Trebbiano é a outra denominação que passa uma rasteira nos apreciadores menos atentos. Também, pudera! Existem 7 denominações semelhantes: Trebbiano di Aprilia, Trebbiano di Arborea, Trebbiano di Capriano del Colle, Trebbiano di Romagna, Trebbiano Val Trebbia dei Colli Piacentini, Trebbiano di Soave e Trebbiano d’Abruzzo que é o tema da coluna de hoje.
Os leitores já devem estar imaginando se não estamos escrevendo sobre uma mesma uva plantada em diferentes regiões e que recebem nomes locais. Nada disso: a localmente denominada Trebbiano d’Abruzzo é a casta Bombino Bianco, uma corruptela de “Buon Vino”.

A origem desta casta ainda não foi determinada exatamente, mas existem documentos atestando a sua vinificação, pelos Romanos, desde o século 16 – a uva e o vinho eram chamados de Trebulanum. Se fosse elaborado em Abruzzo era denominado Trebulanum Abruzzese. Ao longo do tempo o nome se transformou em Trebbiano.
Duas correntes explicam este nome latino. A primeira afirma que deriva de “Trebula”, nome de uma vila, hoje conhecida como “Treglia”, na província de Caserta, Campanha. A segunda hipótese acredita que a origem deriva de “trebulanus” que pode significar “casa-grande (fazenda)” ou ainda “pequena propriedade rural”. Ampliando este significado, esta seria a uva que produzia o vinho feito para consumo na propriedade, o equivalente ao nosso “vinho de colono”. (na foto, Abruzzo)

Mesmo com estas explicações, alguns importantes autores afirmam que estamos falando da mesma uva. O que aparentemente aumentaria a confusão é, na verdade, uma ótima explicação para toda esta situação: os vinhos produzidos com cada denominação são muito diferentes, a maioria, muito ruins, exceto alguns poucos produzidos em Abruzzo.
Generalizando, Trebbiano é a uva branca mais plantada na Itália e que produzem de tudo, bons vinhos, beberagens medíocres, Conhaque na França onde recebe o nome de Ugni Blanc e até mesmo o fantástico Vinagre Balsâmico. Foi exportada para diversos países, entre eles o Brasil.

Uma curiosidade: existe atualmente um vinho italiano rotulado como “Trebulanum” que é produzido com a obscura casta “Casavecchia”: o produtor, Alois, afirma que esta seria a uva original do vinho romano.
Dois Vinhos Magníficos
Dois produtores já mencionados na coluna da semana passada também são os destaques nos vinhos brancos. Os Valentini são considerados como os melhores intérpretes desta casta há muitas gerações. Pesquisando a história desta vinícola, encontramos uma simples e interessante explicação para a confusão em tela: Trebbiano d’Abruzzo nunca foi uma casta, mas o vinho produzido com a Bombino cortada pela Trebbiano Toscana em proporções regidas pela DOC.
A safra de 1992 foi das melhores, um vinho que “falava o dialeto local mais do que a ciência da vinicultura”, de acordo com seu produtor Francesco Paolo Valentini.

Notas de folhas secas, biscoitos, especiarias, café, flores de camomila. Muito frescor no palato, vitalidade, corpo e um inesperado final. Acima de R$ 400,00. (2012)

Masciarelli também se esmera nos seus brancos. O Marina Cvetic é uma destas joias raras apesar de ser um vinho produzido a partir de 1991.

 

A safra de 2008 pode ser descrita com aromas intensos e cheios. No palato flores, frutas, especiarias sendo perfeitamente distinguível (aromas e sabores) papaia, pêssego amarelo, mel, lavanda e baunilha. Um vinho que se torna inesquecível quando degustado. Acima de R$ 200,00. (2012)

Dica da Semana: um Masciarelli que podemos desfrutar sem nenhum arrependimento.
 

Trebbiano d’Abruzzo 2010
O Trebbiano da linha Classica de Masciarelli combina o característico frescor desta casta com convidativas notas aromáticas.
O vinho é elaborado com uvas de videiras de quase 40 anos, que conferem ao vinho mais personalidade que a maioria dos exemplos de Trebbiano.
Uma ótima pedida para acompanhar peixes e frutos do mar.