A coluna desta semana segue o mote da anterior e continua convidando para mais uma caminhada em busca da qualidade. Este encontro é quase previsível e inevitável. Alguém vai nos oferecer um vinho que vai nos encantar e, a partir deste episódio, aquele nosso caldinho do dia a dia se torna desinteressante, os vinhos dos amigos passam a ser criticados, até a nossa loja preferida fica sem opções interessantes. Neste momento, lembramo-nos do belo e intenso poema de Drummond:
E agora, José?
Agora, tal e qual uma antiga anedota, temos duas notícias: a boa e a não tão boa assim. A primeira é que o nosso paladar está mais apurado, subiu um ou mais degraus na escala dos bons vinhos; a outra é que vinhos de boa qualidade são caros, às vezes, muito caros. Mas valem cada centavo pago.
Vinhos de alta gama não são para o todo dia, por isto mesmo, não devemos mudar nenhum padrão de consumo, por enquanto. Mas vale a pena observar que se compramos uma garrafa que custe mais 20 ou 30 reais, perceberemos uma grande diferença em relação ao que estamos acostumados a consumir. Se investirmos num produto numa faixa de preço acima de 100 reais, as diferenças serão brutais.
Os grandes vinhos são produzidos em pequenas quantidades. As uvas que serão usadas na vinificação foram plantadas nas áreas mais nobres do vinhedo e, antes de entrar no processo produtivo, são selecionadas de forma manual. Contempla-se um baixo rendimento, o que significa uma produção de 3.000 a 4.000 litros por hectare plantado (100m x 100m). Um vinho comum é obtido a partir de rendimentos superiores a 100.000 litros por hectare. Na cantina, são empregados os melhores equipamentos e o amadurecimento é feito em barricas novas de carvalho. Tudo de alta qualidade. Os preços são formados a partir destes fatores, mas muitos produtores abusam.
Para não detonar o nosso orçamento, uma estratégia que sempre funciona é a da substituição: troquem algumas garrafas que compraríamos para o todo o dia, por uma de maior preço. Outro caminho seguro, especialmente para a faixa superior de preço, é dividir o custo e o conteúdo, entre amigos.
Mas o gostoso mesmo é o que chamamos de garimpar! Vamos atrás destas preciosidades, do nosso ouro líquido. Esqueçam os lugares óbvios: supermercados, delicatessen e assemelhados. Pode até existir algum vinho mais caro por lá. Mas, atenção: por não ser um produto que se encaixa no perfil do cliente típico destes comércios, o mais provável é que este vinho não esteja em boas condições. O lugar ideal, para começar, são as lojas especializadas e as importadoras. Outro ponto importante é ler as críticas, assunto já tratado numa coluna anterior. Procurem por vinhos que estão chegando ao nosso mercado, ou os chamados best buy (boas compras, promoções), vinhos que estão na hora de serem consumidos e que nos são oferecidos a muito bom preço.
Para ajudar os leitores nestas pesquisas, apresentamos abaixo, uma relação de sites das principais importadoras de vinhos. Muitas oferecem um suntuoso catálogo, em geral após uma compra. Outras possuem lojas virtuais ou indicam locais de compra em diversas cidades. Na Internet, existe uma infinidade de sites de venda de vinhos, inclusive um clube de compras.
Boa Sorte!
Mistral – http://www.mistral.com.br/ (procure nas barganhas do mês e no Bon Marché)
Vinci – http://www.vincivinhos.com.br/
Grand Cru – http://www.grandcru.com.br/
Expand – http://www.adegaexpand.com.br/
Bergut – http://bergut.shop.com.br
Decanter – http://www.decanter.com.br/Vitrine/Home/Home.aspx
Lidador – http://www.lidador.com.br/loja/ (uma das mais antigas do Brasil)
Ana Import – http://www.anaimport.com.br/loja/ (ligada ao grupo musical Chiclete com Banana)
Terramater – http://www.terramatter.com.br/atual/ (promete a loja para breve)
Casa Flora – http://www.casaflora.com.br/ (indica aonde comprar)
Porto-a-Porto – http://www.portoaporto.com/2009/default/ (idem)
Club du Tastevin – http://www.tastevin.com.br/site/index.php (só vinhos franceses)
Dica da Semana – Para os leitores se aventurarem, um vinho caro, mas muito bom!
Alfa Crux Malbec 2006
Produtor: O.Fournier / Argentina / Mendoza
Uva: Malbec
Um dos maiores e mais aclamados Malbecs de todo o mundo, tendo recebido a safra de 2006, 91 pontos da Wine Spectator, que destacou a grande presença de boca e fruta madura, deste belíssimo tinto que, brilha através do longo final. Apontado como um dos três melhores vinhos da Argentina pelo crítico inglês Tom Stevenson, é intenso e cheio de fruta, sendo bem mais elegante e fino que a grande maioria dos Malbecs elaborados no país.
Wine Spectator – 91 pontos; Wine Enthusiast – 94 pontos; Robert Parker – 93 pontos; Wine & Spirits – 90 pontos
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