Não chega a ser uma novidade, mas os rótulos contendo “Vinha Velhas”, “Old Vines”, “Vieille Vignes” ou em qualquer outro idioma, estão se proliferando e sempre é um motivo para aumentar o preço para os consumidores, mesmo que esta indicação não seja muito bem compreendida por todos.

Para começar, nem sempre podemos afirmar que um vinho elaborado a partir deste tipo de vinhas é, por si só, um vinho de qualidade diferenciada.

Vinhedos assim ainda produtivos são raros, não há dúvidas sobre este ponto, principalmente por conta da devastação causada pela Filoxera no século XIX. Nos países produtores do Novo Mundo as chances de encontrar estas parreiras centenárias são maiores.

Um outro aspecto pouco percebido pelos entusiastas deste tipo de vinho é que as técnicas de cultivo de 100 anos atrás eram muito diferentes das de hoje, inclusive quanto aos tipos castas de que estavam sendo cultivadas. Em poucas palavras, provavelmente não existem vinhedos antigos com uma única varietal. São sempre o que chamamos de “Field Blends”, várias espécies misturadas, aleatoriamente, como se encontra com bastante facilidade na Península Ibérica.

Para que fique bem claro, nem mesmo os vinhedos modernos conseguem ser 100% varietais. As parreiras são seres vivos e se adaptam, constantemente, as condições do terroir. Acabam se reproduzindo na forma de diferentes clones, num mesmo local. Esta é uma das razões de experimentarmos vinhos de uma mesma casta, elaborados em diferentes países, e encontrarmos estilos bem distintos entre si. Os clones plantados em cada região podem ter origens diversas.

Este fato nos leva a uma outra importante constatação: vinhas velhas funcionam muito bem como repositores genéticos. Ali pode estar o DNA original de uma determinada casta.

Devemos tratar estes vinhedos com todo o respeito e cuidado.

Portugal é um bom exemplo disto. Numa recente entrevista para o site The Drink Business (*), o atual enólogo e um dos proprietários da Quinta da Gaivosa, Tiago Alves de Sousa, afirmou que “Portugal é a Disneylândia dos vinhateiros”, chamando a atenção para o grande leque de castas nativas, terrenos, micro climas e idades, o que permite, em mãos competentes, criar vinhos incríveis.

Produtores apenas de vinho do Porto durante muitos anos, arriscaram seus primeiros vinhos não fortificados na década de 90. Atualmente, estes respondem por 75% de sua produção.

Cuida, com muito carinho, da principal herança desta vinícola familiar, as vinhas velhas. Conhece todo o seu potencial, mas sabe que não vão durar para sempre. Faz um replantio destas espécies dentro do mesmo estilo de field blend original, o que é um trabalho muito meticuloso e preciso. Copiando suas palavras, “o nosso futuro pode estar no nosso passado”.

Bravo Tiago!

Saúde e bons vinhos!

Vinho da Semana: um ótimo português oriundo de vinhas velhas.

Casa Santos Lima Reserva Tinto 2013 – $$$

Este vinho oferece uma excelente experiência da Região de Lisboa. Demonstra uma cor intensa e sugere aromas de frutos vermelhos maduros bem equilibrados com notas evidentes de especiarias, produzindo assim um longo e inesquecível paladar.

Premiações: Wine Enthusiast – 90 Pontos; Concours Mondial Bruxelles 2017 – Ouro; Berliner Wein Trophy 2017 – Ouro; International Wine Challenge (Tranche 1) 2017 – Ouro; Austrian Wine Challenge 2016 – Ouro; Asia Wine Trophy 2016 – Ouro.

Harmonização: Pernil suíno com batatas douradas, Medalhões à lá Grega, Filé mignon com crosta de ervas, Sopa de grão de bico com carne de porco e legumes, Cupim assado com batatas e alecrim, Queijo Tilsit, Parmigiano Reggiano.

Compre aqui: www.vinhosite.com.br


Curso de Iniciação ao Vinho na Casa Rio Verde  – Belo Horizonte

O programa do curso abrange:

– Harmonização Vinho x Comida;
– Como degustar;
– Principais países;
– Climas e solos;
– Tipos de videiras e de uvas;
– Serviço do vinho;
– Degustação de 12 rótulos de estilos diferentes.

Data: 11, 13 e 14 de Junho de 2018

End: Praça Marília de Dirceu, 104 – Lourdes – Belo Horizonte

Investimento: R$ 299,00 em até 3 x

Sócios do Vinho Clube pagam R$ 209,30