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Vinhos e Vitórias Esportivas

Continuamos no espírito olímpico, desta vez propondo uma harmonização bem diferente: que vinho vamos degustar para celebrar as vitórias nas diversas modalidades olímpicas?

Imagens dos vencedores jorrando Champanhe nos espectadores é muito comum nos circuitos de Fórmula 1 e tudo sugere ser uma antiga tradição.

Mas não é bem assim, o espumante sempre esteve presente nos pódios, mas não era jogada em ninguém. Tudo começou com um “acidente de percurso” em 1966, no circuito de Le Mans. O piloto Jo Siffert, sem se dar conta que uma garrafa de garrafa de champanhe que lhe fora entregue estava no sol por algumas horas, aumentado a pressão, resolveu dar um gole. Ao tirar a rolha foi vinho para todo o lado.

No ano seguinte foi a vez de Dan Gurney repetir a proeza, desta vez deliberadamente. Nascia a tradição.

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No outro extremo deste tipo de celebração vamos encontrar uma curiosa tradição das famosas 500 milhas de Indianápolis: o vencedor deve beber, pelo menos, um gole de leite, o mais famoso produto daquela região. Nosso grande piloto Emerson Fittipaldi protagonizou um engraçado episódio ao beber suco de laranja, que era um dos seus patrocínios, em lugar do leite.

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Pensando nisto, por que não haveria um tipo de vinho correto para celebrar as vitórias em cada modalidade esportiva?

Futebol

Sem dúvida o mais popular dos esportes entre os brasileiros. A origem inglesa não nos ajuda em nada. Nos estádios a comida tipo snack food também não é o caminho, aliás, a cerveja seria a preferência do torcedor.

Precisamos de um vinho com muita personalidade e boa relação custo-benefício. Um bom branco madeirado é uma alternativa a ser considerada, principalmente pelo nosso clima tropical.

Mas, pensando bem, por que não um vinho italiano onde o futebol é tão popular quanto aqui e, para melhorar as coisas, não aceitam o anglicismo e o chamam de Calcio? (Aqui seria Ludopédio…)

Sugiro um bom Chianti, para bebericar antes, durante e depois de uma partida, mesmo que o nosso time não vença.

Volley

O segundo esporte em popularidade. Nossas seleções, masculina e feminina, mudaram a forma de jogar no mundo inteiro. Nunca vou esquecer um jogo exibição entre Brasil e Rússia, no Maracanã original, debaixo de chuva. Como a quadra estava encharcada, Viacheslaz Platanov, técnico russo, teve a ideia de pegar os tapetes que iam do vestiário até a quadra para forrar a quadra e continuar a partida. Uma fita de esparadrapo larga foi usada para fazer a marcação da linha dos 3 metros e do fundo da quadra. Além disso, sempre que a quadra ficava molhada, os jogadores enxugavam o chão com as próprias toalhas. Entrou para a história não só como um grande jogo, mas por ser, naquela época, o maior público presente: quase 96 mil pagantes. (3 x 1 Brasil)

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Para celebrar isto tudo só um vinho bem versátil, com muita acidez refrescante e sobretudo com um bonito visual. Um branco leve ou um Rosé seria perfeito. Para o Vôlei de praia um espumante rosé. Imbatíveis, assim como os nossos jogadores.

Vela

Um dos esportes que mais medalhas trouxe para o Brasil. Sofisticado, exige equipamentos caros e complexos, além de muito preparo físico. Pena que o Rolls-Royce da vela, a elegante classe Star foi substituída, deixando o nosso Torben Grael, o Turbina, na saudade. (Por que ninguém lembra dos proeiros? Marcelo Ferreira é o nome dele)

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O vinho tem que ser nesta mesma linha, sofisticado e caro. Como é um esporte aquático, fico com um leve e bom Pinot da Borgonha.

