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Quebrando alguns mitos – I

Um dos programas de maior sucesso nas TVs de todo o mundo é o “Caçadores de Mitos” (Mythbusters), no qual dois apresentadores e mais uma equipe de habilidosos ajudantes se esmeram em destruir ou confirmar uma enxurrada de mitos que passeiam por nossas vidas deste épocas remotas. O programa é uma aula de ciências muito bem feita, capaz de prender a atenção de crédulos e incrédulos.
 
Mas ainda não apareceu, neste show, um episódio sobre vinhos e seus mitos, embora tenham apresentado alguns casos sobre bebidas alcoólicas em geral. Um deles, que envolvia enganar um bafômetro, foi bastante divertido e instrutivo (não conseguiram…).
 
Para ajudar nesta aventura, a partir desta semana vamos conhecer alguns falsos conceitos em que se apoiam vários ‘eno alguma coisa’ para atrapalhar o simples e delicioso ato de beber um bom vinho.
 
#1 – Quanto mais caro melhor (o vinho!)
 
Já estou vendo olhares assustados e ‘bicos’ torcidos. Difícil negar que existe uma relação direta entre custo e qualidade em quase tudo na vida. No mundo do vinho não é, exatamente, uma exceção.
 
Mas há controvérsias…
 
O custo de um vinho para o produtor é diretamente ligado ao fator rendimento (a quantidade necessária de uva). A regra é direta, quanto menor (mais uvas por litro de vinho), melhor será o produto final. Além disto, o volume final tende a ser menor à medida que se consomem mais insumos. Não se questiona isto. Pagamos caro para ter um produto quase exclusivo.
 
Inúmeros exemplos estão à nossa disposição, o mais famoso talvez seja o Romanée-Conti, um espetacular Pinot Noir da Borgonha do qual são produzidas 6.000 garrafas por safra. Leva de 6 a 12 anos para ficar no ponto certo de maturação e ser consumido. O preço ao consumidor final vai às alturas e, cá entre nós, isto já deixou de ser vinho e virou mito engarrafado.
 
 
Vale isto tudo?
 
Provavelmente sim. Infelizmente não estou entre os ‘ricos mortais’ que tiveram a oportunidade de prová-lo. Tampouco é sobre este tipo de vinho que estamos discutindo: este tem a obrigação de ser bom.
 
Esta moeda tem outro lado: paga-se caro por um vinho que encontramos numa loja especializada, recomendado por algum especialista e simplesmente não gostamos.
 
Acredite, este tipo de produto existe aos montes, para nosso desespero.
 
Uma quase diabólica conjunção de fatores criam estes monstros, cada vez mais comuns:
 
– o produtor precisa aumentar as suas vendas;
– o distribuidor faz um marketing agressivo;
– um ‘crítico’ é envolvido no esquema até com garrafas preparadas para enganá-lo;
– o consumidor paga prejuízo por que acreditou no binômio “caro é bom”!
 
Confesso que eu mesmo já fui ludibriado por um Barolo, suposto melhor vinho de uma vinícola inédita no Brasil. Comprei-o numa das boas lojas do Rio, a preço justo (Barolos são caros) e na hora que reuni os amigos para degustá-lo foi aquele desapontamento: jogamos o vinho no ralo da pia.
 
Muitos anos após este triste episódio escutei uma história semelhante onde o protagonista foi capaz de desvendar o mistério: fora montada uma operação de guerra para desovar este vinho que, por problemas burocráticos, ficou retido num porto brasileiro em condições inadequadas. Todos os envolvidos sabiam que o vinho era ruim, mas nenhum deles quis arcar com o prejuízo de seu erro, repassando-o ao consumidor final, literalmente, vendendo gato por lebre, e caro. Nunca mais comprei nada desta loja e nem do vendedor. Não soube mais deles, acho que nem existem mais.
 
Um dos melhores colunistas sobre vinhos, Didu Russo (http://www.didu.com.br/), uma simpática figura que parece saída da imaginação de algum autor, tem em seu blog uma seção intitulada “50 paus” onde lista grandes vinhos que custam isto ou menos.
 
Sensacional! É disto que estamos falando!
 
 
Esta é a atitude que acaba com este falso conceito, nem todo vinho bom é caro.
 
Dica da Semana: direto do Blog do Didu – “A Bodega Dominio Cassis do Uruguai é uma vencedora das degustações da Confraria dos Sommeliers”.
 

