Na semana passada recebemos este e-mail do leitor Francisco Calmon, do Distrito Federal: 

“Tuty,

Pela qualidade dos vinhos servidos, deve ter custado uma baba esta reuniãozinha… rs
 
Montamos uma confraria aqui no DF, contando com suas dicas. Estamos ainda no comecinho e nosso objetivo, em primeiro lugar, é gastar pouco, ou seja, fazer o que vc nos ensinou desde a sua primeira coluna: procurar vinho bom e barato. É claro que com isso provamos vinhos ruins, ainda não aprendemos a classificar os que valem a pena ser experimentados.
 
Fazemos a nossa reunião no sábado, cada vez na casa de um, já que todos do grupo moramos em casas. Ora fazemos um jantar, ora um comes e bebes, ora um queijos e vinhos, enfim… Já conseguimos achar vinhos muito bons (para nosso gosto) por valores inferiores a 40,00… nosso limite é 80,00 e não é sempre que há vinhos neste valor. Isto vale para brancos ou tintos.
 
Somos 5 casais de amigos e, tirando uma das mulheres, todas bebem… e bem… Contratamos uma van que nos leva a casa onde será o encontro da semana. O motorista nos espera e nos deixa em casa… sempre o mesmo.
 
Mas o mais legal de tudo foi o nome da confraria: Confraria do Boletim… rs Espero que o Valter não nos queira cobrar direitos autorais… rs
 
Abraços e obrigado pelos belos momentos que vc e O Boletim nos está permitindo desfrutar.
 
Francisco-DF” 
 
Este e-mail nos encheu de satisfação. Se eu, José Paulo e Valter tínhamos alguma pretensão com a Coluna de Vinhos, a mensagem confirmou que “plantamos alguma coisa boa”!
 
Achamos esta iniciativa espetacular. Valter, que detém o nome ‘O Boletim’, não vai cobrar royalties. Pode ficar tranquilo Francisco.
 
José Paulo que é o atual presidente da famosa Confraria do Camarão Magro ficou empolgado: “Muito legal! Espetacular! Confraria é isto, não precisa complicar”.
 
 
Um detalhe que chamou nossa atenção foi a preocupação com o custo dos vinhos. A maioria dos leitores já percebeu que acreditamos na relação custo x benefício, apesar de algumas reclamações sobre a Dica da Semana que só apresentaria vinhos baratos, o que não é verdade.
 
Para diminuir significativamente o custo existe um truque que é aproveitar uma viajem para o exterior para trazer ótimos vinhos por preços convidativos, permitindo elevar o cacife. Basta lembrar-se de poucas regras:
 
1 – a legislação brasileira permite trazer na bagagem até 15 litros de bebidas alcoólicas. No caso do vinho, como cada garrafa guarda 750 ml, isto equivale a 20 delas. Mas não exagerem, além de aumentar o peso de sua mala pode chamar a atenção para outros itens. O ideal é de 6 a 12 garrafas (2 caixas), muito bem embaladas. Isto pode ser solicitado na hora da compra. Para garrafas individuais procure por um Wine Skin (foto);
 
 
2 – nas principais capitais do mundo e nas regiões produtoras, existem excelentes lojas de vinho preparadas para atender ao turista. Uma das mecas dos vinhos baratos é os EUA onde encontramos inúmeras lojas especializadas. A Total Wines, por exemplo, permite que os vinhos sejam encomendados com antecedência e enviados para o seu hotel. Melhor impossível! (www.totalwine.com)
 
3 – escolher os vinhos não é difícil e pode ser até muito divertido. Quase sempre nos guiamos pelos resultados das grandes degustações e concursos publicados na imprensa especializada.
 
Um exemplo que vai ilustrar bem este ponto é um vinho espanhol, Pétalos del Bierzo, que tem recebido prêmios e elogios por todos os lados: Wine Spectator – 93 pontos (safra 09); Robert Parker – 90 pontos (safra 09); Robert Parker – 90 pontos (safra 08); Wine Spectator – 90 pontos (07).
 
Custa no importador, Mistral, R$ 111,24 (em 2013) mais frete se não buscar na loja. No site da Total Wines ele sai por US$ 22.99 o que já é uma tremenda pechincha.
 
Comparamos por inacreditáveis US$ 19.00 numa lojinha ao lado de onde estávamos em Dobbs Ferry, NY;
 
 
4 – para terminar estas dicas, uma para deixar todo mundo com água na boca: esta é uma das poucas maneiras de se adquirir vinhos que nunca chegarão por aqui.
 
Foi o caso do Argyle, um premiadíssimo Pinot Noir do Oregon. Estava na alça de mira havia algum tempo até que, na mesma loja do vinho anterior, o encontramos por US$ 20.00 (já foi devidamente degustado com um belíssimo arroz de pato. O único defeito era a velha história da garrafa única…). Detalhe importante: tampa de rosca!
 
 
Um grande auxiliar para as compras é um aplicativo para smartphones e assemelhados o Vivino (http://www.vivino.com.br). Simplesmente fotografe o rótulo e mande para a rede. Após alguns instantes aparecerá uma avaliação do vinho que vai nos ajudar a tomar uma decisão. A base de dados atual é capaz de identificar quase 700.000 vinhos, 14.000 vinícolas de 46 países e 530 castas diferentes. Eis o resultado para o citado Argyle:
 
Um sistema de classificação bem simples de 5 estrelas onde 1* é um vinho horrível e 5* sensacional. O resultado é a média das notas dos usuários que provaram um determinado vinho. Neste caso, 3.4 de média em 73 avaliações, algo entre bom e ótimo.
 
Confrarias como as que frequentamos ou iguais a esta que o Francisco Calmon organizou, em Brasília, são palco para diversos experimentos que além de divertir vão aumentar, prazerosamente, a nossa cultura sobre vinhos. Habituem-se a fotografar as garrafas consumidas, as famosas ‘vítimas’, assim terão um registro visual que ajudará a lembrar do que foi bom ou não.
 
Definitivamente, votem no melhor e pior vinho!
 
Outra experiência que vale a pena é tematizar um destes encontros, por exemplo: “Vinhos Portugueses”. Estudem o tema com as fontes que conseguirem, escolhendo a harmonização e os vinhos, dentro do orçamento de cada grupo. Para arredondar tudo, indiquem um relator que vai dar uma ‘aula’ sobre o tema, explicando todos os vinhos (origem, casta, elaboração) e a razão da combinação com as comidas que estarão sendo servidas. Todo mundo aprende. Melhor ainda se tocar um fado.

Dica da Semana: um belo vinho do chileno, ótimo companheiro para estes dias mais frios.
 
De Martino Syrah Reserva 347 Vineyards
 
Com uma coloração púrpura luminosa, apresenta muita pureza olfativa com cassis maduro, couro, alcaçuz e grafite. Denso, sápido, com taninos arredondados e um longo final de boca.
Harmoniza bem com pratos condimentados como um Steak au Poivre Vert, carne de caça em molho escuro, Marreco recheado e embutidos defumados ou picantes.