Dica da Semana: um vinho desta simpática vinícola.
Na coluna anterior a esta, comentamos que os vinhos chilenos produzidos com a Cabernet Sauvignon seriam escolhas melhores do que os vinhos produzidos a partir da casta emblemática chilena, a Carménère. Para demonstrar a força da Cabernet, lembramo-nos de um interessante evento que tinha por objetivo comprovar esta tese, e outras qualidades dos vinhos deste país sul-americano.
Há 10 anos, precisamente em 23 de janeiro de 2004, foi organizada em Berlim uma degustação comparativa entre vinhos chilenos, franceses e italianos, nos moldes do famoso “Julgamento de Paris” que mostrou as qualidades dos vinhos californianos. O evento foi promovido por Eduardo Chadwick, proprietário da Viña Errázuriz, 4º maior exportador do país, que forneceu seus vinhos para serem comparados: Viñedo Chadwick; Seña e Don Maximiano.
Ao todo foram 16 vinhos, contemplando três terroirs diferentes: Bordeaux, Toscana e Chile. As safras escolhidas foram 2000 e 2001, cabendo a 36 julgadores a difícil tarefa de escolher os melhores.
Entre eles estava Steven Spurrier, responsável pela notável Degustação de Paris que mudou o mundo do vinho. Os demais degustadores foram selecionados entres os mais renomados Jornalistas, Críticos, Sommeliers e personalidades do mundo dos vinhos. Um show muito bem montado.
A degustação às cegas foi realizada no Ritz Carlton Hotel. Os vinhos foram divididos em grupos segundo suas safras: 3 franceses e 3 chilenos da safra 2001; 4 italianos da safra 2000; 3 chilenos e 3 franceses da safra 2000.
Um ponto importante a ser destacado aqui é a idade do que foi servido. Os vinhos mais velhos tinham apenas 4 anos, o que é muito pouco para um Bordeaux. O mesmo não pode ser dito em relação aos chilenos. Vinhos do Novo Mundo são elaborados tendo em mente um consumo mais imediato, o que não impede que sejam guardados por cerca de 10 anos. Para alguns analistas, esta “juventude” teria influenciado não só o resultado desta degustação como também daquela realizada em Paris. Vamos aos resultados:
1 – Viñedo Chadwick 2000
2 – Seña 2001
3 – Château Lafite-Rothschild 2000
4 – Château Margaux 2001 e Seña 2000 (empate)
6 – Viñedo Chadwick 2001; Château Margaux 2000 e Château Latour 2000 (empate)
9 – Don Maximiano 2001
10 – Château Latour 2001 e Solaia 2000 (empate)
O 1º lugar coube a um vinho produzido com 100% de Cabernet Sauvignon provenientes do vinhedo homônimo plantado em 1992. A primeira safra deste vinho foi em 1999.
O Seña, 2º lugar, é um corte de 75% Cabernet Sauvignon, 15% Merlot, 6% Cabernet Franc e 4% de Carménère.
O primeiro vinho francês aparece em 3º lugar, o icônico Château Lafite-Rothschild 2000, safra considerada como uma das melhores. A Safra de 2001 também teve seus méritos. Foi chamada de “a esquecida”: só após um longo período de envelhecimento, característica típica dos bordaleses, mostrou seu valor. Deste lote aparecem outros dois monstros: o Chatêau Margaux em 4º lugar e o Chatêau Latour em 10º.
Somente um italiano aparece entre os 10 primeiros, o excelente Supertoscano Solaia, um corte de Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc e Sangiovese.
Esta prova tem o seu valor, embora tenha sido dirigida para valorizar os vinhos de Chadwick (Viña Errázuriz). O curioso é que este show rodou o mundo repetindo a degustação em diversos países, inclusive aqui no Brasil em 2005 e 2013.
Os resultados mostraram certa consistência. Nos dois eventos brasileiros houve uma inversão:
2005
1 – Chatêau Margaux 2001
2 – Viñedo Chadwick 2000
3 – Seña 2001
2013
1 – Chatêau Margaux 2001
2 – Seña 2007
3 – Don Maximiano 2009
Foi um feito expressivo que se tornou um marco na vinicultura chilena. Para comemorar os 10 anos estão sendo organizados diversos jantares comemorativos com a apresentação não só dos vinhos campeões como toda a linha da Errázuriz. As opiniões têm sido as mais favoráveis.
Alguém ainda duvida dos Cabernet chilenos?
Frequentemente classificado como um “Smart Buy” pela Wine Spectator e “Altamente Recomendado” pela revista Decanter, o Cabernet Sauvignon Max Reserva é o “irmão menor” do Don Maximiano.Denso, complexo e concentrado, com elegância e finesse surpreendentes.
Stephen Tanzer: 90 (2009)
WE 90 (2006)
RP 88 (2010)
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