Tênis

Um esporte de elite que ficou muito popular graças ao nosso Guga, com seu sorriso de garoto e eterno brincalhão. Mas um dos mais respeitados tenistas do mundo. Roland Garros, um quintal de casa para ele, é um dos templos deste esporte, junto com Wimbledon.

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Já imaginaram este troféu cheio de vinho. Um branco sem dúvida. Desta vez um Pouilly-Fumé, um saboroso Sauvignon Blanc da classuda Bordeaux.

Agora é a vez dos leitores.

Outros esportes foram destaques olímpicos para o Brasil: Natação, Ginástica, Judô, Basquete e Atletismo são alguns deles.

Como vamos celebrar?

Saúde e bons vinhos

Vinho da Semana: um tiro certeiro, clássico de Portugal.

vic 6Dão Porta dos Cavaleiros tinto 2010

O célebre Porta dos Cavaleiros possui uma legião de admiradores em Portugal. O estilo é dos grandes tintos de antigamente, com boa estrutura e um ótimo toque terroso.

Harmoniza com esportes como Boxe, Luta Greco-Romana, etc.

 

Brindando

Desejar a boa saúde de alguém ao se beber o primeiro gole de um vinho ou outra bebida alcoólica é uma tradição muito antiga. Existem diversas narrativas relatando a possível origem do ato de brindar. Mas nem todas são verdadeiras.

Uma das mais populares é a que explica o ato físico de bater as taças de modo que o conteúdo de uma se mistura ao da outra. Desta forma, se uma das taças estivesse envenenada, anfitrião e convidado não sobreviveriam. Logicamente se infere que, neste ato, está o desejo que ambos tenham vida longa ou simplesmente, saúde!

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Uma lenda plausível, mas longe da verdade. Historiadores renomados já demonstraram que tradicionalmente o brinde é feito em honra de alguém. Uma das versões mais aceita vem da Grécia antiga: durante suas famosas celebrações, parte da bebida era derramada em homenagem aos Deuses de então. Curiosamente este é um hábito bem comum no Brasil ao se beber a tradicional pinga: o “Santo” sempre ganha o gole dele.

Homenagear o anfitrião ou aquele que provê a bebida foi o próximo passo. Brindava-se à sua saúde e para que sempre mantivesse a boa vontade de convidar seus amigos para desfrutar um bom vinho ou outra bebida.

Para conhecer mais sobre este hábito, convido os leitores para um pequeno passeio sobre as diferentes expressões usadas para brindar em vários países. Uma boa pedida neste momento olímpico. Quem sabe não brindaremos com um novo amigo estrangeiro?

Começamos pela Grécia. A palavra mais usada é YΓΕΙΑ (yamas) que é pronunciada assim (clique no link):

http://pt.forvo.com/search/%CE%A5%CE%93%CE%95%CE%99%CE%91/el/

Significa saúde.

Os franceses usam indistintamente “Santé” (saúde) ou dizem “A la votre”, que é o mesmo que usamos no Brasil: “à sua”, respondido com “a nossa”. Eis as pronúncias:

Santé – http://pt.forvo.com/search/sant%c3%a9/

A la votre – http://pt.forvo.com/search/%c3%80%20la%20v%c3%b4tre/

Na Itália o brinde é feito com “Salute”

http://pt.forvo.com/search/Salute/

Nos países de língua espanhola há uma quase unanimidade em torno de “Salud”, inclusive na Galícia. Catalões usam “Salut” e os Bascos preferem “Topa”, que significa brinde. As pronúncias estão nestes links:

Salud – http://pt.forvo.com/search/salud/

Salut – http://pt.forvo.com/search/salut/ca/

Topa – http://pt.forvo.com/search/topa/eu/

Na Inglaterra e EUA o ato de brindar é chamado de “Toast”, que traduzido literalmente significa “torrada”. Vem de um costume muito antigo, quando o vinho ainda era uma bebida feita sem muito cuidado. Colocava-se um pedaço de pão torrado dentro da taça para melhorá-lo e ter alguma coisa para comer, também.

