Esta é uma das dúvidas mais frequentes quando apresentamos os diferentes sistemas de avaliação dos vinhos utilizados pelos mais renomados críticos: o que realmente significam estes “pontos”?
Sempre que um vinho é avaliado, a análise passa obrigatoriamente pelas seguintes etapas:
– Inspeção visual (coloração);
– Aromas;
– Paladar;
– Avaliação final.
Em qualquer sistema, um determinado número de pontos é alocado a cada uma destas categorias sendo a nota final o somatório de todas as notas, podendo ser multiplicada ou não por um coeficiente de ajuste. O peso de cada nota demonstra como um crítico entende o vinho, podendo dar mais ênfase a um ou a outro aspecto.
Por exemplo, na ficha de avaliação padronizada proposta por Giancarlo Bossi, cada etapa pode receber pontos de acordo com esta tabela:
Visual – 16 pontos;
Aromas – 24 pontos;
Paladar – 60 pontos.
Embora adotada por diversas associações de Sommeliers, não é considerada como bem equilibrada na distribuição dos pontos.
Duas outras escalas são mais bem aceitas entre os enófilos que buscam informações sobre os vinhos que pretendem comprar: a de 100 pontos, adotada por Robert Parker e a de 20 pontos utilizada por Jancis Robinson.
Embora esta subdivisão dos pontos por categoria nem sempre esteja disponível, é um tema pessoal do avaliador, Parker afirma em seu site que se aproxima destes valores:
5 pontos para a cor;
15 pontos para aromas;
20 pontos para paladar e final de boca;
10 pontos para capacidade de guarda e evolução.
A escala dele começa em 50, nota base atribuída a qualquer vinho que analisa. Não é possível, entretanto, saber o quanto ele atribui nestes itens, apenas a nota final é divulgada.
Abaixo está a classificação adotada por ele:
90 a 100 – equivale a uma nota A, um vinho fora de série;
80 a 89 – equivale a uma nota B, um muito, muito bom;
70 a 79 – equivale a uma nota C, um vinho comum, ideal para o dia a dia, sem muitas pretensões;
menos de 70 – notas D e F, (o F vem de Fail, ou reprovado)
O importante é o valor final e não o quanto foi atribuído a cada item avaliado. Para reforçar esta ideia ele lembra que com as tecnologias de vinificação modernas, nenhum vinho recebe menos de 4 pontos na avaliação da cor, o que praticamente neutraliza este valor.
Jancis Robinson, opta por avaliar o vinho como um todo, não divulgando se valoriza individualmente os pontos mencionados. Para ser o mais isenta possível, pede a opinião de outros membros de sua equipe para, ao final, fazer uma média destas notas.
Os vinhos são classificados segundo esta escala:
20 pts – Vinho realmente excepcional;
19 pts – Fora de série;
18 pts – Mais que excelente;
17 pts – Excelente;
16 pts – Bom;
15 pts – Médio;
14 pts – Sem graça;
13 pts – Vinho padronizado;
12 pts – Desinteressante ou com defeitos.
Apenas para efeitos didáticos, apresentamos abaixo uma comparação direta entre as escalas destes dois críticos:
Percebe-se, facilmente, que há diferenças de opinião entre um e outro. Enquanto Parker despreza vinhos com menos de 70 pontos, Robinson acha que vinhos com 15 pontos ou um pouco menos ainda podem ser degustados, embora não vá emocionar ninguém.
Para os leitores mais curiosos, existem diversos outros sistemas de avaliação, utilizando números ou outros símbolos. Uma relação comparativa muito completa foi elaborada pelo casal de entusiastas do vinho, Deborah e Steve De Long. Neste link pode-se baixar este arquivo no formato PDF (em inglês):
Como utilizar estas informações corretamente?
O primeiro passo é procurar pelo maior número de avaliações sobre um mesmo vinho que desejamos comprar. Cada avaliador vai ter uma opinião diferente, afinal, estas notas são absolutamente subjetivas. Nem mesmo o critério usado por algumas publicações especializadas, que formam um painel de degustadores para chegar a uma nota final, pode ser considerado como uma opinião definitiva.
Antes de decidir a compra de um caro e bom vinho, imaginem o seguinte:
– em qualquer concurso sobre vinhos existem grupos prós e contras um determinado produto, o que é absolutamente normal, aceitável e desejável;
– dependendo do momento, um avaliador pode gostar ou detestar um mesmo vinho. Já houve casos assim, inclusive com Parker;
– mesmo que alguns profissionais indiquem um determinado rótulo ou safra, ainda assim é possível que não gostemos do vinho. Gosto é pessoal e único;
– quem está habituado com vinhos do dia a dia não saberá apreciar corretamente um vinho top ou icônico. Pode até mesmo não gostar. Temos que nos habituar, primeiro, com estes paladares fora da curva normal;
– acreditem, vinhos comprados em supermercados são sempre iguais e poderiam ser descritos como “5 sabores em 100 garrafas”. (o mundo do vinho é infinitamente maior que isto).
Dica da Semana: um vinho top elaborado a partir de uma casta rara hoje em dia, a Teroldego. Qual a sua nota para ele?
Foradori Teroldego Rotaliano DOC 2008
Apresenta aromas de frutas vermelhas maduras, notas herbáceas, toques de café e defumados.
No palato é rico e encorpado, confirmando as sensações olfativas com taninos marcantes e presentes.
Seu final de boca é intenso e persistente.
Harmonização: ideal para acompanhar carnes vermelhas grelhadas e assadas, massas recheadas de carne, cordeiro e queijos fortes, como Taleggio e Reblochon
Deixe um comentário