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Outras Castas Sul Americanas

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Malbec, Carménère e Tannat são mais que conhecidas por qualquer enófilo, seja iniciante ou experiente. São as estrelas dos tintos da América do Sul, verdadeiros ícones em seus polos produtores: Argentina, Chile e Uruguai.

Sempre em busca de novos caminhos, as principais vinícolas do cone sul começaram, curiosamente, a olhar para trás para desenhar um novo futuro. Castas que foram as mais plantadas, 100 anos atrás, e andavam esquecidas, ganharam uma nova vida, na mão de hábeis agrônomos e enólogos, entregando vinhos muito interessantes: País, Bonarda e Cariñena.

A casta País, também chamada de Mission, Criolla Chica e Negra Peruana, foi a primeira vitis vinífera trazida para o continente americano em 1520, segundo alguns autores, por Hernán Cortés. Ainda no século 16, missionários que a plantaram no México com o propósito de produzir o vinho de missa, expandiram suas fronteiras tanto para o norte (EUA) quanto para o sul (Peru, Chile e Argentina).

Durante muitos anos foi a uva mais plantada no Chile até ser suplantada pela Cabernet Sauvignon, já no final do século XX e início do século XXI. Esta varietal sempre produziu um vinho rústico, com pouco corpo e baixa acidez. Típico vinho de garrafão.

O seu renascimento se deve aos vinicultores que decidem reviver antigas técnicas de vinificação, empregando metodologias modernas, processo apelidado de “natural”: agricultura orgânica, um mínimo de intervenções em toda a elaboração e produções minimalistas. Resultou em alguns vinhos dignos de atenção: notas rústicas de frutas e aromas florais. Outros produtores preferiram empregar as mesmas técnicas de elaboração do Beaujolais, obtendo ótimos resultados.

A Miguel Torres, importante vinícola chilena, elabora um excelente e premiado espumante com esta casta, o Santa Digna Estelado Rosé.

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A casta Bonarda, conhecida em outras regiões como Charbono, Corbeau ou Douce Noir, também já foi a mais plantada, neste caso na Argentina, até ser deixada para trás por outras variedades, principalmente a Malbec.

A origem desta uva é muito antiga, existem registros do seu plantio pelos Etruscos há cerca de 3.000 anos, na região da Savóia, Itália. Chegou ao nosso continente pelas mãos dos imigrantes italianos: queriam fazer seu próprio vinho. Com o passar dos anos, foi relegada a segundo plano produzindo, apenas, vinhos de baixa qualidade vendidos em garrafões.

Vinificada da mesma forma que sua irmã maior, a Malbec, entregava vinhos com sabores marcantes, intensos e frutados, quase uma geleia. Foi preciso ajustar os processos de vinificação para que se obtivesse vinhos mais sérios e que atraíssem o consumidor final.

Macerações mais curtas utilizando cachos inteiros produziram vinhos mais leves e elegantes, perfeitos para o dia a dia. Plantada em terroirs selecionados, como o Vale do Uco, e vinificada nos modernos ovos de concreto, resultou em vinhos de alta qualidade e muito disputados, apesar de sua pequena produção e preço elevado.

Assim como a País, também produzem um bom espumante com a Bonarda. Mas o destaque fica para os vinhos de ponta, Zorzal Eggo Bonaparte Bonarda, El Enemigo Bonarda e Zuccardi Serie A Bonarda.

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A casta Carignan ou Cariñena é muito conhecida na Espanha e na França onde se junta com as uvas Grenache, Syrah e Mourvedre para produzir os famosos vinhos do Langedoc-Roussillon. A curiosidade fica por conta da sua existência no Chile, Argentina e Uruguai onde começam a se destacar com vinhos interessantíssimos.

No Chile foi plantada, originalmente, para dar mais estrutura aos vinhos elaborados com a País. São cerca de 700 hectares. Na Argentina encontramos apenas 80 ha e no Uruguai 485 ha.