As expressões mais usadas são “Cheers”, uma gíria para “obrigado” que é usada também como despedida (adeus), e “Bottoms up” ou “fundos para cima” que tem uma explicação muito interessante.

Os primeiros copos não tinham fundos planos e não podiam ser colocados cheios sobre qualquer apoio, o líquido derramava. Para descansar a taça, era necessário tomar todo o conteúdo e emborcá-la na mesa, com o fundo para cima. Era considerado, inclusive, um ato de elegância, mostrando ao anfitrião que a bebida era boa!

Pronúncias:

Cheers – http://pt.forvo.com/search/cheers/

Bottoms up – http://pt.forvo.com/word/bottoms_up%21/#en

“Prost” é a saudação popular dos alemães. Veio do Latim, “prosit”, significando “beneficente”, por extensão “à sua saúde”. Outra expressão muito usada é “Zum wohl”, uma forma ampla de brindar e desejar boas coisas a todos. Eis os links:

Prost – http://pt.forvo.com/search/prost/de/

Zum whol – http://pt.forvo.com/search/Zum%20Wohl!/

Há quem faça uma distinção: usam Prost para cerveja e Zum whol para o vinho…

Países escandinavos usam “Skål” com pequenas variações. O significado varia entre saúde, honra, felicidade e até “bebam tudo”.

Neste link as pronúncias em sueco, dinamarquês e norueguês:

http://pt.forvo.com/search/skal/sv/

Islândia (feroês) – http://pt.forvo.com/search/Sk%C3%A1l%21/fo/

Na Finlândia é assim: Kippis ou alegria, boa saúde.

http://pt.forvo.com/search/Kippis/

Outra expressão muito conhecida é a usada por países como Eslovênia, Rússia, Polônia, entre outros: “Na zdrowie” (com variações de grafia e pronúncia). Brindam a boa saúde ou pode ser interpretado como uma benção.

Para não falar errado:

Polonês – http://pt.forvo.com/word/na_zdrowie/#pl

Russo – http://pt.forvo.com/word/%D0%BD%D0%B0_%D0%B7%D0%B4%D0%BE%D1%80%D0%BE%D0%B2%D1%8C%D0%B5/#ru

Os árabes usam “Fe sahetek” ou boa sorte (não são muito de beber). Em Israel a mais popular é “L’chaim”, mas usam “Mazel tov”, também, para desejar sucesso ou boa saúde.

Árabico (procurem por semelhança) – http://pt.forvo.com/search/%d9%81%d9%89%20%d8%b5%d8%ad%d8%aa%d9%83/

L´chaim – http://pt.forvo.com/search/L’chaim/

Mazel Tov – http://pt.forvo.com/search/mazel%20tov/yi/

Para encerrar os países orientais.

A saudação japonesa é muito conhecida, “Kampai”, que pode ser traduzido e adaptado para “esvaziem seus copos”.

http://pt.forvo.com/search/kampai/

Os chineses preferem usar “gan bei”, com o mesmo significado.

http://pt.forvo.com/search/g%C4%81n%20b%C4%93i/zh/

Na Coreia é assim que brindam:

http://pt.forvo.com/search/%ea%b1%b4%eb%b0%b0/

Para aqueles leitores com curiosidade infinita, neste link em inglês estão diversas outras saudações:

http://www.omniglot.com/language/phrases/cheers.htm

Saúde e bons vinhos!

Vinho da Semana: para brindar em qualquer idioma. “Mabuhay!”

brd 2Villa Elena Negroamaro Salento IGP 2013

Frutas vermelhas frescas, notas defumadas e toques de especiarias doces. Corpo médio, com taninos finos e acidez equilibrada. Seu final de boca é frutado, elegante e agradável.

Harmoniza com carnes vermelhas grelhadas com molhos de média intensidade, preparações a base de carnes de porco, massas com molhos a base de ragu, queijos duros.

Podemos treinar o nosso paladar?

