Estamos cercados de tantas informações, muitas vezes divergentes ou conflitantes, que a simples escolha de um vinho para nos acompanhar se torna uma batalha:

Desta região ou daquela?

Esta casta, outra casta ou um corte?

Jovem ou envelhecido?

Pontuado ou não?

Isto sem falar no preço, muitas vezes o principal limitador para (não) atingirmos aquele patamar que foi considerado como o ideal.

A má notícia é que, resolvidas todas estas questões, podemos não gostar do vinho comprado. A razão é muito simples: o nosso paladar não combinou com alguma característica desta vinificação. Ocorre mais do imaginamos.

A proposta deste texto é sugerir um outro caminho a ser percorrido na hora de escolher um vinho: agradar o seu paladar.

Não é nada complicado. Exigirá, apenas, um pouco de dedicação e de momentos que podem ser de grande satisfação ao identificarmos, entre quatro opções, quais são as características de um vinho tinto que nos agradam.

O caminho é: Acidez, Corpo, Taninos e Teor Alcoólico.

Para cada uma destas qualidades existe um vinho que vai nos explicar ou melhor que vai ativar os nossos sensores, permitindo avaliar o grau de satisfação que nos passam.

Uma boa analogia é aquele conhecido provérbio chinês: “Uma imagem vale mais que mil palavras”. (Confúcio)

O melhor vinho para provarmos e sentirmos o efeito da Acidez mais elevada num tinto são os Pinot Noir. Originalmente produzidos na Borgonha, hoje tem representantes em todos os países produtores. Obviamente, há diferenças entre cada origem.

A principal sensação transmitida por este vinho é um efeito refrescante, quase uma leve gaseificação, deixando a boca úmida e o paladar limpo. O equilíbrio entre os taninos e acidez é o que induz aos conhecidos sabores frutados.

Outras castas produzem vinhos similares, entre elas a Grenache/Garnacha.

O Corpo de um vinho é um dos descritores mais usados por quem faz análises e as divulga, seja nos contrarrótulos ou em publicações especializadas. Para entender, de forma definitiva, o que é um vinho encorpado, o caminho é provar um Syrah/Shiraz de boa origem.

Aromas e sabores bem marcantes, como chocolate, ameixa preta, um pouco de tabaco e algumas especiarias. A sensação após a prova é muito aveludada, macia, amanteigada.

Os vinhos elaborados com a casta Malbec, na Argentina, são uma boa opção para confirmar esta preferência.

A marca registrada dos vinhos tintos são seus Taninos. Estão presentes em todos eles, não importa a casta ou a origem. Mal vinificados, ficam adstringentes e desagradáveis. Mas se o Enólogo tem mão boa, se torna a alma do vinho.

Os famosos Cabernet Sauvignon são considerados muito tânicos e apreciados por isto. Após uma prova, fica a sensação de boca seca, pedindo algum alimento untuoso, o que faz deste tipo de vinho o companheiro quase perfeito para as carnes gordas.

Se este for o caminho a ser seguido, vamos pesquisar, também, Merlot, Chianti, e o Tempranillo riojano.

Teor Alcoólico é a última característica a ser avaliada. Tudo vai depender da quantidade de açúcar contido nas uvas que será convertido em álcool (etanol). Atualmente são comuns vinhos com teores acima de 15%, o que tem gerado uma saudável discussão sobre como diminuir estes valores. Há vinhos no mercado com 17,5% de TA.

Uma das castas campeãs nesta área é a Zinfandel, que produz vinhos com uma sutil doçura, remetendo a fruta madura.

Vinhos generosos, como Madeira e Porto são outros bons pontos de partida para entendermos como se comporta a variação do teor alcoólico.

As cartas estão na mesa, a regra do jogo é clara. Escolha o seu caminho e prove o máximo que puder. Não é preciso gastar uma fortuna atrás do vinho ideal. Prove o que está no mercado e ao alcance do seu bolso.

Para entender um bom vinho de corte, basta associar a característica que mais nos agradou com as castas que estão na vinificação.

Saúde e bons vinhos tintos!

Vinho da Semana: um interessante corte de Tempranillo e Garnacha.

Caño Tempranillo Garnacha 2015

Apresenta intensa cor cereja com reflexos violeta, com aromas de frutas do bosque. Em boca é frutado com final longo. Medalha de prata no Vinhos do Mundo 2016

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