Tipicamente uma uva usada em cortes, em 1995 o enólogo chileno Andrés Sanchez, da Gillmore, colocou no mercado um varietal e logo foi seguido por outras vinícolas. Para ajudar na divulgação deste novo estilo de vinhos, formaram o Clube da Carignan, reunindo as vinícolas Odjfell, De Martino, Torres, Valdivieso, Undurraga, Meli, Bravado Wines, Santa Carolina, Via Wines, Garage Wine, Canepa, Covica, Gillmore e Morandé, com o objetivo de elaborar vinhos de 1ª linha.

São vinhos especiais, de pouca produção e preços elevados, sejam eles varietais ou cortes onde predomina a Carignan. Argentina e Uruguai utilizam esta casta em cortes, mas já começam a aparecer alguns vinhos Premium com 100% desta preciosa uva.

Bons vinhos, saúde!

Vinho da Semana: um Carignan chileno com boa relação custo x benefício.

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Aromas complexos com frutas vermelhas e negras maduras, notas de baunilha e especiarias. Paladar rico, elegante, com estrutura firme, final longo e persistente.

Harmonização: Risoto de cogumelo fresco, pato assado com molho de ameixa, massas recheadas com molho rôti, queijos fortes e cordeiro.

Qual o seu “guru” vínico?

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Existem diversos críticos de vinhos, quase que um para cada tipo de gosto pessoal. Recentemente mencionamos Stephen Tanzer, que enfatiza a “finesse” de um vinho em suas análises. O conhecido Robert Parker ficou famoso por ter o seu estilo de vinhos associado ao gosto do público norte-americano.

Publicações especializadas preferem avaliar vinhos através de painéis de degustadores, afinal vivemos em grupos e esta opinião coletiva pode ser mais significativa que a de uma única pessoa.

Isto nos faz pensar na influência dos fatores subjetivos presentes numa degustação e nas razões que nos levam a transformar uma determinada opinião em verdade absoluta. Pode ser desde a sugestão do vendedor da loja de nossa confiança, passando pela de um Sommelier de um restaurante sofisticado ou até a do crítico ou publicação especializada que elegemos como nosso Guru.

Qual opinião vai estar menos sujeita a estes fatores subjetivos?

Algum leitor já se deu conta que cada degustador, inclusive nos mesmos, tem limitações de olfato e paladar que o leva a identificar mais facilmente uma gama de aromas e sabores em detrimento de outras?

Por esta razão, nem sempre o que está descrito numa ficha técnica de um vinho é identificado ou compreendido pelo consumidor final: não temos a combinação de olfato e paladar treinados para perceber aquelas nuances.

Um defeito clássico, como o TCA (Tricloroanisol), pode passar despercebido se o degustador não tiver sido informado do que se trata e como identificá-lo. Há pessoas que acham que este aroma faz parte da bebida e a degustam como se isto fosse o normal (cheiro de rolha mofada).

Compreender, em toda a sua dimensão, o que um crítico afirma ser um vinho equilibrado ou seco ou ainda oxidado pode ser uma tarefa hercúlea. O quadro pode ficar mais complexo se encontramos, nas nossas leituras e observações, opiniões conflitantes sobre um mesmo produto.

Isto é mais comum do que aparenta. Para nos defendermos desta enxurrada de opiniões “especializadas” (esta coluna inclusive) é necessário utilizar novos filtros, não bastando ter boca e nariz treinados. Nem mesmo numa degustação em grupo pode haver consenso.

Para começo de conversa, nenhum crítico, por mais famoso e poderoso que seja, deve ser tratado com um Deus. São apenas humanos e falíveis como qualquer outro habitante deste planeta. O mesmo raciocínio se aplica aos grupos de críticos.

O que precisamos fazer é ajustar o nosso gosto a um perfil de informações que seja fácil de conseguir e que realmente acompanhe a evolução do mercado de vinhos. A nossa satisfação vem em primeiro lugar, sempre.

Não existem regras fixas para isto. O que funciona para um pode não funcionar para outro. Obviedades se destacam, ler e degustar talvez seja a mais importante delas.

