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Mais alguns mitos – 1

Nada é uma verdade absoluta no mundo dos vinhos e, por esta razão, mitos vão sempre existir. Enquanto alguns são derrubados, novos são criados.

Um tema que sempre é recorrente nas conversas entre enófilos são os vinhos vendidos como orgânicos ou biodinâmicos. Seriam realmente melhores que os demais?

Um amigo da juventude, Vicente, Engenheiro Químico, ficou revoltado quando inauguraram, aqui no Rio de Janeiro, o que teria sido o primeiro restaurante de “comida natural”. Foi uma revolução, mas gerou grandes controvérsias. Vicente, indignado, chegou a imaginar um “restaurante artificial” onde o prato principal seria um “Filé Plastic”, em homenagem a uma massa plástica usada em reparos automotivos.

Mesmo nos tempos atuais ainda é complicado falar em alimentos não naturais e assemelhados. Mencionar vinhos orgânicos ou biodinâmicos levanta a mesma série de questões. Existiria um vinho não natural?

O maior problema em compreender esta classificação está no fato de que ela se aplica, quase que exclusivamente aos vinhedos e, dependendo da legislação de cada país produtor, a definição de “orgânico” pode ser muito ampla.

Cultivos orgânicos, sejam de uvas, outros alimentos ou animais, buscam minimizar o uso de produtos químicos como defensivos agrícolas ou agentes que estimulem o crescimento, entre outros. Até o emprego de implementos agrícolas mecanizados na lavoura pode ser visto como algo inorgânico. Por exemplo, cito a Borgonha e seu mais famoso vinhedo, Romanée-Conti, onde somente cavalos são usados para o transporte da colheita e para a manutenção.

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Quando as uvas chegam na cantina e se inicia a vinificação, manter todo o processo como orgânico é muito complicado. Analisando a legislação norte-americana, vamos descobrir que podem ser usados cerca de 70 aditivos permitidos na elaboração, dita orgânica, mesmo sabendo que alguns são sintéticos, sem os quais não seria possível nem começar a fermentação nas condições sanitárias adequadas.

Um destes produtos, um antigo e eficiente fungicida agrícola, conhecido como Calda Bordalesa (Mistura de Bordeaux), nada mais é que a combinação de sulfato de cobre, cal e água.

Isto tudo é orgânico?

Segundo alguns especialistas, sim!

Outro bom exemplo é o ácido tartárico, principal ácido do vinho que lhe garante saúde e longevidade. Quando a quantidade necessária não é obtida na vinificação, não só é lícito como desejável acrescentá-lo para fazer as correções necessárias.

Orgânico?

Elementar meu caro Watson, ou se preferirem, mito não confirmado, como diriam os apresentadores do Mythbusters (Caçadores de Mitos) do Discovery Channel.

O melhor seria que estes vinhos fossem identificados como “elaborados com uvas de cultivo orgânico” e não como vinho orgânico.

Ao pé da letra, ou todos são ou nenhum é. Vocês decidem…

Saúde e bons vinhos!

Vinho da Semana: para comemorar, neste domingo 10/07, o dia da Pizza.

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Vinho de boa expressão, com frutado intenso muito agradável e elegantes notas de carvalho.

Os taninos e a acidez bem integrados dão um paladar com muita harmonia.

Final de boca de boa persistência.

Harmonização: Merlot é uma casta que produz vinhos fáceis de harmonizar com diversos tipos de pratos. Perfeito para as pizzas tradicionais

 

Almoço de domingo

Dia universal da “fiaca”, e lá fomos nós para a residência de Mario Sergio e Christina para um fabuloso almoço dominical. Cecília nos levou. Mario e Ana Lucia completaram o grupo.

A proposta?

Muito simples: boa comida, bons vinhos e a companhia dos amigos num papo que não tinha fim. Falou-se de tudo, resolvendo os mais variados problemas do Brasil e do Mundo.

Para abrir os trabalhos, fomos brindados com um Gran Enemigo Cabernet Franc 2010, elaborado por Alejandro Vigil para as Bodegas Aleanna. Um vinho encantador que recebeu, entre outras notas, 95 pontos de Parker.

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Para divertir o paladar, diversos amuse bouche foram servidos enquanto o prato principal, pato recheado com foie gras, acabava de assar.

Como era domingo e ninguém estava muito preocupado com nada, gastávamos o tempo apreciando pequenos Welsh Rarebits temperados com curry, ou empadinhas abertas de diversos sabores, a garrafa, como num passe de mágica, esvaziou.

