A coluna de hoje teve origem num trecho de um e-mail enviado pelo leitor Adolfo Lioni, do Rio de Janeiro:
“Tenho um amigo que apesar de não ser um bebedor de vinho e sim de cerveja, ele ao beber um vinho (ou “cheirá-lo”) consegue perceber aromas que eu, acostumado a beber vinho, não consigo. Alguns eu até acerto, como madeira, frutas vermelhas ou mesmo maracujá em alguns vinhos brancos, mas ele é craque e seria um bom provador de vinho se quisesse. Como explicar isso”?
Embora para os leigos não seja um tema muito visível, há uma grande semelhança entre vinhos e cervejas. Alguns autores, inclusive, classificam as bebidas alcoólicas em dois grupos apenas:
– Destilados;
– Cervejas.
Para estes, o vinho, definitivamente, é uma cerveja.
Olhando por um lado mais técnico, o processo de produção de qualquer uma das duas delícias é o mesmo: fermentação de um grão ou de uma fruta.
Se pensarmos nos dias de hoje, com a enorme proliferação de cervejas artesanais, algumas cortadas com café, mandioca, milho, arroz, etc., ou fermentadas em barricas de carvalho e até mesmo maturadas ou envelhecidas, fica fácil de convergir todas estas semelhanças com a produção vinícola.
Mas há uma importante diferença que se torna o principal ponto para responder à pergunta contida na mensagem do leitor. Para entender, fazemos um desafio:
O que mais fácil beber, uma cerveja ou um vinho?
Aposta fácil esta. Com seu baixo teor alcoólico, bom apelo visual, sabor agradável, preço baixo e companheira ideal nos dias de calor, não tem outra resposta.
Para fechar o quadro, as “cervas” também passam por um ritual de degustação como os vinhos: cor, aroma e sabor, sem as formalidades que são tradicionais entre os enófilos. É neste momento que começa o treinamento de nossos sentidos que vão nos ajudar a encontrar as sutis características de um vinho, sempre ricamente descritas pelos “especialistas”.
Quando degustamos uma cerveja fazemos isto naturalmente e tudo fica registrado no subconsciente. Destacamos, entre muitos outros:
– os aromas do cereal maltado;
– percebe-se a presença das leveduras (gosto de pão);
– quando cortada com café ou especiarias estas notas se destacam com facilidade;
– identifica-se a presença de madeira seja na fermentação ou no amadurecimento;
– sente-se o amargor do lúpulo e até mesmo é possível determinar a sua origem.
No link a seguir, em inglês, uma série de imagens com os principais aromas e sabores de alguns tipos mais comuns de cervejas:
Glossário: (algumas imagens falam por si)
Barley – cevada
Berries – frutas vermelhas
Bitter Herbs – ervas amargas, lúpulo
Brown Ale – cerveja tipo “Ruiva”Porters and stouts – dois tipos de cervejas escuras e amargasFunky Flavors – sabores estranhos, incomuns, como o cogumelo representado
Grass – grama, capim
IPA – cerveja tipo India Pale Ale
Oats – aveia
Pilsner – cerveja clara, a mais comum no nosso país
Plum – ameixa
Saison – cerveja pouco comum no Brasil, um produto sazonal da Bélgica
Wheat Beer – cerveja de trigo
Tudo que resta fazer é transferir estas noções para o vinho. Mas é preciso atenção e bom senso e, principalmente, não devemos nos preocupar com formalidades. Divirtam-se apenas.
Um dos companheiros de confrarias desta coluna, Ronald Sharp, fez uma bela lembrança que aumenta a nossa cultura enológica:
“Por que não fazer como os espanhóis que antes de degustar um dos bons vinhos que produzem, preparam a boca com uma bela cerveja, afinal, ela é o pão líquido”.
Bom conselho!
Vale a pena experimentar!
Dica da Semana: nesta sexta feira 12/06/2015 é o dia dos namorados. Vinho sempre foi uma das grandes armas de sedução. Selecionamos um vinho perfeito para ela e ele.
Peachy Canyon – The Incredible Red, Paso Robles 2012
Apresenta uma coloração vermelha escura com aromas de café achocolatado, baunilha e notas suaves de morangos frescos.
Na boca, taninos suaves, boa acidez e sabores que lembram frutas frescas que desenvolvem para sabores de cerejas com um suave toque de pimentas brancas.
Um vinho bem feito que promete encantar quem o provar.
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