Escolham um Guru e mantenham-se fiéis a ele até sentirem confiança para buscar outros caminhos. Só assim vai se absorvendo o jargão próprio e moldando o nosso entendimento com relação à acidez, aos taninos, corpo, equilíbrio, etc…

Esta regra, a seguir, não tem exceções: todos os profissionais do vinho têm um ou muitos gurus. No mínimo tiram suas dúvidas com um grupo que, em determinadas situações, são considerados como “a referência”. Não há nenhum demérito nisto.

Apenas façam as escolhas que sejam as mais convenientes.

Bons vinhos, saúde!

Vinho da Semana: dia 14 de abril foi o Dia do Malbec argentino. Eis a nossa homenagem

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Kaiken Reserva Malbec 2013

Delicioso e cativante tinto, dotado de um exuberante bouquet de frutas vermelhas e notas tostadas, recebeu 91 pontos da Wine Spectator na safra 2013, a mais alta nota já concedida pela revista para um Malbec nessa faixa de preço.

Harmoniza com carnes, costela, massas.

Considerações sobre o relatório Tanzer – Argentina 2016

Stephen Tanzer é um renomado crítico norte-americano de vinhos, que enfatiza em suas análises o refinamento de um vinho em lugar do que Parker denominou como “potência”. Recentemente publicou seu relatório sobre a Argentina.

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Uma extensa e detalhada análise que passeia sobre condições climáticas, condições do solo, diferentes regiões produtoras e culmina com a degustação de mais de 1.000 vinhos de diferentes vinícolas. Cerca da metade destes vinhos não atingiu o nível de qualidade deste exigente autor e, por isso, nem foram mencionados.

A leitura atenta deste trabalho demonstra que, desde 2013, os vinhos argentinos vêm se beneficiando de safras de temperaturas mais baixas, permitindo a elaboração de vinhos com boa acidez (pH baixo), bom equilíbrio e um grande potencial de guarda. Em poucas palavras, grandes vinhos.

Os vinhos de grande altitude parecem indicar um caminho a ser seguido: o Colomé Altura Máxima, obtido a partir de uvas plantadas a cerca de 3000 metros acima do nível do mar, em Salta, recebeu 96 pontos para a safra de 2012, recém-colocada no mercado.

Não chega a ser uma surpresa para este colunista. Há alguns anos defendemos que, num breve espaço de tempo, os vinhos argentinos vão se juntar aos melhores do mundo. Para alguns produtores pontuais isto já é verdade.

Mendoza continua sendo o centro de produção mais importante e renomado, mas outras regiões como Patagônia e Salta têm se destacado merecidamente.

Durante muitos anos, Lujan (Mendoza)  era considerada a melhor região produtora. Continua no topo e seus vinhos têm qualidade e preços diferenciados.

Mas hoje já enfrenta dura concorrência dos vinhos produzidos no Vale do Uco. Tradicionais e novas vinícolas vão adquirindo áreas para seus vinhedos e constroem modernas e eficientes bodegas numa das três divisões deste vale: San Carlos, Tunuyan e Tupungato.

Dentro de Tunuyan se encontra a região de Gualtallary, a mais recente Indicação Geográfica (IG).

Outra IG de grande importância é Altamira. Diversas vinícolas tradicionais como Catena e Chandon já estão estabelecidas nesta região. A mais recente é a Zuccardi que inaugurou, em março, uma moderna e elegante bodega.

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Interessante notar que os rótulos dos vinhos argentinos estão cada vez mais detalhados, acrescentando indicações, não só dos vinhedos, como das parcelas de onde foram obtidas as uvas. Pode causar alguma confusão ao consumidor final, mas é uma nítida indicação do grau de sofisticação que os enólogos pretendem atingir.

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Outra constatação é que embora a Malbec continue sendo o carro-chefe, outras castas se destacam e fazem bonito no mercado internacional. Entre elas temos Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc, Pinot Noir (Patagônia). Entre os brancos, Torrontés, Chardonnay e Pinot Gris.