Era hora do segundo vinho, um interessante Malbec californiano, o McKenzie-Mueller 2010, outro rótulo bem avaliado. Muito interessante e com características que lembravam mais um Syrah australiano do que um Malbec argentino. Quase impossível de comprá-lo por aqui, é produzido em pequenas partilhas que ficam nos EUA mesmo.

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Pasteizinhos de carne e outras delícias eram oferecidas a todo instante, só o pato não estava cooperando: uma informação, preciosa, vinda da cozinha informava que um dos patos estava quase no ponto, mas o outro ainda estava um pouco duro. Paciência…

Para aguardar, partimos para a primeira das duas garrafas trazidas por Mario e Ana Lucia, o super-toscano Tassinaia 2007, saboroso corte de 34% Sangiovese, 33% Cabernet Sauvignon e 33% Merlot. Muito bem pontuado, Galloni deu 94 pontos, foi uma brilhante sequência às duas garrafas anteriores.

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Mas o pato ou melhor, os patos não estavam a fim de colaborar, afinal era domingo, “la fiaca”, “preguiça”, etc…

Abrimos a quarta garrafa, desta vez um espanhol, o Salanques da premiada vinícola, Mas Doix, do Priorado. Recebeu 94 pontos de Parker. Um elaborado corte de 65% Garnacha, 15% Cariñena, 10% Syrah, 5% Merlot, 5% Cabernet Sauvignon.

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Excelente vinho, mas com aromas e sabores muito favoráveis para harmonizar com o pato. Optamos por reservá-lo para depois. Sendo assim, avançamos sobre a adega de Mario Sergio: as quatro garrafas, originalmente pensadas apara o evento, já não estavam mais disponíveis…

O problema, neste momento, era decidir o que seria aberto. Estávamos fazendo um giro pelos grandes produtores, Argentina e EUA do novo mundo, Itália e Espanha do velho mundo. Cecilia quase que exigia um Tempranillo, mas foi voto vencido.

Escolhemos um português top, o Duas Quintas 2004, reserva especial, do Douro. Um corte de diversas uvas regionais, Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinta Roriz, Tinto Cão, Tinta Barroca, Tinta Amarela, Tinta Francisca, Tinta da Barca, Souzão e Bastardo, que recebeu 92 pontos de Parker, além de diversos prêmios internacionais.

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Estávamos nos deliciando com este precioso vinho quando, finalmente, os patos e outras delícias foram servidas.

Todos à mesa, inclusive o Salanques!

Para acompanhar a “Pièce De Résistance” havia uma salada, arroz cítrico e batatas sautée. Parodiando um dos convidados, “um verdadeiro manjar dos deuses”.

Obviamente que a solitária garrafa remanescente do quarteto original não era suficiente para os vorazes apetites. Para alegria de D. Cecilia, apreciadora de carteirinha desta uva icônica da Espanha, um Tempranillo foi aberto e servido. E não era qualquer um não…

Pago de Los Capellanes 2009, Crianza, Ribera del Duero, foi o rótulo escolhido. Um corte de 90% Tinto Fino (Tempranillo) e 10% Cabernet Sauvignon, que recebeu 93 pontos da Wine Spectator.

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O capítulo final foram as sobremesas, pastel de nata seguido de uma tradicional “Apple Pie à lá Mode”. Tudo quentinho “comme il faut”. Para acompanhar, um Monbazillac, que ninguém é de ferro…

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Um lindo fim de dia nos aguardava.

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Supimpa!

Saúde e bons vinhos!

Vinho da Semana: está com preços promocionais até meados de julho, aproveitem.

 

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Ótimo Tempranillo, corpo medio, fácil de beber e perfeito para se harmonizar com uma gama bem ampla de pratos!

 

Confraria do Padreco no Zot

Esta turma sabe aproveitar as boas coisas da vida, amigos de longa data, boa comida e boa bebida. A confraria do Padreco é muito ativa. Para este encontro escolheram o sempre bom Zot (R. Bolivar, 21, Copacabana) tendo como tema genérico “vinhos franceses”, assim mesmo, sem muitas frescuras, mas de forma subentendida, “muito bons vinhos franceses”.

O grupo é eclético e nisto reside toda a graça: há quem não goste de vinhos! Para eles, cervejas, Whisky e até mesmo uma boa pinga. O quadro etílico se completava com um espumante e um Porto.

A noite prometia.

