#4 – Tampa de rosca é para vinhos ‘baratos’…
Quem viver verá: as rolhas estão com os dias contados. Como a melhor defesa é o ataque, vamos logo para as cabeças. Conheçam o Henschke’s Hill of Grace, um dos vinhos mais caros e desejados do mundo.
Atenção para o detalhe apontado pela seta vermelha: tampa de rosca…
Este espetacular Shiraz australiano é um vinho caro, com preços que podem atingir facilmente R$ 1.200,00 por unidade, fora do Brasil.
Aqui é trazido pela importadora Mistral que assim o descreve:
“O mais célebre e conceituado vinho de vinhedo único da Austrália, considerado um dos maiores tintos do mundo.”
A expectativa de tempo de guarda é de 20 anos. (preços de 2013)
O debate
A rolha de cortiça tem sido o método de fechamento padrão das garrafas de vinho desde o século XVII, mas neste 21º século está sendo gradativamente substituída pela cápsula Stelvin®, popularmente conhecida como tampa de rosca.
Motivos não faltam, nem contra e nem a favor. Eis uma coleção deles:
Prós
· Extremamente fácil de abrir e as garrafas podem ser fechadas novamente com segurança;
· Impede a contaminação por TCA (Tricloroanisol) que provoca o conhecido sabor de rolha nos vinhos (estatisticamente 1 garrafa em cada 12 está contaminada);
· Pode ser utilizada indistintamente em vinhos brancos ou tintos;
· Preserva todas as características do vinho como aromas e sabores mantendo uma qualidade final constante;
· As garrafas podem ser guardadas em pé ou deitadas.
Contras
· Acaba com o tradicional rito de tirar a rolha. Como ironia, Sommeliers ficam meio sem função e simplifica o serviço do vinho;
· No caso de espumantes, cadê o festivo espocar da rolha…
· Para adotar a rosca, as vinícolas deverão adquirir novos equipamentos e novas garrafas, o que significa mais investimentos;
· A diminuição no consumo de cortiça afetaria diretamente a economia dos países da Península Ibérica e do Norte da África. Por outro lado haverá um significativo ganho ambiental;
· Exige uma vinificação cuidadosa para evitar a presença de sulfeto de hidrogênio (subproduto da fermentação) gerando aromas desagradáveis quando a garrafa é aberta.
Os defensores das rolhas têm mais um forte argumento a seu favor quando lembram que só garrafas arrolhadas permitem que um vinho envelheça corretamente, ao deixar que micro-quantidades de oxigênio permeiem sua estrutura porosa e cheguem beneficamente ao vinho.
Isto está para cair por terra!
A empresa francesa Amcor que desenvolveu a cápsula Stelvin® tem dedicado muito investimento na evolução do seu produto.
Recentemente apresentou uma nova linha de tampas que deixam entrar quantidades exatas de oxigênio.
Inacreditável!
O Enólogo, além de toda a parafernália que dispõe para vinificar, poderá dar mais um passo e controlar totalmente o que vai acontecer após o engarrafamento (com rolhas isto era aleatório). A foto é autoexplicativa.
Na Nova Zelândia, mais de 95% das vinícolas já se converteram para a tampa de rosca sendo quase impossível comprar uma garrafa com rolha. Outros países como França, Austrália e Estados Unidos estão em franca conversão para este moderno método de fechamento.
“Tá bom ou quer mais”?
A única coisa que me aborrece é não saber que destino darei à minha coleção de saca-rolhas…
Dica da Semana: tampa de rosca, óbvio!
C’est La Vie Rouge 2012
França – Bourgogne – Albert Bichot
Um vinho agradável, jovem e moderno, perfeito para uma reunião entre amigos ou uma descontraída refeição. Notas de cereja fresca e sutil pimenta preta.
Muito versátil nas combinações com comida. Carnes de porco, aves ou peixes de sabor marcante vão muito bem com esse tinto de rótulo bem humorado e corte irreverente de Pinot Noir e Syrah.
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