Alguns destaques do relatório Tanzer:

– Achaval Ferrer finca Mirador – 95 pts

– Catena Zapata Malbec vinhedo Adrianna – Vino de Parcela – 95 pts

– Doña Paula Malbec El Alto Parcel – 96 pts

O relatório completo pode ser visto neste link (em inglês)

https://drive.google.com/file/d/0B6qpgSLGRafgWDVodlNmVEh5VTA/view?pref=2&pli=1


Vinho da Semana:
da Argentina e da lista do Tanzer com 89 pontos.

Doña Paula Estate Black Edition – $$

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Corte bordalês elaborado com uvas plantadas a 1.500 metros de altitude com a seguinte proporção: 60% Malbec, 37% Cabernet Sauvignon e 3% Petit Verdot.

Harmonização: Pratos saborosos à base de carnes vermelhas, carnes de caça e massas com molhos escuros e intensos.

Vertical do Esporão Reserva DOC

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Para quem não lembra, uma degustação vertical é a prova de um mesmo vinho em diferentes safras. O conjunto da foto contemplava quatro safras deste vinho português alentejano: 2002, 2003, 2004 e 2005.

Recebi esta caixa de presente há alguns anos e guardei-a para uma ocasião especial. Talvez se residisse em uma cidade de clima mais ameno que o Rio de Janeiro eu a tivesse “esquecido” por mais tempo no fundo da minha adega. Impus aos meus vinhos de guarda um conservador limite de 10 ou 12 anos. O vinho mais velho desta degustação já estava com 14 anos…

Para organizar este evento, contei com a luxuosa ajuda do amigo Ronald Sharp. Prontamente escolhemos o local, o sempre bom ZOT Gastrobar, comandado por outro amigo, Márcio Martins. A relação de convidados não poderia ser muito extensa caso contrário não haveria vinho para todos. Além dos já citados, compareceram: Fábio, Mario, Mario Henrique e Roberto.

Para ser uma vertical, de verdade, elaboramos uma ficha de degustação simplificada que me auxiliaria na hora de escrever sobre a prova.

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A Herdade do Esporão, localizada em Reguengos de Monsaraz, é uma das mais antigas propriedades desta região, estabelecida no ano de 1267.

Estas safras do Esporão Reserva, um dos vinhos emblemáticos de Portugal, foram vinificadas pelo Enólogo David Raverstock a partir das castas Trincadeira, Aragonês e Cabernet Sauvignon, com fermentação em temperatura controlada, seguido de envelhecimento em barricas de carvalho americano durante 1 ano. Após engarrafadas, permaneceram em repouso por mais um ano antes de serem colocadas no mercado.

A garrafa adota o formato da Borgonha numa homenagem ao grande vinho Romanée-Conti. Os rótulos são pequenas obras de arte especialmente desenhados por diferentes artistas portugueses.

A Prova

Para abrir os trabalhos foi servido um espumante branco da Don Guerino. A ideia era limpar o paladar para enfrentar esta mini maratona. A ordem do serviço seria do mais novo (2005), ainda assim um vinho de 11 anos de idade, ao mais velho (2002).

Para acompanhar foi servida, inicialmente, uma tábua de queijos nacionais artesanais. Em seguida uma rodada de um queijo Minas trazido pelo Roberto, e para finalizar uma tábua dos famosos embutidos elaborados pelo Chef do Zot, todos eles deliciosos. Cesta de pães e água completavam o quadro.

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Todos os vinhos estavam perfeitos e alguns deles causaram boas surpresas.

O 2005, mostrava uma bela coloração rubi e ótima limpidez. No olfato os aromas típicos dos vinhos envelhecidos como couro, tabaco e outros conhecidos com terciários. Boa acidez. No paladar era muito equilibrado apresentando marcantes notas de especiarias.

Por ter sido o 1º a ser degustado, serviu de base para a comparação dos demais.

Aberto o 2004, novas surpresas apareceram.