Novamente fui convidado para ajudar a organizar os trabalhos, tarefa que exigiu muita atenção dada à qualidade dos vinhos. Minha contribuição não era francesa e nem mesmo um corte Bordalês elaborado em outro país. Apostei num vinho brasileiro e bem diferente, o bom Inominable Lote V, um elegante e original corte da Vinícola Villagio Grando, em Santa Catarina.

Este vinho é produzido com vinificações feitas (safras) em 2004, 2005, 2006, 2007, 2008 e 2009. As castas utilizadas foram: Cabernet Franc, Cabernet Sauvignon, Merlot, Malbec, Pinot Noir, Petit Verdot e Marselan. Depois de cortado, passou por um estágio de seis meses em carvalho francês novo durante 180 dias.

Iniciamos os trabalhos por ele. A ideia era criar, não só uma referência, mas também contrastar com o que fosse consumido depois.

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Um vinho desconhecido que agradou a todos que o degustaram. Logo queriam saber mais e onde adquirir. Em face do que estava à disposição para ser consumido em seguida foi uma ótima recepção para o produto nacional.

O vinho mais antigo era um Côtes du Rhône de 2003, Domaine de LA Grangette Saint-Joseph.

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Decidimos abri-lo e decantá-lo, reservando para mais tarde.

O leque de opções era bem variado. Nova garrafas chegavam a todo momento. Optamos por uma degustação tipo horizontal, passando do vinho mais novo ao mais velho, sem nos importarmos muito com as regiões produtoras. Bordeaux dominava claramente. Prevaleceria a máxima “Vinhos Franceses”.

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O grupo, originalmente estimado em 8 ou 9 confrades, rapidamente já havia crescido para 14 pessoas. Outros rumos tiveram que ser tomados.

Como estavam preocupados com o que aconteceria com a turma após um bom número de garrafas, decidiram começar pelas duas melhores e deixar as demais abertas e ao alcance de quem preferisse uma ou outra.

Escolhi estes dois vinhos como os mais significativos até aquele momento:

Um Grand Cru de St. Emilion, o Chateau Le Chatelet, safra 2005 e um Grand Cru Classe, o Chateau La Lagune 2006.

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Ambos corretíssimos, perfeitos para os amantes dos aromas e sabores dos vinhos mais famosos do mundo: couro molhado, tabaco, taninos impressionantemente quietos mas presentes, enfim, vinhos que precisam de paladar apurado para serem apreciados.

Seguiram, sem uma ordem exata já que era difícil manter as garrafas fechadas, os seguintes vinhos:

Um Pinot da Borgonha de François Labet, 2013, que estava no nível dos melhores;

Chateau Margerots 2012, outro bom bordalês, ainda jovem;

La Croix D’Austeran, 2015, muito jovem, mas quem estava preocupado com isto…

Um Malbec de Cahors, Ch. Chevaliers de Lagrezette, 2004, bem diferente dos argentinos que estamos habituados, boa surpresa.

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O vinho no decantador aguardava sua vez quando chegou outro Cotês du Rhône, o Les Combes de Saint-Sauveur, 2015. Partimos para uma degustação comparativa.

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12 anos de diferença separavam estas garrafas da mesma região. Vale a pena lembrar que, na opinião de Robert Parker, o Vale do rio Rhône produz alguns dos melhores vinhos da França e por consequência, do mundo.

A denominação Côtes du Rhône (encostas do Rhône) abrange uma longa extensão indo desde Vienne, no norte, até Avignon no sul (200Km). As castas mais utilizadas são Grenache, Syrah, Cinsault, Carignane, Counoise e Mourvèdre.

Como todo jovem, o de safra mais recente não era páreo para o excelente 2003. Sem dúvida uma deliciosa oportunidade de confrontar diferentes gerações de vinhos.

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Para acompanhar foram servidas diversas tábuas de frios, pães diversos e alguns pratos do cardápio do dia. As demais garrafas foram consumidas (espumante, Whisky, etc) e a festa, já num grupo reduzido, acabou no típico programa boêmio de antigamente, “pizza no Caravelle”, que fica ali do lado.

Isto é Confraria!

Saúde e bons vinhos!

Vinho da Semana: temos que nos curvar, eventualmente, aos franceses.

VinhoChâteau Labadie Cru Borgeois 2009

50% Merlot, 42% Cabernet Sauvignon, 4% Petit Verdot e 4% Cabernet Franc

Aromas de frutas vermelhas maduras, como cerejas e framboesas, notas de alcaçuz e especiarias, além de toques defumados e de chocolate.