Textos sobre a relação dos nossos cinco sentidos com o vinho são frequentes na nossa coluninha, o paladar, junto com o olfato, são os mais significativos.

Na matéria intitulada “O que um Enófilo busca no vinho”, publicada em 27/05/2016 (http://www.oboletim.com.br/2016/05/27/o-que-um-enofilo-busca-no-vinho/) a leitora Cristina Cormack, de Goiânia, colocou algumas questões, respondidas nos comentários. Entre elas, esta que motivou a coluna de hoje:

“Existe uma técnica para treinar paladar e olfato”?

Não acho o termo “treinar” adequado para o propósito de aprender a identificar sabores dos alimentos e bebidas, prefiro usar a palavra educar ou apurar.

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Curiosamente o nosso paladar já vem basicamente educado de fábrica.

Sabemos, desde muito jovens, perceber doce, amargo, salgado e azedo. Estamos preparados, inclusive, para identificar diferentes nuances ou intensidades destes sabores primários.

À medida que experimentamos novos alimentos, vamos criando uma biblioteca de sensações que vai, mas tarde, definir o que nos agrada ou não.

São combinações, em diferentes níveis, das quatro sensações definidas como originais de fábrica. Como tudo mais, existem pessoas que não são capazes de perceber todas estas coisas, são pontos fora da curva.

Imagine-se, por um momento, como Chefe de Cozinha de um renomado restaurante. Sua ferramenta mais importante é o paladar. Ao criar um prato, é preciso estar certo que há um equilíbrio entre tudo o que está ali: não pode estar muito salgado nem doce demais, picante na medida certa, untuoso sem ser enjoativo, nem demasiadamente úmido ou seco.

Tem que combinar tudo isto sozinho, confiando na sua “boca” e na sua biblioteca de aromas e sabores.

Numa escala proporcional, um Sommelier e um Enólogo passam pela mesma situação. O primeiro quando avalia um vinho a ser indicado ou servido para um cliente e ou segundo ao produzi-lo.

Para um Enófilo ou simples apreciador de um bom vinho as exigências são muito menores. A primeira sensação que devemos ter sempre presente é saber se o vinho está em condições de ser consumido, ou não, o que pode ser percebido pela cor e aroma. A menos que seja por pura curiosidade, e risco por sua conta, ninguém em sã consciência vai provar um vinho azedo.

Se tudo estiver como esperado, a fase de provar o vinho vai nos certificar se gostamos ou não do seu sabor e, para isto, o nosso pacote de fábrica é perfeito.

Entram em cena as diversas descrições propostas por críticos especializados, Sommeliers e Enólogos, todos em busca de seduzir o comprador para este ou aquele vinho.

Será que perceber, pelo menos uma, daquelas descrições típicas é realmente importante para quem vai beber o vinho?

Seguir o rito básico de cheirar, agitar, provar, vai mudar muito a nossa experiência ao saborear um vinho, icônico ou não?

Resumindo: podemos educar ou apurar o nosso paladar até atingir a capacidade de perceber todas as nuances descritas?

Sim, podemos, mas nem todos vão conseguir chegar lá. Cada um de nós vai desenvolver um conjunto de percepções diferentes, e o que pode ser muito bom para uns talvez não corresponda, desta maneira, para um outro grupo.

As descrições nos contrarrótulos nos ajudam a escolher um vinho que agrade ao nosso paladar, mas para tal precisamos saber o que significam “frutas vermelhas”, “notas florais”, etc…

A melhor maneira de aprender é por comparação, se possível com a ajuda de uma pessoa mais experiente que oriente uma degustação nestes moldes. Obviamente se alguém nunca comeu cereja, amora, framboesa ou morango, jamais vai poder identificar a família de aromas e sabores das “frutas vermelhas”.

Comecem por aí. Procurem descobrir o que são notas florais visitando uma loja de flores ou uma plantação delas. Os diversos tipos de frutas, vermelhas, brancas, amarelas, estão sempre disponíveis em feiras livres e mercados.

