Estes dois últimos vinhos de nossa pequena saga tem uma história que se entrelaça: “Viña el Pisón” da Vinha Artadi e o fabuloso “Contador” de  Benjamin Romeo, um dos primeiros vinhos espanhóis que recebeu 100 pontos de Parker.
 
8 – Viña el Pisón
 
Fundada em 1985 como uma cooperativa de agricultores e vinhateiros, a Artadi sempre teve o foco no respeito ao terreno e nas tradições que são mantidas até hoje. Seguindo preceitos orgânicos autossustentáveis e mais recentemente biodinâmicos, foi escolhida pelo importante Guia Peñin como a “Mejor Bodega” de 2014. Escolha mais que merecida.
 
Dentre os diversos vinhos que produz se destaca o Viña el Pisón, nome dado a um particular vinhedo de 2,4 hectares que fornece as uvas para esta vinificação.
 
 
Seguindo fielmente o princípio de que os vinhos são feitos no vinhedo e que seus segredos descansam e são guardados com zelo na Bodega, vinificam com extremo cuidado utilizando as leveduras autóctones e baixos teores de enxofre. Toda a movimentação dos frutos e líquidos é feita por gravidade.
 
 
Considerado por seus produtores com um reflexo de seus antepassados e da paixão dos que desejam manter vivo o espírito de um vinhedo, o “el Pisón” reflete, ainda, todo o equilíbrio entre os agentes naturais que se configuram no seu entorno que permitem a produção de um vinho cheio de características minerais muito sutis, frutas finas, especiarias complexas e delicadas além de taninos volumosos e acariciantes. Surpreendente, elegante, com sensações novas a cada gole.
 
 
Talvez a expressão máxima da casta Tempranillo.
 
Curiosidades:
 
– a safra de 2004 recebeu os 100 pontos de Parker;
 
– a Bodega Artadi não respeita integralmente os preceitos da Denominação DOC Rioja, por esta razão este vinho não recebe nenhuma classificação oficial;
 
– sua produção é minúscula o que o torna um vinho muito raro.
 
9 – Contador
 
Benjamín Romeo, proprietário e enólogo que produz esta joia da coroa espanhola das vinificações, foi o enólogo da Artadi até o ano 2000. Em 1996 já produzia alguns vinhos num caverna (cave/cueva) sob o Castelo de San Vicente de la Sonsierra. Pacientemente foi adquirindo diversas parcelas de vinhedos e elaborando vinificações experimentais na “cueva”. Seu primeiro vinho recebeu o nome de “Cueva del Contador”.
 
 
Em 2001, embalado pela boa receptividade de seu vinho, transforma a garagem da casa de seus pais em uma vinícola e parte para projetos mais ambiciosos. Nascia, assim, o mítico Contador, um vinho que recebeu nota máxima de Parker em duas safras consecutivas, 2004 e 2005. Benjamín Romeo passou a ser denominado o “Colecionador de 100 pontos”.
 
 
Este vinho é muito diferente de qualquer outro “Riojano” segundo seu produtor. Com uma complexa combinação de frutas no aroma e no palato e uma densidade fora do comum, o destaca como um vinho da era moderna, o oposto do que foi apresentado no início desta matéria, embora seja outro produto que traduz, com perfeição, os terrenos das diversas parcelas de onde foram colhidas as uvas para sua produção. Um corte de Tempranillo, Graciano e Mazuelo.
 
 
O gráfico acima é um retrato da complicada equação que rege a produção deste maravilhoso vinho: os diferentes segmentos mostram a participação de cada vinhedo na safra de 2008. Esta escolha é feita levando em conta a idade das parreiras e o volume que cada uma produziu. Só interessam plantas de pouca produção e idades provectas. A fermentação é realizada em barris de carvalho francês, de diferentes volumes. Não é utilizado o carvalho americano.
 
Uma loucura, quase uma obsessão. A eterna busca pela perfeição.
 
Curiosidades:
 
– depois de 2 notas 100 consecutivas, não houve uma safra em 2006: os frutos não atingiram a qualidade desejada;
 
– o nome decorre das salas, dentro das cuevas onde, antigamente, eram contados os odres de vinhos produzidos;
 
– a terceira e muito esperada terceira nota 100 ainda não aconteceu, mas não só o produtor como vários críticos acham que é só uma questão de tempo;
 
– em 2008 inaugurou uma moderníssima vinícola;
 
– o volume de produção não ultrapassa 5.000 garrafas por safra.
 

 
Dica da Semana:  um vinho da Bodega Contador que podemos desfrutar.

Predicador
 
O nome é uma homenagem ao personagem “The Preacher” (o Pregador) de Clint Eastwood. Está é a razão da imagem do rótulo.
Aromas de frutas vermelhas e negras, madeira fina, especiarias e notas minerais, mostrando grande complexidade. No paladar, é potente, fresco e maduro, com grande volume e pleno de frutas. Bom equilíbrio entre acidez e taninos suaves; boa estrutura e persistência. Um vinho muito fino, delicado, bastante longo e agradável.