Este mito poderia ser desdobrado em vários outros, há quem ache essencial os aromas e sabores introduzidos pela passagem por barris de carvalho e há quem deteste os vinhos “madeirados”.
Para complicar e fazer a alegria dos mais exigentes, existem diversas origens para esta mágica madeira que melhora vinhos e destilados: França, América do Norte, Eslovênia, entre outros.
Para alguns apaixonados, só vale carvalho francês e de uma determinada floresta.
Menos, menos!
O mito, tema da coluna de hoje, tem um importante pano de fundo: barricas de carvalho são caras e nem toda a vinícola é capaz de ter sempre material novo, a cada safra, fabricado com matéria-prima francesa oriunda da floresta de Tronçais, talvez a mais famosa de todas (as outras são: Allier, Limousin, Nevers e Vosges).
Cada barrica básica custa cerca de 600 dólares ou mais, lembrando sempre que sua a produção é limitada. As árvores de carvalho levam décadas até chegar no ponto de corte.
Para vinhos de ponta, estes barris são usados uma única vez. Os usos posteriores são para os produtos de segunda linha e sua influência diminui a cada nova rodada. Ao final de sua vida útil são revendidos para destilarias ou indústria de mobiliário, recuperando-se parte do investimento.
Como explicar os vinhos de boa relação custo-benefício que passam por madeira?
Existem alternativas, boas e baratas, que foram desenvolvidas para atender a produtores que estão muito distantes dos principais centros de fabricação destes barris ou que buscam formas de acrescentar madeira aos seus vinhos sem ter que fazer investimentos fabulosos que, certamente, impactariam no preço final ao consumidor.
Empresas especializadas fornecem o mesmo carvalho na forma de serragem, cavacos, aduelas, dominós e até em líquido. Geralmente são produtores de barris também.
Os de uso mais comuns são as os cavacos e as aduelas. Se forem empregados na forma correta e no momento ideal, produzem resultados idênticos aos das barricas, por uma fração do custo. Por exemplo:
Numa barrica padrão de Bordeaux cabem 225 litros. A quantidade de cavacos de carvalho indicada para um volume como este, num tanque de aço inox, seria 700g, o que custaria, aproximadamente 5 (cinco) dólares. Uma enorme economia.
Outra alternativa muito usada são as aduelas ou sarrafos de carvalho preparados para serem introduzidos nos grandes tanques, seja durante a fermentação ou após.
Os resultados são surpreendentes e sabe-se que muitos produtores de ponta já adotaram esta técnica, embora ninguém declare, abertamente, o seu uso.
Mais um mito detonado: nem tudo que aporta aromas e sabores de madeira ao vinho, suaviza taninos e realça outras características vem de uma barrica de carvalho.
Saúde e bons vinhos!
Vinho da Semana: um bom italiano, da Úmbria.
Vitiano Rosso 2013
Um corte de 34% Sangiovese, 33% Merlot e 33% Cabernet Sauvignon, que passa 3 meses em barricas de carvalho francês da floresta de Never.
Harmoniza com pratos de carne vermelha, massas com molhos estruturados, e queijos amarelos.
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