A partir desta semana faremos um novo passeio pela “Bota”, um país incrível do ponto de vista enológico com uma diversidade de uvas (e vinhos) difícil de equiparar. Observando o mapa a seguir, é possível identificarmos as diversas regiões em que se divide este cenário: cada uma tem, pelo menos, uma uva e um vinho, únicos.
Como não poderia deixar de ser, o italiano é um apaixonado por seus produtos e cada um vai puxar “a brasa para a sua sardinha”. Nunca vai haver um consenso sobre o que é melhor. O resto do mundo é quem vai escolher. Algumas vezes esta decisão é prejudicada, vinhos encantadores de minúscula produção não saem da comuna em que são produzidos.
São quase 2000 variedades nativas, algumas obscuras, outras bem conhecidas como a já mencionada Nebbiolo ou a Sangiovese. Mas já ouviram falar de Anglianico, Garganegra e Vernachia? Piemonte e Toscana são regiões que estão no vocabulário de qualquer enófilo iniciante, mas o que dizer sobre um vinho da região do Marche denominado “Verdicchio dei Castelli di Jesi”? Podemos assegurar que é um branco lendário (um passo à frente o leitor que conhece ou já provou).
Não se preocupem, não vamos fazer um aborrecido relato sobre todas estas uvas. Destacaremos algumas que, em nossa opinião, merecem ser mais divulgadas. Outras, mais que conhecidas, ainda não tiveram o devido destaque neste espaço e serão visitadas.
Para os leitores mais curiosos, vamos esclarecer algumas dúvidas que já devem estar surgindo ao mencionarmos aqueles estranhos nomes num parágrafo anterior: Anglianico é uma uva tinta das regiões da Basilicata e Campânia; Garganegra, outra tinta, da região do Veneto; Vernachia é uma varietal branca bastante difundida em todo o país. É associada a um excelente vinho da Toscana; Verdicchio é outra varietal branca. Mas ainda não é a hora de falarmos sobre elas o que acontecerá um pouco mais tarde.
Uma Emblemática Italiana?
Este tema está na moda. Até Portugal tenta emplacar a Touriga Nacional como seu eno-emblema. Na Itália este título seria dado para a Sangiovese, a uva mais plantada em seu território, com mais de 100.000 hectares e presente em 53 províncias. Pode produzir desde vinhos sublimes até intragáveis “água de lavar cachorro”. Tudo vai depender do binômio “onde e quem”.

Sangiovese deriva do latim “sanguis Jovis” que se traduz como “sangue de Júpiter”, Deus da mitologia romana. A versão mais aceita sobre sua origem está ligada à cidade de Santarcangelo di Romagna (Emília-Romana), onde um vinho produzido com esta cepa era armazenado em caves conhecidas como Grotte Tufacee, cavadas no Monte Júpiter (Mons Jovis).

Seu grande terroir é a Toscana destacando-se como a principal uva do celebrado Chianti. Mas não é o único vinho obtido com esta interessante uva: Carmignano, Vino Nobile di Montepulciano e Morellino di Scansano são algumas outras denominações. Um dos seus muitos clones produz o fabuloso Brunello di Montalcino (Sangiovese Grosso ou Brunello), para muitos o melhor vinho italiano superando o tradicional Barolo e o moderno Barbaresco.

Na próxima coluna trataremos destes vinhos.
Dica da Semana: um bom Chianti para começarmos a nos ambientar nesta jornada. Esta denominação andou muito desprestigiada e passou por grandes ajustes para recuperar o prestígio.

Confini Chianti Classico DOCG 2009
Produtor: Rocca dele Macie
País: Itália/Toscana
Uvas: 95% Sangiovese, 5% Merlot
Envelhecimento: 6 a 10 meses em barris de carvalho esloveno
Possui cor vermelho rubi vivo, é um vinho frutado, com leves aromas de especiarias, encorpado, com aromas persistentes. Harmoniza com massas, pizzas, carnes vermelhas, queijos duros