Dominio Cassis Cabernet Franc 2008 
A vinícola Dominio Cassis está localizada a 10Km do Oceano Atlântico e a 4Km da Lagoa de Rocha em solo pedregoso, expostos aos ventos e à brisa marinha.

Os atributos do solo, de baixa matéria orgânica, pedregoso e profundo; bem como a exposição à influência do Oceano e as poucas chuvas que há na região, são ótimas condições para a qualidade da produção e permitindo uma maturação mais lenta das uvas, tendo um resultado de vinho de alta qualidade e de pequena produção.

Os Vinhos da Anakena, Chile

No dia 16 de outubro, a convite da Winebrands, participamos da apresentação dos vinhos da Viña Anakena. O evento aconteceu no restaurante Mira, anexo à Casa Daros em Botafogo, no Rio de Janeiro.
 
 
A apresentação foi feita pelo Gerente Comercial Nicolás Saelzer e pelo Enólogo Gavin Taylor, de origem sul- africana, radicado no Chile. A vinícola, relativamente jovem, foi fundada por dois amigos de infância, Felipe Ibañes e Jorge Gutiérrez, em Alto Cachapoal, com o objetivo de produzir vinhos de alta qualidade e com uma personalidade que distinguisse esta inovadora empresa.
 
Com uma enorme variedade de terroirs, 145 hectares em Alto Cachapoal, 125 hectares em Leyda, 43 hectares em Peumo e 44 hectares plantados no Vale de Colchagua, tem seus vinhos consumidos em mais de 50 países, recebendo as melhores críticas de seus consumidores.
 
Sua linha de produção está dividida em diferentes filosofias, que começam nos Varietais, vinhos jovens que enfatizam as características das cepas. O próximo degrau, a linha ENCO tem por objetivo oferecer boa relação custo x benefício. Os TAMA buscam representar as características de todos os terroirs da empresa, sendo a linha que oferece o maior número de produtos. Os vinhos da categoria ONA, já considerados como “top”, são inovadores e audaciosos, enquanto os ALWA são únicos, o melhor que se pode obter. O ótimo portfólio se completa com um expressivo Late Harvest.
 
Chama a atenção o cuidado com a apresentação de seus produtos. Os rótulos são elegantes e trazem uma representação icônica das denominações de suas linhas que remetem à história dos povos que habitaram estas regiões antes de existir o Chile com um país.
 
O próprio nome é uma homenagem ao “homem-pássaro” da cultura Rapa Nui, uma bonita lenda:
 
Anakena seria a caverna deste homem pássaro, o Tangata Manu, uma metáfora da gaivota da Ilha de Páscoa, que depositava seu ovo neste local secreto. Todo ano, bravos guerreiros nadavam desde Rapa Nui até a ilhota de Moto Nui em busca do precioso ovo. Aquele que conseguisse trazê-lo intacto era outorgado com o título de Homem-Pássaro, recebendo honrarias e fortuna.
 
 
Foram servidos oito vinhos, numa sequência que crescia dentro da filosofia de produção.
 
O 1º foi o Anakena Varietal Sauvignon Blanc 2012. Jovem, fresco, boa fruta e fácil de degustar. Com um custo muito competitivo, abaixo de R$ 50,00, se torna uma opção para dias de calor. (preços de 2013)
 
 
Subindo um degrau na escala, o próximo vinho degustado foi o Anakena Enco Reserve Chardonnay 2012. Muito bem elaborado, com boa acidez e permanência. Outro bom companheiro para o dia a dia no quente verão do Rio de Janeiro. Preço ligeiramente acima dos R$ 50,00.
 
 
A próxima degustação foi uma boa surpresa: o Anakena Tama Vineyard Selection Pinot Noir 2011 chamou a atenção de todos. Um vinho refinado, muito aromático e que passa por madeira. Boa acidez e perfeitamente balanceado com seus taninos. Ótimo! Custo na faixa de R$ 80,00.
 
 
Seguimos com os tintos. Voltando ao segmento ENCO, provamos o interessante Anakena Enco Reserve Carménerè 2011. Este vinho, obtido com a casta emblemática do país foi elaborado com um cuidado todo especial para fugir a características que enfatizam sabores “verdes” típicos da casta. A colheita foi deliberadamente atrasada obtendo-se uma fruta com qualidade ímpar para a vinificação. O resultado é perfeitamente sentido em aromas e sabores. Delicioso. Na mesma faixa de preço do Sauvignon Blanc. Ótima compra.
 