No palato apresenta corpo médio, com taninos sedosos e boa acidez. Seu final de boca é elegante, destacando-se por notas defumados e toques de cerejas e figos.

Harmonização: Carnes vermelhas com molhos intensos, preparações à base de carnes de cordeiro, caça, massas recheadas com ragu de carne e queijos maduros.

Dois Concursos Importantes

Expovinis e seus “Top Ten” e o Decanter World Wine Awards (DWWA), divulgaram o resultado dos seus concursos anuais. Alguns vinhos brasileiros se destacaram, principalmente na prestigiada lista da revista inglesa.

Acompanhar estas relações de vinhos premiados faz parte de vida de enófilos mais apaixonados, embora às vezes seja enfadonho e frustrante. As listas podem ser enormes, cheias de prêmios que não se compreende bem e de vinhos que desaparecem do mercado num piscar de olhos.

O que se tira de bom é saber quem está produzindo o que e, a partir disto, buscar outras alternativas não só mais fáceis de serem adquiridas mas, com relações de custo x benefício mais favoráveis.

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A 20ª edição da mais importante feira de vinhos no Brasil aconteceu em S. Paulo entre os dias 14 a 16 de junho. Um dos pontos altos é a divulgação dos melhores vinhos, escolhidos por um painel de degustadores.

Eis o resultado em cada categoria:

Espumante brasileiro: Gran Legado Brut Champenoise – não safrado

Espumante importado: Hunters Miru Reserve (Nova Zelândia) – não safrado

Branco brasileiro: Don Guerino Sinais Sauvignon Blanc (não foi informada a safra)

Branco importado: Gomila Single Vineyard Selection Sauvignon Blanc (Eslovênia) (não foi informada a safra)

Rosado: Domaine D’Estienne Coteaux Varois en Provence 2015 (França)

Tinto brasileiro: Lidio Carraro Agnus Tannat (não foi informada a safra)

Tinto Novo Mundo: Ballena Azul Family Reserve (Chile) (não foi informada a safra e nem o corte)

Tinto Velho Mundo – Península Ibérica: Clos del Mas (Espanha) (não foi informada a safra)

Tinto Velho Mundo: Il Brecciolino (Itália) (não foi informada a safra) – Merlot, Petit Verdot, Sangiovese

Fortificados e Doces: Quinta do Sagrado Vintage 2011 (Portugal)

Uma lista interessante e equilibrada, com destaques para o vinho esloveno e o espumante neozelandês, pouco comuns por aqui. Vale a pena lembrar que para este concurso as amostras são submetidas pelos produtores ou importadores que participam da feira. Alguns dos vinhos premiados ainda não têm um distribuidor oficial no Brasil e outros ainda não estão à venda, o que torna a busca por estas garrafas uma verdadeira caça ao tesouro.

Decanter World Wine Awards

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Esta revista inglesa é uma das mais importantes do mundo, contando com opinião de especialistas muito renomados. O DWWA está na sua 12ª edição, sendo considerado como o maior e mais respeitado concurso de vinhos do planeta.

Anualmente são analisadas cerca de 15.000 amostras, enviadas diretamente por seus produtores, através de um elaborado sistema de logística.

O julgamento é dividido em setores (painéis) contando com a colaboração de centenas de profissionais do vinho, Sommeliers, Enólogos, Jornalistas, Gastrônomos, etc., que enfrentam uma verdadeira maratona de degustações.

As premiações estão divididas em: Melhores do Ano; Platina; Ouro; Prata; Bronze e Comenda. Uma extensa relação que pode ser pesquisada no site da revista (em inglês), neste link:

http://awards.decanter.com/DWWA/2016

Destaques

Vinte e três vinhos brasileiros foram premiados, mostrando que a nossa produção evolui positivamente. Três resultados foram particularmente importantes:

Casa Valduga Leopoldina Chardonnay 2015 – Platina

Casa Valduga Terroir Leopoldina Merlot 2012 – Platina

Vinícola Guaspari Vista do Chá Syrah 2012 – Ouro

Apenas 130 vinhos receberam a medalha de Platina, o que faz este resultado ser muito importante para a Casa Valduga, premiando anos de trabalho em busca de uma qualidade cada vez melhor. Merece o nosso aplauso.

