Tudo na vida tem uma origem e os Enochatos não são uma exceção.
O vinho, desde os tempos bíblicos, é uma bebida do dia a dia. Sempre fez parte da mesa em diversas culturas do velho mundo. Imaginem que, em determinadas eras, era mais seguro bebê-lo do que água!
Ao longo da linha do tempo, o vinho foi se sofisticando até se tornar uma bebida dos ricos e cultos. Degustar uma taça passou a ser um símbolo de status. Para apreciar corretamente esta preciosidade, é preciso passar por um treinamento e ter uma boa dose de conhecimento sobre esta bebida.
A culpa é nossa!
Vamos fazer um curioso paralelo com a mais antiga competição entre barcos à vela do mundo, a Copa América, que disputa neste ano de 2024, a sua 37ª edição. A primeira regata ocorreu em 1851, em águas inglesas.
Sua história, além de bonita e interessante, traz um importante subsídio para compreendermos as razões da sofisticação do vinho. O objetivo desta regata, disputada originalmente entre barcos mercantes, era descobrir qual seria o mais rápido.
Existe mesmo uma lenda relatando que o desafio de dois mercadores, cada uma afirmando que seu veleiro era o melhor, foi a verdadeira origem desta disputa esportiva.
Partindo do “meu barco é mais veloz que o seu”, fica fácil perceber que, em algum momento, um vinhateiro levantou a mesma dúvida: “meu vinho é melhor que o seu” .
Para resolver esta questão, surgiram os primeiros especialistas em provar vinhos, talvez o protótipo do “enochato”. Sua função era dirimir a dúvida.
Pode parecer estranho, mas os primeiros membros desta aborrecida classe de apreciadores foram os críticos e suas pontuações. Os vinhateiros passaram a se preocupar mais com as notas recebidas do que com o público consumidor.
O mundo do vinho nunca mais seria o mesmo. Desde então, o que interessa é saber “quantos pontos eu tenho na taça”.
Múltiplos desdobramentos vêm ocorrendo, por exemplo, as diferentes safras destes “doutores” em perturbar a boa ordem, até um preocupante afastamento, por parte das novas gerações, que trocam o vinho por outras bebidas “menos complicadas”. Esta atitude, está refletindo na produção vínica, quando grandes produtores como França, Espanha e Itália estão erradicando vinhedos para diminuir a produção e segurar os preços de venda.
Culpa dos enochatos.
Tudo bem que existem diversas versões destes “mala sem alça”. Alguns são bem toleráveis, enquanto outros, principalmente aqueles que optam por criticar quem, na sua visão, consome o vinho de forma errada, são insuportáveis.
Estão sempre atrás de pequenos erros, que todos cometem, para nos chamar a atenção e soltar um daqueles velhos e conhecidos chavões.
Se formos espertos, podemos deixá-los falando sozinhos. Aqui estão umas boas dicas para contra-argumentar:
1 – “Você não examinou o vinho antes de provar”.
Não é preciso seguir o habitual rito ao degustar um vinho – olhar a cor, sentir os aromas, aerar e provar. Pergunte se ele precisa saber ler uma pauta musical para apreciar uma orquestra sinfônica;
2 – “Estas taças não são adequadas”.
Neste caso, chute o balde e indique o local da compra, por exemplo, no mercado da esquina. A taça não faz diferença;
3 – “Sua taça está muito cheia, não há espaço para o vinho respirar”.
A melhor resposta seria um “gostei do vinho e estou com sede”. Se você não é da turma que segue o rito, não tem o menor problema. Só cuidado para não derramar o precioso líquido num movimento brusco.
4 – “Este vinho custa $ no supermercado”
Não é um argumento válido. Há vinhos caríssimos que não nos agradam, enquanto vinhos mais modestos podem acertar em cheio. Um dos rótulos de maior sucesso na Espanha, atualmente, é um produto exclusivo de uma rede de supermercados e custa 4 Euros. 95 pontos Parker;
5 – “Não está na temperatura ideal”
Na verdade, não existe uma temperatura ideal, cada vinho é um caso, seja ele tinto, branco ou rosado. Existem recomendações. Se achar que é necessário esfriar ou esquentar um vinho, existem muitos recursos para tal. Dentro de certos limites, vale até colocar uma pedra de gelo na taça. O ideal é ter algumas uvas congeladas, ou cubos metálicos que são vendidos para este fim. Não diluem a bebida;
6 – “Que rótulo feio ou que garrafa esquisita”
Outra grande bobagem. A qualidade de um vinho não é medida pela beleza da sua embalagem. Com a preocupação sobre as mudanças climáticas, o vidro virou um vilão. Novas formas de embalar o vinho estão em uso e a qualidade do que está dentro não mudou. Já existem garrafas 100% de papelão reciclado, outras de alumínio e, finalmente, os grandes produtores se curvaram para a sempre preterida “bag in box” (vinho em caixa de papelão revestido). São embalagens muito econômicas.
Agora que vocês já têm ferramentas para se livrar dos Enochatos, fiquem com a Dica desta semana.
Saúde e bons vinhos!
Dica da Karina – Cave Nacional
Villa Bari – Doppio Cabernet Franc e Sauvignon 2013
O vinhedo da Villa Bari está localizado nas colinas de Porto Alegre, no Estado do Rio Grande do Sul. Nessa região do Brasil, o clima subtropical, caracterizado por chuvas bem distribuídas durante todo ano, e por verões quentes e invernos frios, é apropriado para o cultivo de uvas. O produtor Luiz Barichello é neto de italianos do Vêneto, que chegaram ao Sul do Brasil em 1885 e fundaram a cidade de Garibaldi, reconhecida por sua produção de vinhos e espumantes. Cresceu envolvido no ambiente da vinicultura e aprendeu com seu pai e com seu avô a cultivar a paixão pelos vinhedos e pelo vinho, formando, assim, uma memória olfativa e sentimental que agora procura reproduzir em seus próprios vinhos. O Villa Bari Doppio 2013 é elaborado com as variedades Cabernet Franc e Cabernet Sauvignon produzidas na Villa Bari. De coloração vermelho rubi com nuances alaranjados e ótimo brilho. Apresenta aromas complexos, com presença de frutas como ameixa e compota de morango. Em boca, equilibrado, com uma acidez perceptível além de boa intensidade e persistência.
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CRÉDITOS: Imagem de abertura por Pixabay