Vivemos uma era de grande competitividade, em todos os aspectos. Em lugar de usar expressões como “estou vivendo” deveríamos assumir imediatamente que, na verdade, “estamos competindo”.
A evolução tecnológica, que entrou e se instalou definitivamente no nosso modus vivendi, contribui enormemente para esta mania de registrar e publicar, nas redes, tudo o que acontece conosco ou em torno de nós. As selfies que o digam.
No mundo do vinho não é diferente. A principal rede social dos vinhos, Vivino, tem como pano de fundo uma velada disputa por quem bebe e melhor avalia vinhos. Junte-se a isto a turma dos ‘foodies’ que fotografam tudo que estão comendo e publicam no Instagram, Pinterest ou Facebook, e temos um quadro completo.
Mas é preciso ter muita harmonia nestas escolhas, um equilíbrio muito delicado que vai envolver tradição, modernidade e inovação.
Imaginem-se numa situação típica: mesa de um bom restaurante, pratos de carne são encomendados e você, encarregado de escolher um vinho, decide por um correto e tradicional Cabernet. O Sommelier torce o nariz e lhe sugere uma outra opção, um Tannat, por exemplo, que nem entra na sua lista particular de vinhos “entornáveis”.
E agora José?
Você escolhe o que está acostumado e gosta ou arrisca descobrir novos paladares?
Transitar por esta tênue linha entre o que o consumidor gosta, o que a tradição sugere e o que profissionais do ramo aconselham, é uma das situações de maior complexidade enfrentadas por um apreciador de bons vinhos e boas comidas. Um assunto tão importante que transcendeu a linha do horizonte e se tornou linha de pesquisa em respeitadas escolas, como a Michigan State University (MSU).
Pesquisadores desta instituição de ensino resolveram provar, cientificamente, a teoria proposta pelo Mestre de Vinho (MW) Tim Hanni, na qual ele considera que as nossas preferências por determinados vinhos decorrem de fatores genéticos e ambientais e que o que chamamos de gosto (alimentos e bebidas) se modifica ao longo do tempo, de acordo com as experiências que cada um vive.
Hanni definiu quatro categorias ou Vinhotipos:
Doce – pessoas muito exigentes na escolha de seus vinhos, assim como em outros aspectos de sua vida. Preferem vinhos mais adocicados, leves e menos alcoólicos. Gostam de bebidas gaseificadas e sal não é um problema. Um grande contingente feminino se enquadra nesta categoria.
Hipersensível: indivíduos ainda bastante exigentes quanto as suas escolhas, mas com a mente aberta para novas experiências, desde que não seja nada muito exótico. Aqui se enquadram pessoas que reclamam de sons muito altos ou locais muito quentes ou muito frios…
Sensível: compõem a turma do equilíbrio e da moderação, principalmente na escolha de seus vinhos. Passeiam por todo o espectro disponível. São as pessoas flexíveis, com um espírito livre e mais relaxadas.
Tolerante: aqui se enquadram aqueles que preferem vinhos intensos em cor, aroma, sabor e corpo. Nada de “vinhozinhos”. São pessoas que decidem e pensam de forma linear. Não se desviam de seu curso. Preferem café forte e queijos com sabores acentuados.
A pesquisa observou os padrões de consumo e as preferências por alimentos e bebidas de um grupo de adultos. Os voluntários participaram de exercícios de degustação de forma individual e em grupo.
Os resultados foram animadores a ponto de os pesquisadores conseguirem prever a preferência vínica de um indivíduo, baseado apenas nos seus hábitos alimentares.
A conclusão do pesquisador chefe, Dr. Carl P. Borchgrevink, Ph.D, foi:
“O cliente (de um restaurante) deve optar pelos seus vinhos preferidos em detrimento das sugestões oferecidas por um Sommelier”.
O autor da teoria, Tim Hanni, acredita que quem manda é o palato de cada um.
“Não se deixe intimidar por ofertas fora de sua zona de conforto. Um bom Sommelier deve lhe perguntar qual é a sua preferência”.
Gerou polêmica, obviamente…
Para descobrir em qual é o seu Vinotipo, façam o teste neste site. A tradução para português não é das melhores.
https://www.myvinotype.com/pt-br/
(entre com Facebook, G+ ou cadastro no site, gratuito)
Saúde e bons vinhos!
Vinho da Semana: a estação é boa para os rosados. Este vem numa bela garrafa.
Côtes de Provence Royal Saint Louis Blason Rosé 2015
Com a cor brilhante de pêssego-rosa, possui aroma doce e elegante, com notas frutadas e florais. O paladar é estruturado, amplo e equilibrado. Imperdível.
Harmonização: Antepastos, Embutidos e Frios, Pão ou Torrada com Pastas Diversas, Salada de Legumes, Caldeiradas ou Sopas com peixes, crustáceos e maiscos, Paella.
Compre aqui: www.vinhosite.com.br
Amigo Tuty,
Saudações lusitanas.
Fiz o teste , com uma certa predisposição contra, pois em geral achp este gênero de testes uma bobagem.
Além disso, lendo a descrição dos tipos, me encaixei em mais ou menos todos eles.
Resultou , de certa forma, que eu estava correto.
Classificaram-me como Sensível, que seria a mais “aberta” das categorias.
Falando em abertura, estou desfrutando de mais uma: os vinhos baratos de Portugal.
Nesses dias poucos que aqui já passei, não bebi nada que excedesse 18 euros (no restaurante) ou 10 euros (comprados para beber em casa). A bem da verdade uma quase totalidade de brancos,visto que fomos duas vezes a restaurantes de mar e em casa também ficamos nas coisas leves que pediam brancos.
Fazendo uma correção, lembre-me que uma noite fomos a uma steak house e bebemos o tinto mais caro da casa – 28 euros, um Crastro Superior excelente por sinal.
Uma delícia beber bem e barato!
Abraços
TZ
Tezy
Não há como não ficar com inveja.
Em breve estaremos no mesmo barco.
Também fui classificado como Sensível, o que me deixou matutando:
Teria tudo isto a ver com a forma como fomos educados, do ponto de vista alimentar?
A culinária caseira brasileira sempre foi muito rica em sabores e diversidade. A minha geração foi criada com café, forte, pela manhã.
E assim por diante.
Isto posto, quase que confirma a teste proposta por Hanni.
Abraço
Tuty