 
O 5º vinho apresentou uma casta diferente: Anakena Tama Vineyard Slection Carignan 2010. Uma uva algo rara no mercado, mas que tem bons resultados nas mãos do competente Gavin Taylor. Premiado com boas notas de diversos críticos (90 pontos ou mais) é uma bebida equilibrada, com boa acidez, maduro e um quase dulçor muito agradável. Uma alternativa a ser considerada. Seu custo acompanha o de outros produtos da mesma linha.
 
 
Em seguida, até para permitir uma comparação direta, for servido o Anakena Tama Vineyard Selection Cabernet Sauvignon 2010, outro produto premiado. Esta uva tem uma adaptação perfeita em território chileno, produzindo vinhos de classe mundial. Este é um deles. Generoso, intenso, taninos suaves e longa permanência em boca. Companheiro ideal para carnes de sabor marcante. Pela faixa de preço será difícil encontrar concorrentes à altura.
 
 
Os dois últimos vinhos representam o que há de melhor desta empresa. O Anakena Ona Special Reserve Red Blend é um sofisticado corte de cabernet Sauvignon (55%), Carménerè (25%) e Syrah (20%) que passa de 14 a 16 meses em barricas de carvalho. Um vinho sofisticado que combina a potência do Cabernet, a delicadeza da Carménerè e a complexidade da Syrah. Bem estruturado e complexo, chama a atenção por sua cor clara, ao contrário do que se espera. Excelente! No mercado do Rio de Janeiro será vendido na faixa de R$ 90,00. Uma pechincha.
 
 
O Anakena Alwa 2009 é realmente um vinho único, só produzido em safras ideais. Um corte de Cabernet Sauvignon, Carménerè, Syrah, Carignan e a branca Viognier. Premiado nesta safra com Medalha de Ouro no Concurso Nacional do Chile é autêntico, elegante e muito equilibrado entre seus taninos e acidez. Um produto de luxo que não deixa a desejar. Ainda assim, fica numa faixa de preço cara, mas não absurda (R$ 200,00), valendo cada centavo pago.
 
 
Foi uma tarde instrutiva e agradável. Só tenho que agradecer ao amigo Menandro Rodrigues, da Winebrands, pela lembrança do convite.

Dica da Semana: vamos respeitar as tradições chilenas.
 
Anakena Enco Reserve Carménère 2011
 
Vermelho-rubi profundo, com reflexos violetas. No aroma revela notas de frutas negras, chocolate amargo e especiarias. Em boca apresenta médio corpo, frutadas e especiarias bem mescladas e taninos macios.
Harmonização: Ideal para acompanhar carnes guisadas, massas, lasanha e queijos.
 
 
 Winebrands – www.winebrands.com.br

Um Convite Irrecusável!

Uma das melhores coisas que pode acontecer com um enófilo, como eu, é ser convidado para uma prova de avaliação de novos vinhos. Esta, em particular, foi especial.
 
Começou com o local, a agradável adega e restaurante Enoteca DOC, anexa à tradicional Chapelaria Esmeralda, situada no centro do Rio de Janeiro. Os atuais donos, Fabio Soares e sua esposa Christiane Faria, entraram neste negócio quando Chris herdou a chapelaria, propriedade de sua família desde 1920. Ouvindo os clientes que comentavam que “ficariam por ali se houvessem charutos e vinhos à venda” promoveram uma alinhada reforma dividindo a loja em dois charmosos segmentos. De um lado a renovada loja de chapéus que funciona de 9:00 às 18:30. Do outro a adega com ênfase em vinhos e cervejas que atende seus clientes de segunda a sexta a partir das 11:00 até as 21:00.
 
 
Marcada para às 15h, ao chegar já encontrei Fabio, José Paulo Gils e Alexandre Ventura, da importadora DOCG, finalizando uma garrafa de um belo tinto português que não deu nem para sentir o gostinho. O confortável e aconchegante ambiente do andar superior da casa pedia que fosse aberto mais um vinho. Desejo realizado! Alexandre propôs que enquanto aguardávamos os demais participantes, derrubássemos uma garrafa de um dos seus melhores vinhos, um excelente tinto do Douro, o Mapa.
 
 
Este nome foi inspirado pelos mapas da região do Douro elaborados pelo Barão de Forrester, um empresário inglês radicado em Portugal que promoveu importante reforma no comércio de vinhos em 1831.
 
