

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O grupo, originalmente estimado em 8 ou 9 confrades, rapidamente já havia crescido para 14 pessoas. Outros rumos tiveram que ser tomados.

Como estavam preocupados com o que aconteceria com a turma após um bom número de garrafas, decidiram começar pelas duas melhores e deixar as demais abertas e ao alcance de quem preferisse uma ou outra.

Escolhi estes dois vinhos como os mais significativos até aquele momento:

Um Grand Cru de St. Emilion, o Chateau Le Chatelet, safra 2005 e um Grand Cru Classe, o Chateau La Lagune 2006.

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Ambos corretíssimos, perfeitos para os amantes dos aromas e sabores dos vinhos mais famosos do mundo: couro molhado, tabaco, taninos impressionantemente quietos mas presentes, enfim, vinhos que precisam de paladar apurado para serem apreciados.

Seguiram, sem uma ordem exata já que era difícil manter as garrafas fechadas, os seguintes vinhos:

Um Pinot da Borgonha de François Labet, 2013, que estava no nível dos melhores;

Chateau Margerots 2012, outro bom bordalês, ainda jovem;

La Croix D’Austeran, 2015, muito jovem, mas quem estava preocupado com isto…

Um Malbec de Cahors, Ch. Chevaliers de Lagrezette, 2004, bem diferente dos argentinos que estamos habituados, boa surpresa.

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O vinho no decantador aguardava sua vez quando chegou outro Cotês du Rhône, o Les Combes de Saint-Sauveur, 2015. Partimos para uma degustação comparativa.

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12 anos de diferença separavam estas garrafas da mesma região. Vale a pena lembrar que, na opinião de Robert Parker, o Vale do rio Rhône produz alguns dos melhores vinhos da França e por consequência, do mundo.

A denominação Côtes du Rhône (encostas do Rhône) abrange uma longa extensão indo desde Vienne, no norte, até Avignon no sul (200Km). As castas mais utilizadas são Grenache, Syrah, Cinsault, Carignane, Counoise e Mourvèdre.

Como todo jovem, o de safra mais recente não era páreo para o excelente 2003. Sem dúvida uma deliciosa oportunidade de confrontar diferentes gerações de vinhos.

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Para acompanhar foram servidas diversas tábuas de frios, pães diversos e alguns pratos do cardápio do dia. As demais garrafas foram consumidas (espumante, Whisky, etc) e a festa, já num grupo reduzido, acabou no típico programa boêmio de antigamente, “pizza no Caravelle”, que fica ali do lado.

Isto é Confraria!

Saúde e bons vinhos!

Vinho da Semana: temos que nos curvar, eventualmente, aos franceses.

VinhoChâteau Labadie Cru Borgeois 2009

50% Merlot, 42% Cabernet Sauvignon, 4% Petit Verdot e 4% Cabernet Franc

Aromas de frutas vermelhas maduras, como cerejas e framboesas, notas de alcaçuz e especiarias, além de toques defumados e de chocolate.

No palato apresenta corpo médio, com taninos sedosos e boa acidez. Seu final de boca é elegante, destacando-se por notas defumados e toques de cerejas e figos.

Harmonização: Carnes vermelhas com molhos intensos, preparações à base de carnes de cordeiro, caça, massas recheadas com ragu de carne e queijos maduros.

Vertical do Esporão Reserva DOC

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Para quem não lembra, uma degustação vertical é a prova de um mesmo vinho em diferentes safras. O conjunto da foto contemplava quatro safras deste vinho português alentejano: 2002, 2003, 2004 e 2005.

Recebi esta caixa de presente há alguns anos e guardei-a para uma ocasião especial. Talvez se residisse em uma cidade de clima mais ameno que o Rio de Janeiro eu a tivesse “esquecido” por mais tempo no fundo da minha adega. Impus aos meus vinhos de guarda um conservador limite de 10 ou 12 anos. O vinho mais velho desta degustação já estava com 14 anos…

Para organizar este evento, contei com a luxuosa ajuda do amigo Ronald Sharp. Prontamente escolhemos o local, o sempre bom ZOT Gastrobar, comandado por outro amigo, Márcio Martins. A relação de convidados não poderia ser muito extensa caso contrário não haveria vinho para todos. Além dos já citados, compareceram: Fábio, Mario, Mario Henrique e Roberto.

Para ser uma vertical, de verdade, elaboramos uma ficha de degustação simplificada que me auxiliaria na hora de escrever sobre a prova.

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A Herdade do Esporão, localizada em Reguengos de Monsaraz, é uma das mais antigas propriedades desta região, estabelecida no ano de 1267.

