
Recentemente, recebemos a boa notícia relatando a implementação de mais uma Indicação de Procedência para os nossos vinhos. Desta vez, a região agraciada foi o Sul de Minas, por conta dos já consagrados “vinhos de dupla poda” ou de “colheita de inverno”.
Para muitos, esta notícia passaria quase despercebida, afinal, qual a verdadeira importância disto?
Decidimos abordar este tema justamente para esclarecer sobre estas diversas indicações, nos rótulos dos vinhos, mundo afora. Não é uma exclusividade brasileira, ao contrário, estamos aproveitando as boas ideias de países produtores e, paulatinamente, aperfeiçoando a nossa legislação vinícola.
Certamente, já degustamos vinhos que continham em seus rótulos, siglas como IP, DOC, Appellation d’origine contrôlée (AOC) ou alguma outra.
São as chamadas “indicações” ou “denominações”, que se aplicam a determinadas regiões produtoras. Para receber um selo destes, os produtores devem seguir algumas normas, por exemplo, que regulam e delimitam as regiões onde tal vinho deve ser elaborado, as castas permitidas, bem como o volume máximo de aproveitamento e alguns outros aspectos mais técnicos.
Cada país adota suas regras, não existindo uma universalização. A Espanha tem o melhor conjunto de normas, segundo a maioria dos especialistas, enquanto a França é considerada, pelos produtores, a que tem as regras mais inflexíveis.
Já na Itália, durante um longo período, as normas não eram muito respeitadas, o que obrigou a publicação de novas determinações. Por lá, ainda convivem a DOC (Denominazione di Origine Controllata) e a DOCG (Denominazione di Origine Controllata e Garantita).
O que nos leva a pensar a razão deste “Garantita” …
Aqui no Brasil já temos 13 indicações para vinhos, 11 IP (indicação de procedência) e 2 DO (denominação de origem):
IP Farroupilha
IP Monte Belo
IP Altos Montes
IP Pinto Bandeira
IP Vales da Uva Goethe
IP Altos de Pinto Bandeira
IP Campanha Gaúcha
IP Vinhos de Altitude de Santa Catarina
IP Vale do São Francisco
IP Vinhos de Bituruna
IP Sul de Minas – Vinhos de Inverno
DO Vale dos Vinhedos
DO Altos de Pinto Bandeira
Qual a diferença entre uma IP e uma DO?
Ambas limitam uma região produtora, suas características como “terroir”, densidade das plantações, castas típicas, entre outras regras de elaboração. A IP é mais abrangente enquanto uma DO é mais restrita, muitas vezes considerando, apenas, uma pequena região e o tipo de vinho ali elaborado.
Estes selos são uma indicação de qualidade?
Sim, deveriam ser, mas nem tudo pode ser controlado a ponto de certificar 100% que este vinho é superior a um outro. Esta é a ideia que está por trás destas indicações.
Mas, num país onde uma vírgula fora do lugar anula a condenação de um réu confesso, com a desculpa de “prejuízos irreparáveis ao sistema judiciário”, temos que olhar para as nossas indicações com muito cuidado e, sempre, associá-las aos produtores que, sabidamente, são reconhecidos por seguirem as “boas práticas”.
Saúde, bons vinhos!
Dica da Karina – Cave Nacional
Foppa e Ambrosi – Insólito Corte VI

Lucas Foppa e Ricardo Ambrosi, aos seus 21 anos, em 2017, começaram a elaborar vinhos no porão de casa. Partiram de uma produção artesanal para uma vinícola de excelência, localizado em Garibaldi, Rio Grande do Sul.
O Foppa e Ambrosi Insólito Corte VI é um blend de Merlot, Tannat e Cabernet Sauvignon com média de 18 meses em barricas de carvalho francês e americano de 225L.
O vinho apresenta uma coloração rubi profunda, com reflexos violáceos. Aromas intensos e complexos revelam camadas de frutas vermelhas e negras maduras, como ameixa, amora e cassis. Essas notas são complementadas por especiarias, tabaco e toques sutis de baunilha e chocolate amargo, provenientes da maturação em barricas de carvalho.
Na boca, é potente e estruturado, com taninos firmes, mas bem integrados, conferindo um excelente potencial de guarda. A acidez equilibrada traz frescor, enquanto os sabores de frutas negras maduras se fundem com notas de pimenta preta, café torrado e carvalho. O final é longo e persistente, com retrogosto de especiarias e um leve toque herbáceo.
A Cave Nacional envia para todo o Brasil.
CRÉDITOS: Foto de abertura obtida no site Brasil de Vinhos