Quase uma maldição. Enófilos mais radicais afirmariam que “isto não é vinho”. Para piorar as coisas, um admirador dos brancos pode, de repente, descobrir que tem a única taça de cor clara no salão. Triste.
Para começo de conversa, não há nada errado em apreciar os vinhos brancos. São tão bons quanto os tintos e têm outras qualidades que não são percebidas pelos ‘tintófilos’, se é que este termo existe.
São vinhos frescos, que se bebe em baixas temperaturas, muito adequado para o nosso clima tropical e para a gastronomia costeira, sempre apoiada nos frutos do mar. Combinação perfeita!
Outro ponto a favor dos brancos é que são bem mais em conta que os tintos, numa mesma categoria. O que nos leva a novos comentários maldosos, algo como “quem bebe brancos não tem paladar apurado”.
Certamente uma falácia. Respeitadas algumas condições, a produção do vinho branco é menos complicada que a do tinto resultando numa redução de custos e refletindo no preço final. Isto não significa, de modo algum, que haja uma diferença de qualidade. Para ambos os casos, se a matéria-prima e os processos forem de qualidade, o produto final será, também, de boa qualidade.
Até pouco tempo atrás, a garrafa de vinho mais cara vendida no mercado era de um branco, um famoso Sauternes, o Chateau d’Yquem, datada de 1811. Um vinho de sobremesa, dirão alguns, outro argumento infundado e preconceituoso, como se estes vinhos fossem outro tipo de bebida. Existem alguns tintos doces, raros, deliciosos e caros, mas na sua grande maioria são brancos.
Dois outros argumentos são usados para diminuir a qualidade dos brancos: são demasiadamente leves, não têm corpo, não são ricos e não enchem a boca. Como se isto não bastasse, alegam que não envelhecem, nos levando a crer que se trata de uma exigência para ser um bom vinho.
Quem já provou um típico Chardonnay da Califórnia, que amadureceu em barris de carvalho e passou por uma malolática, sabe que nada disto é verdade. Bons brancos, muitas vezes, exigem um nível de sofisticação em sua elaboração igual ou maior que os melhores tintos. Que o digam os produtores dos famosos Riesling alemães, dos fantásticos Alvarinhos/Albariños da Península Ibérica, os Chenin Blanc de França ou África do Sul e a sensação do momento, os Vin Jaune do Jura, deliciosos brancos elaborados com suas cascas, o que acrescenta encantadores aromas e sabores.
Quanto a não serem vinho longevos, que tal um Madeira, elaborado com a casta Boal, do começo do século XX? São mais de 100 anos!
Um Champagne, de determinadas safras, pode durar cerca de 50 anos. Na Espanha alguns Xerez chegam a provecta idade de 30, quando estariam no ponto ideal de consumo.
Para encerrar e colocar aquele último prego, escrevo esta coluna no dia 08/03/2018, dia Internacional da Mulher. E quem melhor do que elas para apreciar os vinhos brancos?
Sempre tiveram um paladar mais apurado que o dos homens. Pura sabedoria…
Saúde e bons vinhos!
Vinho da Semana: um excelente branco.
Werner Anselmann Riesling QBA Trock 2014
Notas complexas de mel, maçã e frutas cítricas. Apresenta paladar fresco e elegante, harmônico e sedoso, com agradável final.
Harmonização: Salada de Legumes, Aspargos, Chevrotons, Frango xadrez, Lula frita, Peito de frango frito com páprica, Pizza Marguerita ou Vegetariana, Sashimi, Chop Suey de porco, Carnes desfiadas com cebola e legumes, Massa recheada com ricota.
Compre aqui: www.vinhosite.com.br
Viva ao brancos austríacos, que merecem uma matéria sua!!!!!
Berti
Boa sugestão, o problema é encontra-los à venda por aqui.
Abraço