“Cru” e “Clos”

Dois termos, de origem francesa, que são importantes para quem aprecia e estuda vinhos. Mas o significado pode ser elusivo se não conhecermos um pouco da história que envolve as origens da nossa bebida predileta.

Para complicar as coisas, os dicionários e tradutores on line acabam se enrolando e apresentado um falso resultado ainda que ligado ao mundo da enologia.

O “Cru” que nos interessa é o particípio passado do verbo “croitre”, corretamente traduzido como “crescer”, para o nosso idioma. Cru pode ser traduzido como crescido.

A conexão com os vinhos começa com a fundação da Ordem Cisterciense, por volta de 1098. Coube a esta ordem religiosa cultivar os primeiros vinhedos plantados na Borgonha. Trabalhavam incessantemente de sol a sol, seguindo o lema ‘Ora et labora’. Além de cuidar de suas vinhas, com todo o zelo possível, passaram a estuda-las minuciosamente, descobrindo que algumas parcelas produziam frutos de melhor qualidade, safra após safra, para a elaboração do vinho.

Estas parcelas de terra acabaram, por extensão, sendo chamadas de ‘cru’, numa alusão ao que crescia ali. Com o tempo, começaram a mapear estes vinhedos segundo a qualidade de sua produção, dividindo-os em Grand Cru e Premier Cru. Os mais importantes acabaram sendo murados, surgindo o conceito de “clos” ou “fechado” em bom português. Um dos mais famosos é o Romanèe-Conti (foto).

O conceito de ‘Cru’ expandiu da Borgonha para diversas regiões, chegando na famosa Bordeaux, quando uma importante modificação foi introduzida, por lá:

Somente os vinhedos eram classificados. Isto mudaria a partir de 1855 quando foram definidas as cinco categorias bordalesas, Premier Cru até Cinquième Cru, classificando os Châteaux (produtores) e não somente os vinhedos.

Esta classificação, embora perdure até hoje, foi muito política na época. Napoleão III queria fazer bonito na Exposição Universal de Paris, daquele ano. Exigiu que os vinhos expostos fossem classificados. Os negociantes produziram a famosa lista de 58 produtores, distribuídos em 5 classes (crus) de acordo com sua reputação e preço de venda, o que era diretamente relacionado com a qualidade, naquele período.

Nem todas as regiões bordalesas foram contempladas, apenas o Medoc e um produtor de Graves. Os vinhos brancos receberam uma classificação mais simplificada, abrangendo somente os famosos vinhos doces de Sauternes e Barsac.

Muito se discute se esta classificação ainda corresponde à realidade.

Provavelmente, não, com algumas exceções honrosas. Outras regiões, como Saint Emilion, criaram suas classificações análogas.

Em todas elas, o termo Cru, permanece.

Saúde e bons vinhos!


Vinho da Semana:
um bordalês de boa qualidade.

Château Malblat

Cor rubi escuro e brilhante. Aromas de frutas vermelhas, baunilha e especiarias como canela. Em boca se apresenta amplo, macio, equilibrado, elegante e final persistente.

Harmonização: Pernil de Cordeiro, Vitela frita com cogumelos, Perdiz, Rins cozidos, Pato ao molho pardo, Parmesão, Paleta assada e Pato assado na manteiga com louro.

Compre aqui: www.vinhosite.com.br

EVENTOS

A Casa Rio Verde/VinhoSite recebe nos dias 31/julho e 01/agosto (segunda e terças-feiras) a visita do enólogo Adolfo Lona, da Vinhos e Espumantes Adolfo Lona, para lançamento de um novo espumante com a assinatura de Lona: o Orus Nature Silvia 1972, uma homenagem à sua esposa Silvia.

Este lançamento é cercado de grande expectativa. Trata-se de uma edição especial da linha Orus Pas Dosé, um Nature Rosé Clair produzido com as uvas tintas Merlot e Pinot Noir e maturado por 30 meses pelo método Tradicional em cave climatizada.

DEGUSTAÇÃO ADOLFO LONA

Data – 31/julho e 1º/agosto (segunda e terça-feira) – 19h30

Local: loja Casa Rio Verde – Marília de Dirceu – 104 – Lourdes – Belo Horizonte.

Espumantes que serão degustados:

• Adolfo Lona Charmat Brut

• Adolfo Lona Charmat Brut Rosé

• Adolfo Lona Brut Tradicional

• Adolfo Lona Nature Tradicional

• Adolfo Lona Demi Sec Aromático

• Adolfo Lona Orus Dona Silvia 1972

Investimento – R$ 60 para não sócios e R$ 42 para sócios do VinhoClube.

Convites nas lojas da Rio Verde ou pelo https://www.vinhosite.com.br/vinhos/cursos

2 Comments

  1. Jean

    Belo artigo , Uma correçao importante, o Romanée Conti, não é um Clos , ele só tem dois lados com muros , um Clos precisam ser inteiramente fechado, os monges faziam os clos, para parcelas que sofriam com a exposicao ao vento !Clos de Lambrays, Clos de La Roche, Clos de Vougeot etc… Também mistral somente a história dos cirstences por questoes de interesses da Côté d’or, porque nas Haute Côtes de Nuits antes deles em 1050 os monges de Saint Denis ja dominavam tudo isso, abraço Jean Claude Cara

    • Tuty

      Jean Claude
      Muito obrigado pela sua correção. Perfeita.
      Enriqueceu o artigo.
      Abraço
      Tuty

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