Para quem não o conhece, Miguel Brascó foi um dos mais famosos críticos de vinhos da Argentina. Suas citações, algumas muito cáusticas, fizeram história e são usadas até hoje (faleceu em 2014). A que está no título é uma das minhas preferidas.
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“A los bebedores del buen vino argentino, les recomiendo que se dejen guiar sólo por lo que les va gustando, no por el blablá de los bobetas de la fashion” … |
Pode parecer meio óbvia, mas esconde uma série de verdades sobre a mais nobre das bebidas. O principal ponto a ser discutido é como encontrar este mítico vinho que nos agrada.
A primeira dificuldade é que não gostamos das mesmas coisas, o que nos remete a outro velho ditado “o que seria do azul se todos gostassem do amarelo?”.
Outro clichê que pode ser usado aqui afirma: “a variedade é o tempero da vida”.
O que, afinal, nos faz gostar de um determinado vinho e detestar outros?
Este é um caminho muito sinuoso, repleto de alternativas, sobre o qual devemos refletir muito. Uma observação fácil de fazer é comparar um mesmo vinho em diferentes situações: quando foi degustado sozinho num momento de meditação, com outra ocasião em que foi consumido na companhia de amigos e boa comida.
Serão duas experiências diametralmente opostas. Como explicar?
Seria por contas das características técnicas do vinho: aromas, sabores, complexidade, teor alcoólico, acidez; ou simplesmente porque o momento era o certo: a comida, o lugar, a conversa, o estado de espírito, tudo convergindo para que o vinho ficasse perfeito?
Compreendido este efeito, ficará fácil prestar mais atenção aos vinhos da mesma vinícola ou do mesmo enólogo e até mesmo aos vinhos que são elaborados com as mesmas uvas e técnicas de amadurecimento ou não.
Começamos um lento processo de apurar o nosso paladar, mas não é tarefa fácil.
O importante deixará de ser somente o lado técnico e passaremos a dar mais valor ao entorno do ato de abrir uma garrafa, a todas as variáveis que não estão ligadas ao vinho em si, mas ao ato de desfrutá-lo.
Com a prática vamos finalmente descobrir o que nos seduz nos vinhos, independente de quem o produz, de qual região ou das castas utilizadas. Cada garrafa terá sua própria forma de ser degustada, nos permitindo escolher, com segurança, qual o melhor vinho para determinada ocasião.
Esta é a razão da certeza de Brascó: “ O melhor vinho é aquele que mais nos agrada”
Dica da Semana: será este um vinho que nos agrada?
Masi Tupungato Malbec 2012
Um tinto denso, cheio de fruta e especiarias, com um envolvente toque de chocolate no final de boca e um sotaque tipicamente europeu.
É elaborado com a uva Malbec plantada no Vale de Uco, em vinhedos de altitude entre 950 e 1050m.
Um bom achado argentino, com delicioso apelo gastronômico e excelente relação qualidade/preço.
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