Anidrido sulfuroso, dióxido de enxofre, SO2 ou simplesmente “sulfito”, é um composto químico com propriedades antissépticas, antibacterianas e antioxidantes que auxilia, também, na extração dos compostos fenólicos que são os responsáveis pela cor e taninos nos vinhos tintos. Este conservante é adicionado ao vinho por suas importantes propriedades.
O uso dos sulfitos é bem antigo, os romanos queimavam velas feitas de enxofre, dentro das ânforas, para evitar que o vinho avinagrasse. A partir de 1900, os compostos à base de enxofre foram introduzidos, definitivamente, no processo de vinificação, impedindo a proliferação de bactérias e fungos.
Rigorosamente controlado por legislações específicas, sua quantidade máxima muda de país para país. O único ponto em comum é a obrigatoriedade de constar um aviso no rótulo ou contrarrótulo, como na imagem acima.
Existe uma razão: algumas pessoas são sensíveis aos sulfitos, mesmo em baixas concentrações, uma parcela menor que 1% da população mundial. Decorre disto o mito de hoje: que a famosa enxaqueca é a consequência da presença deste composto.
Não é bem assim…
Um bom teste para descobrir se somos afetados pelos sulfitos do vinho é degustar alguns damascos secos. Eles contêm cerca de 2.000 ppm (partes por milhão) de SO2 para poder manter sua estrutura, cor, sabor e durar por algum tempo nas embalagens. Um bom vinho tem, em média, 50 ppm, chegando a um máximo de 100 ppm (vinhos de sobremesa).
Neste ponto começamos a desmontar o mito: existem produtores que declaram que seu vinho é livre de sulfitos.
Não é verdade, estes vinhos têm uma quantidade entre 10 a 40 ppm e devido a um arabesco nas legislações, não são obrigados a declarar, como os demais, que contêm sulfitos.
Assim como as pessoas que são sensíveis à presença de compostos sulfurosos, os vinhos livres de sulfitos ficam com menos de 1% do seu universo, ou simplesmente, não existem.
Mais um mito detonado, mas…
E a dor de cabeça, a enxaqueca?
Infelizmente existem pessoas que têm reações alérgicas por conta das histaminas presentes no vinho. Dor de cabeça e um pouco de náusea são os sintomas mais conhecidos, nada que um antialérgico OTC não resolva.
Uma outra explicação vem de um trio de fatores, bem conhecido por todos, baixo nível de açúcar no sangue, desidratação e fadiga. Estes seriam os verdadeiros culpados por ressacas e enxaquecas.
Cuidado, então, ao decidir afogar as mágoas no vinho!
Existem produtores orgânicos e biodinâmicos, outro mito já explicado, que evitam colocar este polêmico conservante em seus vinhos. Obviamente que a vida útil destes produtos é muito limitada e encontrar um destes é quase como acertar o grande prêmio de uma loteria.
Se achar um, sorte sua.
Saúde, bons vinhos!
Vinho da Semana: lá da terrinha, novidade por aqui.
Lagoalva Tinto 2014 – $
Elaborado com um corte das melhores castas portuguesas, de modo a obter um vinho equilibrado e complexo.
Com coloração rubi, é um vinho elegante, com intenso aroma de frutas vermelhas e notas de baunilha.
No palato, é redondo e equilibrado, uma delícia de beber.
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