Segundo a maioria era um vinho superior ao anterior. Apresentava uma coloração tendendo ao Granada, um pouco mais opaco que o 2005 mas ainda límpido (sem depósitos em suspensão). No olfato tinha aromas mais pronunciados e apresentava algumas notas cítricas além dos aromas terciários. Após alguma aeração, era possível notar a presença de frutas negras. Muito equilibrado no paladar, taninos suaves e agradáveis.

O próximo vinho, safra 2003, foi considerado por quase todos como o melhor da noite. Bonita coloração Rubi bem fechada, com reflexos verde-esmeralda. Na prova olfativa quase não eram percebidas as notas de couro e tabaco que seriam esperadas num vinho como este. O que se destacava eram frutas maduras e sutis notas cítricas como casca de laranja ou de bergamota.

A opinião geral é que parecia ser um vinho mais jovem que o 2005. Surpreendente. Na prova gustativa mostrou toda a sua força, maciez e equilibrio, boa acidez que emoldurava os sabores frutados.

Como a sequência mostrava uma evolução positiva, cada vinho aberto era superior aos demais, a expectativa em relação ao último vinho da noite era grande.

Sua coloração já tendia para o alaranjado e percebia-se facilmente alguns depósitos em suspensão, o que veio confirmar que fora acertada a decisão de realizar este evento. Se aguardasse mais tempo este vinho não ganharia mais nada e poderia se deteriorar.

No olfato mostrou que ainda estava vivo, com claras notas de ameixa preta, sublinhado por algum tabaco. Havia uma leve predominância de aroma alcoólico. Na boca apresentou uma ótima acidez o que provocou uma divertida tentativa de harmonizá-lo com um pouco de salmão defumado que foi servido na tábua de frios. Funcionou muito bem! Surpreendente para um vinho com 14 anos de elaborado. Certamente não foi o melhor da noite, mas deixou todos muito satisfeitos.

O Resultado

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(a partir da esquerda: Fábio, Ronald, Márcio, Roberto, Mario e Mario Henrique)

Uma última pergunta deveria ser respondida pelos degustadores: Qual o melhor vinho desta vertical?

1º – safra 2003 com 6 votos

2º – safra 2004 com 4 votos

3º – safra 2002 com 3 votos

4º – safra 2005 com 5 votos

Assim como os vinhos, um resultado muito equilibrado.

Bons Vinhos, saúde!

Vinho da Semana: para ninguém ficar com água na boca.

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Esporão Reserva 2012

O corte nesta safra é composto por Alicante Bouschet, Aragonês, Cabernet Sauvignon e Trincadeira. O aroma evoca uma mescla de fruta em compota e coisas balsâmicas: caramelo, favas de baunilha, alcaçuz com tempero de pimenta seca sutil. Tem taninos firmes, mas maduros. Sabor frutado com evocações de café torrado. Boa acidez e bom equilíbrio alcoólico.

 

Prosseguindo (depois dos ritos)

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O texto sobre os Ritos de Passagem gerou uma considerável quantidade de comentários, e-mails e telefonemas que relatavam dificuldades ou apontavam sugestões para que todos pudessem alcançar aqueles objetivos.

Passar por qualquer daquelas etapas é sempre uma experiência importante, mas não é obrigatória ou coisa parecida. Se levarmos em conta que, no nosso país, o mercado do vinho ainda fica restrito às grandes cidades, exceções feitas às regiões produtoras, não é de se admirar que, em algumas grandes cidades brasileiras, não se encontrem vinhos finos ou mesmo alguma associação que possa promover cursos ou degustações didáticas.

Mas nada é impossível.

1 – Comprando vinhos “on line”

Não se pode mais ignorar o poder do “e-commerce”, compra-se de tudo através do computador e os vinhos não são uma exceção. A maioria das grandes importadoras vendem para a pessoa física em suas lojas virtuais. Clubes de vinho são outras opções interessantes embora, a médio prazo, as ofertas de produtos se tornem repetitivas.

