Parece que erramos a mão no desafio da semana passada. Até o momento em que começo a escrever a coluna, nenhuma sugestão. A resposta estava na definição de Ampelografia, uma disciplina da botânica e da agronomia que estuda e identifica as castas de videiras por suas características. A mais simples delas é a forma e coloração das folhas! Reparem nas imagens a seguir: 

Cada tipo de uva tem uma folha diferente, esta era a resposta esperada. 
Mais um desafio lá no final! 
Os Vinhos 
Esta é, estatisticamente, a região que recebeu mais notas 100 do crítico Robert Parker. Há uma lenda sobre sua preferência por este tipo de vinho, na verdade, um gosto bem universal: são fáceis de beber e harmonizar com uma boa refeição, embora sejam encorpados, pedindo um clima mais ameno. Nada de calores tropicais. 
Hermitage 
Um dos produtores que se destacam é M. Chapoutier, com seus Ermitage (ou L´Hermitage). Produz vários vinhos sob esta denominação, destacam-se o L’Ermite e o fabuloso Le Pavillon, ganhador de nada menos que 4 notas 100, safras de 1989, 1990, 1991 e 2003. 

Descrito como um vinho de cor púrpura escura com aromas predominantes de flores silvestres, frutas negras, grafite e trufas. Em boca, uma textura excepcional, muito encorpado e rico. Levemente adocicado com taninos e acidez em perfeito equilíbrio. Um fora de série destinado aos que tem paciência de esperar 10 ou 15 anos para prová-lo e, quem sabe, continuar bebendo nos próximos 50 a 100 anos. Um vinho que pode ser guardado por 60 anos sem problemas. Monumental. 100% produzido a partir da Syrah. 
Côte Rôtie 
Outro grande produtor é a E. Guigal, um dos nomes mais respeitados na denominação Côte Rôtie. Três de seus vinhos receberam 21 notas máximas em diferentes safras: La Landonne, La Turque e La Mouline. 

São obtidos a partir da Syrah, unicamente. Descritos como vinhos de coloração vermelha profundamente escura, com os característicos aromas intensos de frutas negras, alcaçuz, especiarias orientais e algo defumado ou enfumaçado. No palato são concentrados, com bom ataque, taninos firmes e acidez equilibrada. Segundo o produtor, a mais perfeita expressão possível de cada terroir. Vinhos fantásticos! Enorme potencial de guarda: 30 anos. 
Premiações: 
La Landonne 1985, 1988, 1990, 1998, 1999, 2003, 2005; 
La Mouline 1976, 1878, 1983, 1985, 1988, 1991, 1999, 2003, 2005; 
La Turque 1985, 1988, 1999, 2003, 2005. 

Chateauneuf-du-Pape 
Dificílimo selecionar um representante desta denominação. Depois de um longo período com vinhos abaixo da crítica, fraudados e sem expressão, os produtores reunidos promulgaram a primeira região demarcada da França (AOC), que serviria de base para as demais. Muitos anos depois e com grandes esforços, estes vinhos voltariam a brilhar, tornando-se um ícone do Rhône. 
Seguindo a legislação, podem ser usadas até 13 uvas diferentes no corte, mas somente estas: Cinsaut, Counoise, Mourvèdre, Muscardin, Syrah, Terret Noir, Vaccarèse, Bourboulenc, Clairette, Picardan, Piquepoul, Roussanne e Grenache. Podem ser usadas as varietais tintas, brancas ou rosadas indistintamente. Existe um Châteauneuf branco, elaborado com varietais brancas unicamente. 
O Château de Beaucastel (Famille Perrin) é o único produtor que realmente elabora seus vinhos com as 13 castas. Talvez por isto seja muito famosos nesta região. Um dos mais premiados somente é produzido em grandes safras, o Hommage à Jacques Perrin. 

Com uma coloração entre o azul escuro e o púrpura, apresenta aromas suntuosos que vão desde as frutas negras passando por assados, especiarias, trufas e incenso. O paladar é muito encorpado, corretamente equilibrado, trazendo sabores de frutas frescas e um interminável final. Muitos já afirmaram que dariam a vida para provar um destes. Infelizmente a produção é muito pequena, atingindo a 500 caixas no máximo. Loucura! 

Há muitos outros vinhos maravilhosos nesta região. Poderíamos incluir as regiões de Cornas, Gigondas e Condrieu, entre outras. Importante é lembrar que um vinho com denominação genérica Côtes do Rhône vale a pena experimentar. 
Semana que vem vamos conhecer um trio de uvas da Alsácia. Enquanto isto: 
Desafio para esta semana: 
Este é infinitamente mais fácil que o anterior. Tentem descobrir o que há em comum com os vinhos de Châteauneuf-du-Pape, Discos Voadores e um vinho da Califórnia. 
Curioso e divertido! 

Dica da Semana: um Syrah elaborado pelo rival de Chapoutier. 

Le Petit Jaboulet Syrah 2008 
Produtor: Paul Jaboulet Aîné 
País: França 
Região: Rhône 
Paul Jaboulet rivaliza com Chapoutier pelo posto de melhor produtor do Rhône. Seus vinhos estão entre os melhores da região. Um achado de ótima relação custo x benefício. Classificado como Vin de Pays, tem interessante complexidade, bom ataque de boca e nariz.