Sua morte, em condições no mínimo curiosas, aconteceu num naufrágio em 1861. Relatos de época dão conta que ele teria sido “arrastado para o fundo por causa do cinto com dinheiro que levava consigo, nunca tendo sido encontrado o seu corpo. Nessa derradeira viagem, fez-se acompanhar por D. Antónia Adelaide Ferreira, mais conhecida como “Ferreirinha”, que segundo reza a história, não se afogou porque as saias de balão que então vestia, a fizeram flutuar até à margem do Rio Douro”.
 
Fácil perceber que este vinho é cheio de referências, a mais importante delas a região (e as famílias) onde era produzido o aclamado vinho Barca Velha, ícone da vinicultura portuguesa. O MAPA é um projeto pessoal de Pedro Garcias, jornalista e crítico de vinho do Jornal Público.
 
Começou a ser desenhado há cerca de uma década, com a compra das primeiras terras em Muxagata, Vila Nova de Foz Côa, na mesma região da famosa Quinta do Vale Meão que forneceu, durante muitos anos, as uvas para a elaboração do Barca Velha. Hoje a Quinta produz seu próprio vinho, homônimo, carinhosamente apelidado de Barca Nova.
 
O MAPA é no mínimo excepcional!
 
Um corte de Touriga Nacional, Touriga Franca, Sousão e Tinta Roriz, passa 20 meses em barricas de carvalho francês. São produzidas apenas 2.900 garrafas. Joia rara. Para harmonizar optamos por pequenos pedaços de queijo tipo Grana Padano regados levemente com um Vinagre Balsâmico de Modena 18 anos, um luxo.
 
 
Isto nos criou um pequeno problema. A degustação seguinte seria para avaliar um Champagne que, em breve, será trazido para o Brasil pelas mãos de Soraya Vasconcelos. Embora de origem francesa, as garrafas são exportadas para a Califórnia onde recebem um acabamento em malha de cobre, obtida com reciclagem de materiais. Muito interessante, vejam a foto.
 
 
Nosso palato precisava ser ‘limpo’ para apreciarmos corretamente as duas “Beau Joie”, uma Rosé e outra Brut. A solução foi degustar uma cerveja. A escolhida foi a “Blanche de Bruxeles”.
 
 
Devidamente preparados, partimos para as duas garrafas que restavam.
 
Este Champagne tem uma trajetória bem diferente. Concebida para ser um produto de alto luxo, é produzida em Epernay pela Maison Bertrand Senecourt. Exportada para os EUA, recebe um revestimento em malha de cobre que tem múltiplas funções. Funciona como a armadura de um cavaleiro dos tempos medievais. Segundo seu produtor norte americano, esta era a época de Reis, Rainhas e seus Cavaleiros, onde se valorizava o romance, o amor, a honra e as paixões. A ideia por trás desta rica embalagem é nos remeter a estes tempos, como uma mágica. Além disto, a malha por ser feita com cobre (reciclado) é ótima condutora do frio ajudando a manter a garrafa na temperatura ideal por mais tempo e aumentar a segurança no manuseio. Um programa especial deste produtor reutiliza os revestimentos de garrafas usadas.
 
A Brut é um corte de 60% Pinot Noir e 40% Chardonnay, sem dosagem de licor de expedição (sem adição de açúcar) garantindo sabores marcantes desde o primeiro gole. Alguns degustadores deste painel acharam que a amostra estava levemente oxidada, o que não comprometia em nada o produto. O perlage era perfeito, acidez equilibrada, como deve ser um Champagne seco.
 
A Rosé foi a que mais agradou. Com um corte em partes iguais das duas castas já citadas, tem uma bela e sedutora coloração, suave como pétalas de rosa. Perfeitamente equilibrada com um delicioso sabor frutado. Ideal para ocasiões muito especiais. Bom perlage e boa acidez.
 
Um produto único e para poucos, sua produção não é grande. Mas o espetáculo visual é incrível. Torcemos para que Soraya consiga vencer todos os entraves burocráticos deste nosso país e traga este produto com preços competitivos.
 
 
A foto abaixo foi tirada ao final da prova. Em pé estão Chris e Soraya, sentados, da esquerda para a direita Luis Miguel Duarte, da Duaber, José Paulo e eu.
 
 
Só nos resta esperar…

Dica da Semana: mais que um vinho, um investimento. Vale cada centavo. Melhor: podemos guardá-lo para grandes ocasiões.

