Ela também existe no mundo do vinho e está tão enraizada na nossa forma de comprar e degustar que nem a percebemos.
Bordeaux e suas duas grandes castas, Cabernet Sauvignon e Merlot, além do mais que copiado corte Bordalês é uma destas ditaduras. Somos tão bombardeados que quase é uma obrigação comprar vinhos com estas características e são, quase sempre, as primeiras opções ao se tentar harmonizar uma refeição, seja em casa ou num restaurante.
Produtores do Novo Mundo tentam fazer um desvio nesta história, enfatizando as maravilhas de algumas de suas uvas, ditas emblemáticas, que na verdade são uvas do Velho Mundo renascidas em algum canto. Exemplos não faltam: Malbec argentino, Carménère chileno, Zinfandel norte americano…
Portugal, Itália e Espanha são honrosas exceções que valorizam, acima de tudo, suas uvas típicas, muitas delas pouco conhecidas fora de suas regiões produtoras que, numa ‘democracia vínica’, poderiam competir em igualdade de condições com as nobres castas que dominam o cenário mundial.
Nomes pouco comuns por aqui podem fazer a alegria de muitos enófilos, até pelo prazer de encontrar uma garrafa elaborada a partir de castas como Bobal, Marsanne, Roussanne, Barbera. Não chegam por aqui facilmente por serem pouco conhecidas e difíceis de vender.
Um bom exemplo é o italiano Barbera, um dos mais fáceis de encontrar no nosso país. Não é apreciado corretamente e leva a injustificada fama de ser um vinho ‘de segunda’.
Nada mais errado.
Típica da região do Piemonte, onde é uma das castas mais plantadas e populares, dá origem a vinhos que podem ser elaborados de forma mais leve, para o consumo diário ou ser vinificado para ser amadurecido, se mostrando bem encorpado, frutado e com marcante acidez, o que sugere que seja consumido um pouco mais frio que habitualmente. Excelente harmonização com salmão defumado.
Outra casta que merece uma atenção é a espanhola Bobal, nativa da região de Valência. Foi utilizada, durante muitos anos, para acrescentar coloração e acidez aos cortes elaborados a partir da Cabernet Sauvignon e de outra uva espanhola, a Monastrel.
Atualmente a Bobal está em voo solo. É uma cultivar tão versátil que até ótimos espumantes são feitos a partir dela, além de jovens Rosés, o vinho da moda para o verão.
Seguindo nesta trilha há muitas outras opções que devem ser provadas. De Portugal temos excelentes escolhas como os tintos da uva Baga da região da Bairrada, ou os bons Carignan elaborados no Chile, Sardenha e Languedoc- Roussillon.
Há ditaduras também entre os brancos. Que tal trocar a dobradinha Chardonnay e Sauvignon Blanc pelos bons Sémillon sejam de Bordeaux ou da África do Sul, pelo Torrontés argentino, ou ainda, o Albarinho/Alvarinho da península Ibérica e do Uruguai?
Opções não faltam, então, mais uma vez, “Abaixo a Ditadura”!
Saúde e bons vinhos.
Vinho da Semana: um Bobal que foi muito apreciado numa reunião, recente, da Confraria da Lagoa.
Madame Bobalu 2015
Composto de 100% da casta Bobal. Com o seu caráter único e complexidade de ter desfrutado de longa insolação, nos surpreende com um caldo requintado de cor cereja, intensa. O paladar mostra grande variedade e nuances ligeiramente lenhosas combinada com aromas predominantes que lembram frutas escuras.
Harmonização: Fondue de queijo, Guacamole, Mascarpone, Massas ao molho branco, Mexilhões em molho apimentado com coentro, Moqueca, Omelete com queijo branco.
Compre aqui: www.vinhosite.com.br
Aula sobre vinhos na Maison du Chef em outubro
Data: 26/10/2017 – 5ª feira
Horário: 19:00 às 22:00
End: Shopping Cidade Copacabana
Rua Siqueira Campos 143
Investimento: R$ 150,00
Instrutor: Tuty Pinheiro
Informações: (21) 3496-6894 / WhatsApp: (21) 98079-2888
E-mail: cursosmaisonduchef@bol.com.br
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