Vinho Biodinâmico é um dos tópicos que sempre geram animadas conversas entre enófilos. Muitos confundem com vinhos orgânicos ou com vinhos naturais.
Embora compartilhem algumas soluções técnicas, são bem diferentes entre si, cada um em busca de um objetivo bem característico.
Os vinhos biodinâmicos podem ser vistos como uma categoria à parte. Precisam cumprir duas etapas: um vinhedo biodinâmico e um processo de produção que respeite as regras desta cultura.
Nada disto é novo. Os conceitos de uma agricultura biodinâmica começaram a ser pensados em 1920, pelo filósofo austríaco Rudolph Steiner. Devem ser interpretados como um conceito Holístico, semelhante à Homeopatia, e precede, ao que chamamos de agricultura orgânica, em cerca de 20 anos.
Na biodinâmica, tudo no universo estaria interconectado, seres humanos, plantas, animais e até mesmo planetas, estrelas e seus satélites, por uma vibração ou ressonância. A viticultura biodinâmica pode ser descrita como a busca pelo equilíbrio ressonante entre o homem, a vinha, a terra e os astros celestiais.
“Todo vinho começa no vinhedo”, é uma das regras que são seguidas pelos melhores produtores. Na biodinâmica, isto é tão importante que existe um calendário próprio, que deve ser seguido à risca.
Existem dias para cada tipo de cultura: sementes, folhas e caules, frutos, raízes e flores, coincidindo com os elementos terra, ar, água e fogo. Estes dias é que vão reger a poda, colheita e irrigação. Tudo tem sua data exata.
Agentes químicos são proibidos e, em seu lugar, compostos naturais são utilizados, além de estimulada a presença de animais como patos, cavalos e ovinos, para proporcionar uma adubação totalmente natural.
O objetivo é conseguir manejar um sistema ecologicamente equilibrado.
Para produzir um vinho biodinâmico ainda é preciso um pouco mais. Os processos de vinificação, principalmente a fermentação, estabilização e filtragem, devem seguir rígidos procedimentos que são ditados por organizações certificadoras como a Demeter, representada no nosso pais pela IBD Certificações (www.ibd.com.br).
Alguns exemplos:
– Toda a operação da cantina deve ser por gravidade;
– Tanques de processamento e armazenamento em materiais naturais – concreto, madeira, cerâmica, aço. Plásticos não são permitidos;
– Leveduras indígenas somente. Proibida a Pasteurização;
A lista é grande (*) e exige muita atenção por parte do produtor. Creio que a melhor definição seria algo como ‘um modo de vida’ e não somente a produção de um vinho.
A Vinícola Santa Augusta, de Santa Catarina, começou a conversão de seus vinhedos nas localidades de Videira e Água Doce a partir de 2011. Em março de 2012 fizeram a 1ª colheita já sob o manejo biodinâmico.
A responsabilidade deste projeto ficou a cargo do Eng. Agrônomo e enólogo Jefferson Sancineto Nunes, com total apoio das proprietárias Morgana e Taline De Nardi.
Da fusão de parte dos nomes das sócias, MORgana e TALIne, criou-se o nome do 1º vinho biodinâmico brasileiro, o excelente iMorTali, um bem equilibrado corte de Cabernet Sauvignon 76,5%, Cabernet Franc 18,5% Merlot 5%.
Como acontece com tudo que é inovador ou foge ao convencional, existem os críticos que não aceitam estas técnicas com facilidade e as colocam junto com os nunca comprovados ‘poderes divinatórios’ e outras bruxarias. A principal crítica é que, no fundo, seriam vinhos, tão bons ou tão ruins, quanto qualquer outro.
Não há certo ou errado aqui. A decisão de manejar os vinhedos desta forma tem uma preocupação maior que o resultado em termos de aromas, sabores e tempo de vida: a redução do emprego de agentes químicos preservando o solo e as parreiras, para que possam nos proporcionar com frutos perfeitos para a elaboração de grandes vinhos.
Se existem, realmente, notáveis diferenças que os coloquem acima da média, só o consumidor final pode decidir. É um investimento.
Só podemos desejar mais sucesso para a Santa Augusta.
Saúde e bons vinhos!
(*) http://www.organicstandard.com.ua/files/standards/en/demeter/st_wine_e08.pdf
Vinho da semana: não poderia ser outro.
iMorTali 2012
Apresenta coloração vermelho rubi com reflexos violáceos, límpido. Aroma fino, complexo, com elegantes notas de frutas vermelhas, ausência de notas vegetais e leve toque de madeira. No palato é equilibrado, elegante, muito frutado, taninos maduros de excelente qualidade.
Harmonização: Carnes vermelhas, aves, caças, massas, molhos e queijos de sabor intenso.
Compre aqui:
Mercado Farinha Pura, Rio de Janeiro – http://www.farinhapura.com.br/
Vina Brasilis – romulo@vinabrasilis.com.br (21) 99515-1071
Boutique Santa Augusta: https://www.santaaugusta.com.br/loja/
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