Estas safras do Esporão Reserva, um dos vinhos emblemáticos de Portugal, foram vinificadas pelo Enólogo David Raverstock a partir das castas Trincadeira, Aragonês e Cabernet Sauvignon, com fermentação em temperatura controlada, seguido de envelhecimento em barricas de carvalho americano durante 1 ano. Após engarrafadas, permaneceram em repouso por mais um ano antes de serem colocadas no mercado.

A garrafa adota o formato da Borgonha numa homenagem ao grande vinho Romanée-Conti. Os rótulos são pequenas obras de arte especialmente desenhados por diferentes artistas portugueses.

A Prova

Para abrir os trabalhos foi servido um espumante branco da Don Guerino. A ideia era limpar o paladar para enfrentar esta mini maratona. A ordem do serviço seria do mais novo (2005), ainda assim um vinho de 11 anos de idade, ao mais velho (2002).

Para acompanhar foi servida, inicialmente, uma tábua de queijos nacionais artesanais. Em seguida uma rodada de um queijo Minas trazido pelo Roberto, e para finalizar uma tábua dos famosos embutidos elaborados pelo Chef do Zot, todos eles deliciosos. Cesta de pães e água completavam o quadro.

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Todos os vinhos estavam perfeitos e alguns deles causaram boas surpresas.

O 2005, mostrava uma bela coloração rubi e ótima limpidez. No olfato os aromas típicos dos vinhos envelhecidos como couro, tabaco e outros conhecidos com terciários. Boa acidez. No paladar era muito equilibrado apresentando marcantes notas de especiarias.

Por ter sido o 1º a ser degustado, serviu de base para a comparação dos demais.

Aberto o 2004, novas surpresas apareceram.

Segundo a maioria era um vinho superior ao anterior. Apresentava uma coloração tendendo ao Granada, um pouco mais opaco que o 2005 mas ainda límpido (sem depósitos em suspensão). No olfato tinha aromas mais pronunciados e apresentava algumas notas cítricas além dos aromas terciários. Após alguma aeração, era possível notar a presença de frutas negras. Muito equilibrado no paladar, taninos suaves e agradáveis.

O próximo vinho, safra 2003, foi considerado por quase todos como o melhor da noite. Bonita coloração Rubi bem fechada, com reflexos verde-esmeralda. Na prova olfativa quase não eram percebidas as notas de couro e tabaco que seriam esperadas num vinho como este. O que se destacava eram frutas maduras e sutis notas cítricas como casca de laranja ou de bergamota.

A opinião geral é que parecia ser um vinho mais jovem que o 2005. Surpreendente. Na prova gustativa mostrou toda a sua força, maciez e equilibrio, boa acidez que emoldurava os sabores frutados.

Como a sequência mostrava uma evolução positiva, cada vinho aberto era superior aos demais, a expectativa em relação ao último vinho da noite era grande.

Sua coloração já tendia para o alaranjado e percebia-se facilmente alguns depósitos em suspensão, o que veio confirmar que fora acertada a decisão de realizar este evento. Se aguardasse mais tempo este vinho não ganharia mais nada e poderia se deteriorar.

No olfato mostrou que ainda estava vivo, com claras notas de ameixa preta, sublinhado por algum tabaco. Havia uma leve predominância de aroma alcoólico. Na boca apresentou uma ótima acidez o que provocou uma divertida tentativa de harmonizá-lo com um pouco de salmão defumado que foi servido na tábua de frios. Funcionou muito bem! Surpreendente para um vinho com 14 anos de elaborado. Certamente não foi o melhor da noite, mas deixou todos muito satisfeitos.

O Resultado

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(a partir da esquerda: Fábio, Ronald, Márcio, Roberto, Mario e Mario Henrique)

Uma última pergunta deveria ser respondida pelos degustadores: Qual o melhor vinho desta vertical?

1º – safra 2003 com 6 votos

2º – safra 2004 com 4 votos

3º – safra 2002 com 3 votos

4º – safra 2005 com 5 votos

Assim como os vinhos, um resultado muito equilibrado.

Bons Vinhos, saúde!

Vinho da Semana: para ninguém ficar com água na boca.

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Esporão Reserva 2012

O corte nesta safra é composto por Alicante Bouschet, Aragonês, Cabernet Sauvignon e Trincadeira. O aroma evoca uma mescla de fruta em compota e coisas balsâmicas: caramelo, favas de baunilha, alcaçuz com tempero de pimenta seca sutil. Tem taninos firmes, mas maduros. Sabor frutado com evocações de café torrado. Boa acidez e bom equilíbrio alcoólico.

 

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