Especiarias, cravo, canela, noz mascada, pimentas diversas e as ervas como alecrim, funcho, manjericão, salsa, serão percebidas e identificadas facilmente em lojas dedicadas a este segmento (Bombay, Casas Pedro, etc) e também em algumas bancas dos mercados livres. Procurem pelas ervas frescas e pelas secas e notem as diferenças. Habituem-se a usar estes temperos em sua alimentação caseira, uma maneira simples e deliciosa de apurar o seu paladar.

Profissionais do vinho educam continuamente seu paladar, principalmente os que têm por objetivo obter algum certificado de excelência com o WSET, uma espécie de PhD do vinho.

A prova, muito difícil, envolve identificar às cegas, uma série de vinhos. Não basta identificá-los, simplesmente, é preciso escrever uma pequena análise sobre cada um. Não é para todos, um grande desafio, cujo principal resultado é a satisfação pessoal.

Para os simples mortais, basta saber que há aromas e sabores que nos seduzem.

Saúde e bons vinhos!

Vinho da Semana: um bom Cabernet para testarmos o nosso palato.

Pal 2Grand Estates Cabernet Sauvignon 2013

Vermelho-rubi intenso.

No nariz, predominam aromas intensos de groselha, um aveludado chocolate e frutas vermelhas maduras.

Leve e potente, evidencia ótimos taninos integrados a delicadas notas de frutas.

Mais Alguns Mitos – final

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Anidrido sulfuroso, dióxido de enxofre, SO2 ou simplesmente “sulfito”, é um composto químico com propriedades antissépticas, antibacterianas e antioxidantes que auxilia, também, na extração dos compostos fenólicos que são os responsáveis pela cor e taninos nos vinhos tintos. Este conservante é adicionado ao vinho por suas importantes propriedades.

O uso dos sulfitos é bem antigo, os romanos queimavam velas feitas de enxofre, dentro das ânforas, para evitar que o vinho avinagrasse. A partir de 1900, os compostos à base de enxofre foram introduzidos, definitivamente, no processo de vinificação, impedindo a proliferação de bactérias e fungos.

Rigorosamente controlado por legislações específicas, sua quantidade máxima muda de país para país. O único ponto em comum é a obrigatoriedade de constar um aviso no rótulo ou contrarrótulo, como na imagem acima.

Existe uma razão: algumas pessoas são sensíveis aos sulfitos, mesmo em baixas concentrações, uma parcela menor que 1% da população mundial. Decorre disto o mito de hoje: que a famosa enxaqueca é a consequência da presença deste composto.

Não é bem assim…

Um bom teste para descobrir se somos afetados pelos sulfitos do vinho é degustar alguns damascos secos. Eles contêm cerca de 2.000 ppm (partes por milhão) de SO2 para poder manter sua estrutura, cor, sabor e durar por algum tempo nas embalagens. Um bom vinho tem, em média, 50 ppm, chegando a um máximo de 100 ppm (vinhos de sobremesa).

Neste ponto começamos a desmontar o mito: existem produtores que declaram que seu vinho é livre de sulfitos.

Não é verdade, estes vinhos têm uma quantidade entre 10 a 40 ppm e devido a um arabesco nas legislações, não são obrigados a declarar, como os demais, que contêm sulfitos.

Assim como as pessoas que são sensíveis à presença de compostos sulfurosos, os vinhos livres de sulfitos ficam com menos de 1% do seu universo, ou simplesmente, não existem.

Mais um mito detonado, mas…

E a dor de cabeça, a enxaqueca?

Infelizmente existem pessoas que têm reações alérgicas por conta das histaminas presentes no vinho. Dor de cabeça e um pouco de náusea são os sintomas mais conhecidos, nada que um antialérgico OTC não resolva.

Uma outra explicação vem de um trio de fatores, bem conhecido por todos, baixo nível de açúcar no sangue, desidratação e fadiga. Estes seriam os verdadeiros culpados por ressacas e enxaquecas.

