Hoje é dia de aula prática!

Deixar uma garrafa pela metade é coisa bem comum. Para muitas pessoas isto se torna um problema, principalmente quando o vinho é bom: como armazenar corretamente e por quanto tempo pode ser guardado sem prejuízo?

Existem vários truques, além de bons acessórios que podem ajudar nisto. Também podemos ser criativos e destinar a sobra do vinho para outras finalidades.

Escolham uma das sugestões a seguir.

1 – Arrolhar a garrafa com sua rolha original.

Pode parecer meio óbvio, mas este procedimento tem uma pegadinha importante: a rolha deve ser colocada na posição original. Nada de inverter e colocar o lado externo para dentro da garrafa.

A explicação?

Fácil: a face que está em contato com o vinho já se mostrou boa não estragando nada e nem interferindo nos sabores. O lado oposto, em compensação, esteve exposto a sujeiras, fungos, gorduras, etc.

Alguém quer arriscar?

2 – Refrigerar o que sobrou.

Pouca gente se lembra deste detalhe. Fazemos isto com os alimentos então por que não fazer, também, com a nossa bebida favorita?

Tem mais: podemos congelar!

Resfriar a sobra de um vinho não vai impedir sua oxidação, mas vai retardar bem o processo. Recolocar a rolha e deixar o vinho em pé na porta da geladeira já é uma boa medida. Dura uns 2 dias.

Para congelar é necessário adotar alguns procedimentos de segurança: não se deve colocar uma garrafa de vidro no congelador. A quantidade de água que existe no vinho, quando congela, pode causar uma rachadura e estragar tudo.

O ideal é transferir o que sobrou para garrafas plásticas pequenas (vazias) de água mineral e colocá-las no congelador. Aguentam, sem problemas, um bom par de meses. Para descongelar proceda da mesma forma como se fosse para um alimento: deixe na parte baixa da geladeira um ou dois dias antes de consumir ou do lado de fora se pretende usar rapidamente.

Há quem utilize formas de gelo ou mesmo potes plásticos. Mas precisam estar imaculadamente limpos, esterilizados se possível, e bem selados para evitar contaminações cruzadas.

3 – Acessórios!

Um dos mais famosos é o Vacu Vin, uma rolha plástica que é colocada a vácuo com o auxílio de uma bomba manual. Existem vários similares. Funciona razoavelmente por uns 3 ou 4 dias se guardarmos a garrafa na geladeira. Praticamente o mesmo tempo que se obtém com a rolha comum. O princípio de funcionamento é bem lógico: se é o ar (oxigênio) que estraga o vinho, o ideal é retirá-lo. Os melhores resultados, entretanto, são obtidos quando se deixa uma pequena quantidade de ar na garrafa.

 
 
O AntiOx é outro dispositivo que evita a oxidação utilizando uma tecnologia revolucionária, uma espécie de filtro de carvão, que impede o contato do oxigênio com o vinho. Simples e prático. Segundo o fabricante, sua capacidade de proteção supera a do acessório anterior: garante o vinho por cerca de 10 dias.
 
 
Existem tampas metálicas ou de silicone que funcionam muito bem desde que respeitados certos limites. O mais importante deles é o tempo de guarda. Se for de 1 ou 2 dias, apenas, elas dão conta, mais que isto…
 
 
São ótimas para proteger uma garrafa de vinho que vai ser consumida ao ar livre, evitando a entrada de insetos, folhas, poeira, etc.
 
O mais sofisticado equipamento do momento é o Coravin, um extrator de que consegue servir o vinho sem tirar a rolha. O espaço vazio será preenchido com um gás inerte, o argônio, mantendo a integridade da bebida original. Não é barato, mas funciona muito bem. Há algumas restrições de ordem burocrática para trazer este aparelhinho para o Brasil: não é possível transportar este gás em aviões.
 

 
4 – Sendo Criativo
 
Colocando na ponta do lápis, o consumo de uma garrafa de vinho por um casal durante a refeição não é nada fora do normal. Os 750 ml se traduzem em duas taças para cada um com uma última dose que pode ser dividida irmãmente. Há uma vantagem nisto se lembrarmos de que consumir de 1 a 3 taças por dia é considerado um hábito salutar.
 
Em outras culturas que estão mais habituadas ao consumo diário de vinhos, encontram-se, facilmente, as ½ garrafas, ótima opção para quando se está sozinho ou não desejamos consumir muito álcool. Algumas boas lojas já oferecem esta tamanho para seus clientes, com uma ampla variedade de produtores.
 
Finalmente, se nada disto for suficiente, que tal usar a sobra do vinho numa elaborada preparação culinária?
Receitas de marinadas que amaciam e temperam as carnes ou sofisticados molhos que as acompanham podem ser encontrados nos melhores livros de cozinha. Entre os pratos clássicos tradicionais citamos o celebrado “Coq au Vin”, o “Boeuf Bourguignon” e a “Bouillabaisse”.
 
Isto é que se chama dar um bom destino às sobras!
 
Dica da Semana:  uma vantagem da ½ garrafa é que podemos tomar um grande vinho a preço convidativo. Basta escolher bem a companhia.
 

Sonoma County Zinfandel 2010 (½ gfa.) 
Seghesio é um dos maiores especialistas em Zinfandel dos Estados Unidos e este excelente tinto já foi indicado diversas vezes para a lista dos “100 Melhores Vinhos do Mundo” pela Wine Spectator. Encorpado e com muita personalidade!