Eis algumas sugestões e recomendações: (este universo é infinito)

Mistral (www.mistral.com.br); Vinci (www.vinci.com.br); Zahil (www.zahil.com.br); World Wine (www.worldwine.com.br); Decanter(www.decanter.com.br); Lojas Americanas(http://www.americanas.com.br/linha/314370/alimentos-e-bebidas/vinhos); Cave Nacional (http://cavenacional.com.br)

Alguns produtores vendem diretamente ao público: Dal Pizzol; Miolo; Valduga; etc… (procurem no Google)

Para compensar o frete, que em algumas situações pode ser mais caro que o produto, reúna os amigos e comprem por caixa.

Entre os clubes de vinho destacamos:

Sociedade da Mesa (www.sociedadedamesa.com.br); Wine (www.wine.com.br); Evino(www.evino.com.br).

2 – Cursos sobre vinhos

Este assunto pode parecer complexo, mas um pouco de criatividade ajuda a contornar o problema.

O primeiro passo é encontrar uma associação de apreciadores de vinhos que esteja disposta a fazer um curso em sua cidade. Na maioria dos estados brasileiros já existe uma seccional da ABS ou da SBAV. Outro caminho é procurar alguns grandes produtores nacionais (Salton, Valduga, Miolo) e pedir que organizem um dos seus cursos no seu município de residência ou próximo a ele. Tudo vai depender do número de interessados.

Como última opção, contratem um especialista para organizar um ciclo de aulas ou palestras que será o embrião de uma associação para a sua região. Atualmente um bom professor recebe um cache de R$ 400,00 por aula, com duração entre 1:30h a 2:00h. Some-se a isto transporte e hospedagem, aluguel de um salão, recursos audiovisuais e vinhos.

Alguns links importantes:

ABS: https://www.abs-sp.com.br/associacoes

SBAV – SP: sbav-sp.com.br

3 – Montando uma associação, confraria ou grupo de degustação

Estas opções são ligeiramente diferentes entre si, mas giram em torno de um mesmo objetivo.

A Confraria é a mais simples de todas: reúna os amigos e vamos beber bons vinhos. Algumas regras básicas são necessárias:

– Dividir as despesas;

– Organizar um calendário de forma que sempre haja uma reunião e todos possam se programar com antecedência;

– Batizar a confraria é um importante fator de agregação;

– Ter um padrinho, de preferência que seja um conhecedor e que possa comandar algumas degustações.

– Organizar reuniões temáticas. Para isto deve-se escolher um “Relator” que deverá se aprofundar no tema e dividir seu conhecimento com os demais.

O Grupo de Degustação é uma variante da confraria com um objetivo bem mais focado: degustar, a cada reunião, um determinado número de vinhos que foram previamente combinados e adquiridos. A grande diferença é a presença de um Monitor, alguém com muita experiência, que vai orientar a prova, sempre às cegas.

Pode ser muito divertido sendo uma ótima oportunidade para se descobrir mais coisas sobre o vinho.

A grande dificuldade será encontrar a figura do Monitor.

Montar uma Associação é uma tarefa mais árdua, mas não se esqueçam que todas as que existem e brilham hoje começaram do zero. Se houver uma quantidade inicial de interessados, vale a pena investir na elaboração de um estatuto e registro na Junta Comercial.

Todos os sócios pagam uma taxa regularmente e a associação poderá contratar professores, comprar vinhos, organizar eventos, enfim, suprir tudo que está em falta na sua cidade.

Produtores, importadores e as demais associações de enófilos sempre ajudam uma iniciante, afinal o objetivo é aumentar o consumo de nossa bebida.

Não é uma tarefa fácil e nem se tem certeza de que vai obter resultados a curto prazo, mas pode ser extremamente satisfatória.

Mãos à obra e bons vinhos!

Saúde.

Vinho da Semana: um gostoso tinto português do Alentejo

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.COM (ponto com) 2012 – $$
Corte das castas Touriga Nacional, Trincadeira e Aragonez.

Aromas ricos em frutos vermelhos, bem maduros.

Na boca é um vinho equilibrado, macio, com taninos muito elegantes, num conjunto bem estruturado.

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