Eventos de degustação de vinhos são sempre importantes e bem-vindos. Quando anunciaram o Vinho na Vila, 4ª edição, no Rio de Janeiro, fiquei animado. A proposta deles é apresentar vinhos brasileiros, preferencialmente os produzidos por pequenas vinícolas ou ‘boutiques’ e, até mesmo, os interessantes ‘vinhos de garagem’.
Uma olhada no site mostrou que as edições anteriores, em S. Paulo, haviam sido um sucesso. A do Rio de Janeiro tinha tudo para dar certo.
Não deu!
Uma série de pequenos enganos, nenhum deles diretamente ligados aos vinhos, contribuiu para diminuir sensivelmente o brilho da festa. Houve acertos, claro, não foi um desperdício total para quem pagou o ingresso.
Os Erros
A primeira escolha errada foi a empresa encarregada de vender os ingressos pela Internet, (Ingresso Certo), totalmente incompetente e despreparada para tal atividade. É, na verdade, uma empresa de venda de fichas cadastrais dos clientes, opa! Ato falho!
Melhor seria dizer, dos otários que preencheram a extensa ficha, na esperança de um processo ágil, o que não era o caso.
Havia um pequeno lote de ingressos promocionais, uma técnica de marketing conhecida em todo o mundo, comumente chamada de Early Bird, concedendo um polpudo desconto para os madrugadores. Soube por fonte segura que o lote inicial se esgotou rapidamente, mas as vendas continuaram.
Solução? Cancelaram as vendas com uma esfarrapada desculpa de ‘problemas de segurança’…
Reclamei com os organizadores. Foi quando soube que havia pontos de venda espalhados pelos quatro cantos do Rio de Janeiro, embora nenhuma linha sobre isto no site. Comentei este fato num e-mail e recebi como resposta que ‘estava na página do Facebook e divulgado em outras mídias’.
É nesta hora que fico abismado com a falta de percepção da turma encarregada de organizar e divulgar estes eventos.
Aqui vão alguns conselhos e outras observações:
1 – Ninguém é obrigado a informar dados pessoais além dos básicos para estabelecer uma relação de compra e venda. Ficha cadastral completa para comprar um bilhete de valor baixo é piada;
2 – Números de telefone, fixo ou celular, são pessoais e a privacidade de cada um deve ser respeitada. Se estou fazendo uma compra pela internet e usando e-mail como meio de comunicação, não sou obrigado a fornecer um número de celular para receber, por SMS, o ingresso. Isto é opcional.
Com a venda dos cadastros, pela tal empresa incompetente, nossas caixas de mensagens estão repletas de ‘ofertas’ e a linha fixa recebe, por dia, mais de uma dezena de chamadas do tipo “Você ganhou”! ou “Eu sou o Moacir Franco…”.
3 – Redes sociais também não são obrigatórias para ninguém. Eu, particularmente, as acho muito chatas e invasivas. Talvez se tivesse 1/3 da idade que tenho hoje, pensasse diferente. Definitivamente não entendo as razões para divulgar só por redes sociais, ainda mais se a organização monta um site e responde por e-mail.
Assim como muitos outros eventos de entretenimento desta cidade que são sustentados pelos que estão na ‘melhor idade’, os sobre vinhos não fogem à regra: a grande maioria dos apreciadores de vinho não são exatamente adolescentes.
Erro de avaliação crasso!
4 – A escolha do lugar foi outra bobeada: era muito pequeno para o número de visitantes. Embora bem localizado e de fácil acesso, não era capaz de comportar um fluxo, declarado pelos organizadores, de 1500 pessoas por dia. No horário de pico ficou inviável circular no salão dos expositores.
Eis alguns comentários pinçados nos sites dos promotores:
_ “Evento muito mal organizado. A proposta era boa, conhecer melhor as vinícolas nacionais. Eu já tinha visitado algumas vinícolas na serra gaúcha e logo me animei…”
_ “Proposta interessante de conhecer melhor as vinícolas nacionais. Mas os organizadores só visaram lucro na escolha do mínimo espaço, menos de 200 m2 para as vinícolas…”
_ “Evento totalmente mal dimensionado, organizado por amadores. Destruíram uma ideia legal pela falta de profissionalismo. Venderam mais ingressos do que deveriam…”
Há centenas deles, infelizmente.