 
MAPA Reserva Tinto 2009

CLASSIFICAÇÃO: Douro DOC CASTAS: Touriga Nacional, Touriga Franca, Sousão e Tinta Roriz. VINIFICAÇÃO: Desengace total seguido de pisa a pé. Estágio de 20 meses em barricas novas de carvalho francês. De cor vermelho carregado, apresenta uma boa paleta aromática e um buquê intenso e convidativo. Na boca, taninos presentes, boa acidez. O teor alcoólico (14,5%) induz alguma sensação de doçura.

Importado pela DOCG Vinhos.
 
Enoteca DOC – Fabio Soares – Av. Marechal Floriano, 32 – Centro.

Tel.: (21) 2516-4220 – www.enotecadoc.com.br

 
DOCG Vinhos – Alexandre Ventura – www.docgvinhos.com.br

Tel.: (21) 3936-321

Denominações Chilenas

O Chile é reconhecidamente um dos grandes produtores mundiais de vinho e o mais importante do Novo Mundo devido às suas excepcionais características geográficas e diversidade de “terroirs”. A autoridade vínica deste país, Wines of Chile, formou uma comissão que elaborou um novo mapa das indicações geográficas, analisando uma infinidade de dados obtidos ao longo dos anos. Em 2012 este relatório foi aceito pelo Ministério da Agricultura. Sua implantação está prevista até 2020, mas muitos produtores já estão colocando em seus rótulos estas novas denominações.
 
Esta classificação se baseia numa divisão ‘Leste – Oeste’, em que as sub-regiões produtoras foram enquadradas numa das 3 (três) regiões pré-definidas, apresentadas a seguir com seus símbolos que poderão ser incluídos nos rótulos:
 
 
O mapa a seguir mostra todo o quadro. Interessante observar que a maioria dos vales abrange mais de uma região.
 

 
Região Costeira
 
Com mais de 4.000 Km de costa, os vinhedos desta região são refrescados por uma constante brisa do mar. O Vale mais famoso é o Casablanca com seus estupendos brancos, seu Sauvignon Blanc está entre os melhores do mundo.
 

 
Região Entre Cordilheiras
 
Esta planície que praticamente divide o país em leste e oeste é a mais importante área agrícola do Chile. Aqui foram plantadas as primeiras videiras trazidas pelos colonizadores espanhóis. Embora não seja absolutamente plana, há importantes relevos situados mais ao sul, tem solos muito ricos e um clima qualificado com ‘mediterrâneo’. Nesta região está concentrada cerca de 60% da produção vinícola e aqui estão alguns das regiões produtoras mais tradicionais. Basta observar o mapa a seguir.
 

 
Região Andina
 
Esta é a área mais emblemática do Chile. A mais extensa cadeia de montanhas do mundo que abriga desde famosas estações de inverno até inacreditáveis vinhedos que nos oferecem vinhos inesquecíveis. A espinha dorsal de toda a cultura chilena.
Considerada a mais importante região vinícola, está focada nas castas tintas que se beneficiam das condições climáticas únicas, de solos propícios e da altitude.
 

 
As Denominações de Origem 
 
Para finalizar, apresentamos as regiões que podem usar a sigla D.O em seus vinhos: 
 
Regiões de Coquimbo: Vale do Elqui, Vale de Limari, Vale de Choapa;
 
Regiões de Aconcágua: Vale do Aconcágua, Vale de Casablanca, Vale de San Antonio;
 
Regiões do Vale Central: Vale de Maipo, Vale de Cachapoal, Vale do Curicó, Vale do Maule;
 
Regiões Meridionais: Vale do Bio Bio, Vale de Itata, Vale do Malleco.
O quadro a seguir faz um resumo completo de tudo que foi exposto aqui.
 


Dica da Semana: um ótimo vinho produzido na região mais importante do Chile, com boa relação custo x benefício. Embora seja um corte de 3 uvas, a legislação permite que seja vendido como Cabernet Sauvignon devido à concentração de 85% no produto final.

Equus Cabernet Sauvignon 2010
 
Região: Valle del Maipo Alto
Produtor: Viña Haras de Pirque
Castas: 85% Cabernet Sauvignon, 6% Cabernet Franc e 9% Syrah – 12 meses em carvalho francês.
Vermelho rubi profundo com reflexos violáceos. Notas claras de chocolate amargo, com toques minerais e especiarias, seguido de frutas vermelhas maduras. Na boca é firme e equilibrado, com personalidade. O final é longo e complexo.
Harmonização: evolui muito bem e acompanha pratos de estrutura, carne e caça.

