Para enfrentar a dura concorrência dos vinhos já apresentados, alguns produtores deste segmento Super Premium, adotaram táticas de guerrilha. A vinícola Achaval Ferrer foi um deles. Vamos conhecer um pouco mais sobre estes três vinhos top de linha: Finca Mirador, Finca Altamira e Finca Bela Vista.
A jovem empresa foi fundada em 1968, por um grupo de amigos argentinos, Santiago Achaval Becú, Manuel Ferrer Minetti, Marcelo Victoria e Diego Rosso, que não estavam diretamente ligados ao mundo do vinho, e os italianos Tiziano Siviero e Roberto Cipresso, renomado enólogo Toscano e produtor de um delicioso Brunello de Montalcino. Em comum, o sonho de produzir grandes vinhos.
A primeira safra foi produzida em 1999, em espaço alugado a outras empresas. Somente a partir de 2006 passariam a produzir em suas próprias instalações. Seus vinhedos são todos muito antigos e localizados em diferentes regiões. Contam com parreiras de quase 100 anos e plantadas em pé franco (sem enxertos). A Finca Altamira está em La Consulta, a 1050 metros de altitude, data de 1925; a Finca Bela Vista data de 1910 e está localizada em Pedriel a 950 metros; a Finca Mirador está em Medrano a 700 metros sobre o nível do mar.
De cada uma são produzidos vinhos com características próprias pelas mãos de Cipresso. A colheita e dupla seleção dos frutos é manual. O Processo é todo por gravidade e se há necessidade de movimentação de líquidos são empregadas bombas peristálticas preservando a integridade do mosto. A fermentação é obtida nos mesmos moldes de um Brunello, em tanques de concreto com temperatura controlada. Passam por fermentação malolática e são envelhecidos em barricas de carvalho. Há uma preocupação constante do enólogo com a qualidade sendo feitas diversas provas durante todo o processo e, a seu critério, novos processos podem ser introduzidos. O vinho não é filtrado nem clarificado ao engarrafar.
Três vinhos respeitados internacionalmente, recebendo ótimas notas de críticos e revistas especializadas. A safra 2003 do Finca Bela Vista recebeu 96 pontos da Wine Spectator e o título, na época, de Rei dos vinhos Argentinos. Em 2009 o Finca Bela Vista ganhou 98 pontos de Robert Parker.
Finca Altamira: são produzidas 9.900 garrafas por ano. O vinhedo (finca), todo em pé franco, com mais de 80 anos, está localizado em La Consulta no Vale do Uco. São apenas 6 hectares com um rendimento de 400g de uva por planta. São necessários 1,2Kg de uva para fazer uma garrafa. Considerado um autêntico Grand Cru, amadurece por 15 meses em barricas novas de carvalho francês. Sua cor é púrpura profunda e seu perfil aromático combina potência e elegância, com nuanças tostadas, grafite, cereja negra e ameixa, notas terrosas, trufas. Na boca é pleno, super denso, mas com taninos elegantes, saboroso, fresco e com incrível persistência. A menor nota obtida foi 95+ (Robert Parker).
Finca Mirador: são produzidas 10.100 garrafas. O vinhedo de 5 hectares, localizado em Medrano, foi plantado em pé franco em 1921. Trabalha com o mesmo rendimento de 400g de uva por planta. Vinificado e amadurecido como os anteriores têm coloração púrpura quase negro e brilhante. Seus aromas disparam notas de cereja e framboesa negra, especiarias doces, flores e um fino carvalho tostado. Na boca não nega ter nascido de vinhas velhas, é concentrado e potente, mas elegante, com taninos de qualidade, puro, fresco, saboroso e muito longo. Nunca recebeu pontuação inferior a 94 de Robert Parker.
Finca Bela Vista: são produzidas 11.700 garrafas. O vinhedo de 5 hectares em pé franco foi plantado em 1921, é trabalhado nos mesmos moldes dos demais. Após vinificado, amadurece cerca de 15 meses em barricas novas de carvalho francês. Coloração Púrpura concentrada e brilhante apresenta aromas de fruta negra, violeta, nuanças tostadas e terrosas, especiarias, incenso… Boca densa, com taninos de alta qualidade e longa persistência. Nunca recebeu pontuação inferior a 96 da Wine Advocate (Robert Parker).
Estes vinhos são trazidos para o Brasil pela importadora Aurora-Inovini e tem boa distribuição no país. Uma grande notícia são os preços bem mais palatáveis que o dos concorrentes, variando de R$ 350, 00 até R$ 800,00 dependendo da safra e do vinho. (dados de 2012)
Duas curiosidades:
Durante muitos anos o Chateau Montchenot, da Bodega Lopez, foi considerado o melhor vinho argentino. Um corte Bordalês, muito bem vinificado, à moda antiga, em grandes dornas, envelhecido calmamente, como pedem os bons vinhos. Um porto seguro, delicioso até hoje e um preferido pelos consumidores tradicionalistas. Vale a pena experimentar e compará-lo aos vinhos modernos: algo surpreendente!
Existe o vinho mais caro da Argentina e, inegavelmente, é um excelente produto, um super Premium como os demais. Não enfrentou, ainda, a prova do tempo, por esta razão, não foi um dos ícones citados. Mas tem tudo para se tornar um deles: Ultima Hoja da vinícola Bressia. Um corte secreto vinificado como se estivessem lapidando uma jóia. Walter Bressia é um tarimbadíssimo enólogo argentino que após passar por grandes empresas decidiu trabalhar por conta própria. O sucesso foi instantâneo e sua boutique de vinhos é um celeiro de grandes produtos. Define este corte como “o resultado das experiências anotadas em milhares de últimas páginas, que permitiram selecionar as melhores e inigualáveis barricas em uma experiência única e que não será repetida”.
Dica da Semana: escolhemos um vinho básico da Achaval Ferrer.
ACHAVAL-FERRER MALBEC MENDOZA 2010
País: Argentina / Luján de Cuyo – Mendoza
Uva – Malbec
Vermelho púrpura. Nariz sedutor, com grande intensidade e pureza, revelando notas florais, de frutos vermelhos e negros maduros (como cereja e framboesa), especiarias e sutis nuanças de madeira. Boca gostosa, suculenta, densa, com taninos super aveludados, sabores frutados e puros, ótimo frescor e alta persistência. Ideal para acompanhar cordeiro assado, churrasco e pratos de carnes vermelhas em geral. Recomendamos decantar este vinho cerca de uma hora antes de bebe-lo.
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