Stephen Tanzer é um renomado crítico norte-americano de vinhos, que enfatiza em suas análises o refinamento de um vinho em lugar do que Parker denominou como “potência”. Recentemente publicou seu relatório sobre a Argentina.
Uma extensa e detalhada análise que passeia sobre condições climáticas, condições do solo, diferentes regiões produtoras e culmina com a degustação de mais de 1.000 vinhos de diferentes vinícolas. Cerca da metade destes vinhos não atingiu o nível de qualidade deste exigente autor e, por isso, nem foram mencionados.
A leitura atenta deste trabalho demonstra que, desde 2013, os vinhos argentinos vêm se beneficiando de safras de temperaturas mais baixas, permitindo a elaboração de vinhos com boa acidez (pH baixo), bom equilíbrio e um grande potencial de guarda. Em poucas palavras, grandes vinhos.
Os vinhos de grande altitude parecem indicar um caminho a ser seguido: o Colomé Altura Máxima, obtido a partir de uvas plantadas a cerca de 3000 metros acima do nível do mar, em Salta, recebeu 96 pontos para a safra de 2012, recém-colocada no mercado.
Não chega a ser uma surpresa para este colunista. Há alguns anos defendemos que, num breve espaço de tempo, os vinhos argentinos vão se juntar aos melhores do mundo. Para alguns produtores pontuais isto já é verdade.
Mendoza continua sendo o centro de produção mais importante e renomado, mas outras regiões como Patagônia e Salta têm se destacado merecidamente.
Durante muitos anos, Lujan (Mendoza) era considerada a melhor região produtora. Continua no topo e seus vinhos têm qualidade e preços diferenciados.
Mas hoje já enfrenta dura concorrência dos vinhos produzidos no Vale do Uco. Tradicionais e novas vinícolas vão adquirindo áreas para seus vinhedos e constroem modernas e eficientes bodegas numa das três divisões deste vale: San Carlos, Tunuyan e Tupungato.
Dentro de Tunuyan se encontra a região de Gualtallary, a mais recente Indicação Geográfica (IG).
Outra IG de grande importância é Altamira. Diversas vinícolas tradicionais como Catena e Chandon já estão estabelecidas nesta região. A mais recente é a Zuccardi que inaugurou, em março, uma moderna e elegante bodega.
Interessante notar que os rótulos dos vinhos argentinos estão cada vez mais detalhados, acrescentando indicações, não só dos vinhedos, como das parcelas de onde foram obtidas as uvas. Pode causar alguma confusão ao consumidor final, mas é uma nítida indicação do grau de sofisticação que os enólogos pretendem atingir.
Outra constatação é que embora a Malbec continue sendo o carro-chefe, outras castas se destacam e fazem bonito no mercado internacional. Entre elas temos Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc, Pinot Noir (Patagônia). Entre os brancos, Torrontés, Chardonnay e Pinot Gris.
Alguns destaques do relatório Tanzer:
– Achaval Ferrer finca Mirador – 95 pts
– Catena Zapata Malbec vinhedo Adrianna – Vino de Parcela – 95 pts
– Doña Paula Malbec El Alto Parcel – 96 pts
O relatório completo pode ser visto neste link (em inglês)
https://drive.google.com/file/d/0B6qpgSLGRafgWDVodlNmVEh5VTA/view?pref=2&pli=1
Vinho da Semana: da Argentina e da lista do Tanzer com 89 pontos.
Doña Paula Estate Black Edition – $$
Corte bordalês elaborado com uvas plantadas a 1.500 metros de altitude com a seguinte proporção: 60% Malbec, 37% Cabernet Sauvignon e 3% Petit Verdot.
Harmonização: Pratos saborosos à base de carnes vermelhas, carnes de caça e massas com molhos escuros e intensos.
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