Parabéns, entretanto, para a elegância de mostrar os comentários, sejam eles bons ou ruins.
5 – Embora fosse uma ideia interessante, o Passaporte acabou sendo um entrave e não uma lembrança (e controle) do que foi provado.
Um simpático caderninho, de tamanho confortável, onde era carimbado, pelos produtores, quais vinhos haviam sido degustados.
Alguém sugeriu que era uma forma de evitar que se provasse um mesmo vinho várias vezes, o que não chega a ser ruim, mas acredito que seria mais uma lembrança do que foi consumido. Nenhum produtor se negou a uma segunda prova quando solicitada de forma educada.
O erro estava na hora da carimbada, acreditem. Todas as mesas serviam espumantes ou brancos o que significava balde de gelo e superfície de serviço molhada. Resumindo, não havia um local seco para apoiar o passaporte para a devida marcação e nem as mãos do expositor estariam secas para manusear papel e carimbo.
O meu caderno ficou lamentável…
6 – Não havia um balde de descarte e nem água para limpar o paladar ou mesmo a taça, só comprando num dos pontos de venda de alimentação. Acho que os organizadores não imaginaram que só temos duas mãos: segurar a taça, o passaporte e mais a garrafinha de água.
Aguardo uma explicação.
Os Acertos
1 – Os vinhos. A seleção de vinícolas foi surpreendente, embora houvessem os oportunistas de sempre, sobejamente conhecidos e fáceis de ‘passar ao largo’.
A diversidade de espumantes foi o ponto alto. Pude experimentar rótulos totalmente desconhecidos, alguns de ótima qualidade. Difícil comprá-los por aqui. Para compensar, uma das características desta feira era vender todos os produtos ‘in loco’.
2 – A praça de alimentação era bem variada e de boa qualidade. Food Trucks diversos no pátio externo e algumas boas opções na varandinha anexa ao salão principal faziam a cabeça dos mais gulosos.
3 – A taça promocional era para ser levada, nada de devolver, um detalhe que valoriza qualquer degustação e certamente algo que vai ajudar a lembrar do evento por muitos anos.
Os meus destaques
Muito difícil escolher os melhores espumantes. Os bambas do pedaço estavam por lá: Rio Sol, Pericó, Perrini, Dal Pizzol, Máximo Boschi, entre outros.
Selecionei duas vinícolas gaúchas, a Torcello de Bento Gonçalves com um extraordinário Brut Rosé e a Velho Amâncio (o nome é pouco sugestivo), de Itaara, com seus altamente minerais espumantes, Vivelam, que caíram no meu gosto.
Entre os tintos, fico com os bons Tannat das vinícolas Batalha, de Candiota, o da já citada Torcello e o Monte Paschoal Reserva da vinícola Basso sediada em Farroupilha.
Um vinho, em especial, foi adquirido e aguarda uma boa oportunidade para ser degustado, o Merlot da Torcello.
Saúde, bons vinhos e eventos!
Vinho da Semana: mais um lançamento do Vinhosite/Casa Rio Verde.
Vinho da Galo – $
O “Vinho do Galo” é uma referência ao símbolo do clube Atlético Mineiro. Elaborado com a uva Merlot – a que melhor se adaptou ao solo e clima brasileiros – pela Lidio Carraro, a vinícola brasileira mais premiada no mundo.
A Casa Rio Verde/VinhoSite e o Atlético realizam evento de lançamento do vinho oficial do Clube, nesta sexta-feira, 26 de maio, das 17:30h às 20h, na loja do Galo no bairro de Lourdes (Rua Bernardo Guimarães – 2380), com degustação para os convidados e clientes da loja.
Compre aqui: www.vinhosite.com.br
Links:
– Vinho na Vila – www.vinhonavila.com.br
– Batalha Vinhos – www.vinhosbatalha.com.br
– Velho Amâncio – www.velhoamancio.com.br
– Torcello – www.torcello.com.br
– Monte Paschoal – http://www.montepaschoal.com.br
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