Entre os trinta vinhos selecionados como os Melhores do Ano, estão alguns chilenos e argentinos, sempre presentes nas boas lojas de vinho:

Asda La Moneda Reserva Malbec 2015 (Chile) – 85% Malbec, 15% Syrah  

Cono Sur Single Vineyard Block 23 Rulos del Alto Riesling 2015 (Chile)

De Martino Colinas Del Itata Old Vine Field Blend 2014 (Chile) – 70% Moscatel, 30% Korinthiaki  

Errazuriz Sauvignon Blanc 2015 (Chile)

J. Bouchon Canto Sur 2015 (Chile) -50% Carmenère, 25% Carignan, 25% País

Miguel Torres Días de Verano Reserva Muscat 2015 (Chile)

Zuccardi Tito 2013 (Argentina) – 80% Malbec, 10% Cabernet Sauvignon, 10% Ancellotta

Bons vinhos, saúde!

Vinho da Semana: para completar o quarteto sul americano, um belo vinho do Uruguai que recebeu medalha de ouro para a safra 2014, que ainda não está à venda. Enquanto isto…

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Garzón Tannat 2013

Aromas de frutas vermelhas e negras maduras, notas de especiarias e toques defumados.

Médio corpo, com equilíbrio impressionante entre a riqueza de taninos, muito aveludados, e a potência dos sabores frutados.

Harmonização: pratos à base de aves com especiarias, guisados de média intensidade e queijos de leve maturação.

Sommelier, Escanção

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Aprender sobre vinhos conhecendo a etimologia dos termos mais usados neste universo é uma das interessantes formas de se tornar um conhecedor respeitado. Sommelier ou Escanção significam a mesma coisa.

O termo francês é o mais usado em todo o mundo. Qualquer bom dicionário vai explicar o seu significado:

– Um profissional especializado, encarregado em conhecer os vinhos e de todos os assuntos relacionados ao serviço deste.

Na França medieval, os nobres encarregavam uma pessoa para cuidar dos bens que seriam transportados numa viagem. Esta pessoa era o Sommelier.

Este nome deriva de “somier” ou besta de carga. Quem a manejava seria o “sommerier” que tinha, além do animal, as cargas sob sua responsabilidade. A palavra evoluiu naturalmente para “soumelier” e o seu significado passou a designar a pessoa responsável pelo transporte dos suprimentos. Com o passar dos anos uma nova modificação aparece na língua francesa surgindo o termo atual, “sommelier”, como sendo a pessoa encarregada de um tipo específico de carga.

Durante muitos anos coexistiram diversos tipos de Sommelier, de vinhos, de armas, de pães, etc… Com o tempo, o título ficou restrito a quem cuidava das bebidas e ás vezes dos charutos, o que é aceito até hoje.

Em diversos países se emprega o termo francês, inclusive no Brasil. Em Portugal preferem usar Escanção, que tem outra origem.

Alguns autores afirmam que este termo deriva da palavra gótica “skankja” que significaria “copeiro”.

Outra corrente recorre ao Latim, sugerindo que Escanção deriva de Scancio, o personagem que escancionava (repartir, dividir) vinhos na Roma antiga.

Em Portugal, este mesmo termo é empregado para designar, também, um profissional especializado, encarregado em conhecer as linguiças e cuidar da compra, armazenamento e rotação de porcos.

Curiosamente algumas confrarias francesas empregam “Echanson” para indicar o encarregado de provar e servir as bebidas. Na idade média este cargo era entregue a um oficial da corte, de total confiança do Rei. Só ele poderia lhe servir o vinho, garantindo que não estaria envenenado.

A profissão de Sommelier ou Escanção mudou muito ao longo dos anos. Já não é mais o copeiro especializado em bebidas de antigamente, evoluindo para uma profissão reconhecida e com múltiplas funções no mundo moderno, incluindo a escolha dos vinhos a serem comprados, elaboração de cartas de vinhos e harmonizações.

Ainda hoje, nas terras lusitanas, se discute qual termo deveria ser empregado. Acho que o uso de Escanção demonstra que não só os vinhos portugueses têm personalidade forte e marcante, mas toda a cadeia gastronômica também. Adotar o galicismo seria um retrocesso.

Portugal é o único país do mundo que homenageia seus Escanções, com uma bela estátua na Vila de Nelas, no Dão, inspirada na figura do profissional Fernando Ferramentas, que na época trabalhava no Hotel Aviz, em Lisboa.

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Precisa mais?

Saúde e bons vinhos!

Vinho da semana: para comemorar o Dia dos Namorados

 

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Nero d’Avola é a mais importante uva de vinho tinto na Sicília.

Seus vinhos são comparados aos Syrahs do novo mundo, com taninos doces e nuances de ameixa ou sabores apimentados na boca.

Harmoniza com carnes e massas com molho vermelho.

 

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