Cuidado, então, ao decidir afogar as mágoas no vinho!

Existem produtores orgânicos e biodinâmicos, outro mito já explicado, que evitam colocar este polêmico conservante em seus vinhos. Obviamente que a vida útil destes produtos é muito limitada e encontrar um destes é quase como acertar o grande prêmio de uma loteria.

Se achar um, sorte sua.

Saúde, bons vinhos!

Vinho da Semana: lá da terrinha, novidade por aqui.

Sul 2Lagoalva Tinto 2014 – $

Elaborado com um corte das melhores castas portuguesas, de modo a obter um vinho equilibrado e complexo.

Com coloração rubi, é um vinho elegante, com intenso aroma de frutas vermelhas e notas de baunilha.

No palato, é redondo e equilibrado, uma delícia de beber.

 

Mais Alguns Mitos – 2

Este mito poderia ser desdobrado em vários outros, há quem ache essencial os aromas e sabores introduzidos pela passagem por barris de carvalho e há quem deteste os vinhos “madeirados”.

Para complicar e fazer a alegria dos mais exigentes, existem diversas origens para esta mágica madeira que melhora vinhos e destilados: França, América do Norte, Eslovênia, entre outros.

Para alguns apaixonados, só vale carvalho francês e de uma determinada floresta.

Menos, menos!

O mito, tema da coluna de hoje, tem um importante pano de fundo: barricas de carvalho são caras e nem toda a vinícola é capaz de ter sempre material novo, a cada safra, fabricado com matéria-prima francesa oriunda da floresta de Tronçais, talvez a mais famosa de todas (as outras são: Allier, Limousin, Nevers e Vosges).

Cada barrica básica custa cerca de 600 dólares ou mais, lembrando sempre que sua a produção é limitada. As árvores de carvalho levam décadas até chegar no ponto de corte.

Para vinhos de ponta, estes barris são usados uma única vez. Os usos posteriores são para os produtos de segunda linha e sua influência diminui a cada nova rodada. Ao final de sua vida útil são revendidos para destilarias ou indústria de mobiliário, recuperando-se parte do investimento.

Como explicar os vinhos de boa relação custo-benefício que passam por madeira?

Existem alternativas, boas e baratas, que foram desenvolvidas para atender a produtores que estão muito distantes dos principais centros de fabricação destes barris ou que buscam formas de acrescentar madeira aos seus vinhos sem ter que fazer investimentos fabulosos que, certamente, impactariam no preço final ao consumidor.

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Empresas especializadas fornecem o mesmo carvalho na forma de serragem, cavacos, aduelas, dominós e até em líquido. Geralmente são produtores de barris também.

Os de uso mais comuns são as os cavacos e as aduelas. Se forem empregados na forma correta e no momento ideal, produzem resultados idênticos aos das barricas, por uma fração do custo. Por exemplo:

Numa barrica padrão de Bordeaux cabem 225 litros. A quantidade de cavacos de carvalho indicada para um volume como este, num tanque de aço inox, seria 700g, o que custaria, aproximadamente 5 (cinco) dólares. Uma enorme economia.

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Outra alternativa muito usada são as aduelas ou sarrafos de carvalho preparados para serem introduzidos nos grandes tanques, seja durante a fermentação ou após.

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Os resultados são surpreendentes e sabe-se que muitos produtores de ponta já adotaram esta técnica, embora ninguém declare, abertamente, o seu uso.

Mais um mito detonado: nem tudo que aporta aromas e sabores de madeira ao vinho, suaviza taninos e realça outras características vem de uma barrica de carvalho.

Saúde e bons vinhos!

Vinho da Semana: um bom italiano, da Úmbria.

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Vitiano Rosso 2013

Um corte de 34% Sangiovese, 33% Merlot e 33% Cabernet Sauvignon, que passa 3 meses em barricas de carvalho francês da floresta de Never.
Harmoniza com pratos de carne vermelha, massas com molhos estruturados, e queijos amarelos.

 

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