Nebbiolo ou Nebieul no dialeto piemontês, é uma das castas viníferas mais importantes da Itália, responsável por vinhos como o Barolo e o Barbaresco.
Como toda diva, é temperamental e muito difícil de cultivar e vinificar. Alguns autores a comparam, por estas características, com a não menos famosa Pinot Noir da Borgonha. Mas seus vinhos não têm muita coisa em comum.
Sua denominação deriva de “nebbia” que significa névoa, talvez pela fina camada branca que cobre sua casca, quando madura. Outra explicação aceita, nos remete para a vindímia, no Langhe, sempre enevoada no mês de outubro. Uma corrente de pesquisadores acredita, ainda, que o nebbiolo seja uma deturpação de “nobile” (nobre).
Registros históricos mostram que ela já era cultivada e vinificada em 1266, curiosamente com um estilo bem diferente dos vinhos de hoje. Uma casta muito popular e tão importante, naquela região, que um estatuto redigido em 1431, previa uma pesada multa para quem cortasse ou danificasse uma parreira.
Portanto, é uma veterana que sobreviveu até mesmo a filoxera (1930), mas obrigou ao replante com enxertia em raízes de viníferas americanas.
Estudos de ampelografia mostram que esta é uma casta autóctone da Itália e que se desenvolveu no Piemonte. Análise do seu DNA revela traços de parentesco com diversas outras castas típicas do país e até mesmo a Viognier da região do Rhône, França. Por ser uma espécie muito temperamental e instável, não se adapta bem a qualquer tipo de solo, preferindo a região calcária próxima à cidade de Alba, na margem direita do rio Tanaro.
Seus clones se multiplicam facilmente. Os preferidos para a vinificação, entre mais de 40 tipos já identificados, são Lampia, Michet e Rosé Nebbiolo, este último em franco desuso.
Os principais vinhos obtidos a partir desta casta são: Barolo, Barbaresco, Roero, Gattinara, Ghemme e Nebbiolo d’Alba. Dependendo de cada região e das DOC e DOCG, pode haver outras uvas cortando a Nebbiolo, exceto para os dois primeiros que, obrigatoriamente, devem ser elaborados com 100% da casta.
Além do Piemonte, vamos encontrar está uva nas regiões vizinhas de Val d’Aosta (Donnas) e na Lombardia (Valtellina e Franciacorta). Na região do Veneto existe uma pequena parcela plantada para a produção de um vinho do tipo Recioto. Fora da Itália, vamos encontrá-la nos Estados Unidos, México, Argentina e Austrália.
Seus vinhos são tipicamente de coloração clara, muito tânicos e ácidos quando jovens, precisando de um longo tempo de amadurecimento para se tornarem palatáveis de acordo com as exigências do mundo moderno (paladar também evolui…). Pelo menos 10 anos de guarda. Alguns vinhos de 1ª linha devem ficar esquecidos por 30 anos para desenvolverem todo o seu potencial.
O resultado é espetacular, justificando o título de “Rei dos Vinhos” atribuído ao Barolo. Saiba mais neste link:
https://oboletimdovinho.com.br/2011/11/25/estamos-na-italia-terra-do-rei-dos-vinhos/
A marca registrada desta varietal é produzir vinhos com notas marcantes de alcatrão e rosas num bouquet que inclui frutas secas, ameixas, couro, alcaçuz, amoras e especiarias.
Em uma coluna anterior dissertamos sobre a outra uva do Piemonte, a Barbera, que tem uma área plantada muito superior à da Nebbiolo. Espero que as dúvidas apresentadas então, por alguns leitores, estejam resolvidas.
Bons vinhos, saúde!
Vinho da Semana: do Piemonte é claro
Barolo Prunotto 2008 – $$$
Vermelho-rubi com reflexos granada.
Aroma complexo, com notas herbáceas e toque de violeta.
Na boca apresenta-se pleno e aveludado, com final longo.
Harmonização: Ideal para acompanhar pratos de carne muito estruturados e densos, como ossobuco, caças de pelo, ensopados e também queijos fortes.
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