Um Evento Formidável!

Na semana passada José Paulo e eu fomos convidados para uma degustação de vinhos em Niterói, algo bem fora da nossa “zona de conforto”. Já foi o tempo que os cariocas, sempre bairristas, achavam graça em afirmar que o melhor da cidade do outro lado da “poça” seria a vista (deslumbrante…) do Rio de Janeiro. Não é mais assim. Apesar de estarem separadas por uma ponte, são duas culturas bem distintas e, desta vez, me pareceu que a cidade de Arariboia tem uma qualidade de vida bem superior.
 
A prova de vinhos, Wineshow 2013, foi organizada pelo Grupo Paludo, com o apoio de diversas empresas parceiras e fornecedores. O local escolhido foi o restaurante Família Paludo, em São Francisco, umas das ‘joias da coroa’ desta organização que inclui os restaurantes Ícaro, Queen e Paludo, todos excelentes.
 
As boas surpresas começaram na organização. Fomos recebidos pelo simpático Anderson Ribeiro, Coordenador Comercial. Como havíamos chegado um pouco cedo, nos acomodou numa mesa na varanda enquanto aguardávamos o início dos trabalhos. Logo recebemos uma pulseira de identificação que nos dava direito a uma taça de degustação personalizada e acesso ao salão onde estavam distribuídas as mesas dos expositores.
 
 
Só 1ª linha: Ana Import, Asa Gourmet, Decanter, Hannover, Ilha de Baco, Interfood, Miolo, Mistral, World Wine. Completava o salão uma mesa da Água das Pedras, um variado e delicioso Buffet de queijos, frios e pães e uma degustação de queijos de cabra artesanais a cargo da Queijaria Rancho dos Sonhos (www.queijariaranchodossonhos.com.br).
 
Impecável!
 
Todo enófilo sonha com um evento de degustação ideal: boa localização, vinhos que sejam relevantes no cenário enogastronômico, a participação de pessoas interessantes e interessadas, bom serviço de vinhos e um ambiente agradável que convide para esta experiência.
 
De nada adianta apresentar produtos de alta gama, caríssimos, que gravitam no mundo dos sonhos e na hora de servi-los, retirar a garrafa debaixo da mesa, como se fosse um favor (e para poucos). Muito melhor o que aconteceu aqui, com excelentes vinhos, acessíveis, e servidos sem nenhuma restrição. Mais um ponto a favor do Wineshow 2013.
 
 
Difícil saber por onde começar com tantas boas opções. A técnica tradicional é iniciar por um espumante para preparar o palato. Seguem os brancos e depois os tintos. Preocupados em voltar para o Rio em segurança, optamos por participar logo no primeiro horário e talvez este tenha sido o nosso pecado: os espumantes ainda não estavam no ponto de serem servidos.
 
Partimos para os brancos. Chamou a nossa atenção o ótimo Sauvignon Blanc, da vinícola chilena William Cole, oferecido pela Ana Import. Outro branco interessante e diferente foi o Gewurtztraminer Premium da vinícola Casa Valduga. No capítulo dos espumantes lá estavam os bons nacionais da Valduga, Miolo e Pericó enfrentando com galhardia a concorrência de italianos e espanhóis.
 
 
Após um breve descanso, passamos aos tintos e boas surpresas nos aguardavam. Ponto alto para o Petite Fleur da vinícola argentina Monteviejo, que está adotando a marca Lindaflor, e para os nacionais Quinta do Seival Castas Portuguesas e Vinhas Velhas Tannat, ambos da Miolo.
 
 
Nem a chuva que caiu copiosamente ao final da tarde tirou o brilho do Wineshow 2013. Estamos aguardando ansiosamente a próxima versão.
 
Parabéns ao Grupo Paludo pela ousada iniciativa.
 
Nossa zona de conforto ganhou novos contornos!

Dica da Semana: com as temperaturas subindo, nada como um bom branco refrescante que descobrimos nesta degustação.
 
William Cole Mirador Selection Sauvignon Blanc, 2011
Notas de maracujá, maçã verde, abacaxi e pêssegos, acompanhadas por notas cítricas tipo limão em um fundo herbáceo, tudo bem integrado, agradável, que expressa de excelente maneira o terroir do vale de Casablanca.
Ataca com muito frescor, de corpo leve e médio e sua acidez é intensa e fresca. Harmoniza com frutos do mar e pratos leves.
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