Vinho: álcool ou cultura?

Respondam com sinceridade: estamos consumindo um gole de álcool ou uma taça de vinho?

Se você é um daqueles que acredita que moléculas alcoólicas são todas iguais, estão este texto não lhe diz respeito.

Já notaram que todo Enófilo que se preza tem um certo ar de superioridade, é um tanto ou quanto esnobe ou, para deixar bem claro, é “metido a besta”?

Diriam os franceses ‘Noblesse oblige’!

Vinho é 100% uma bebida cultural, que me perdoem os químicos de plantão.

Começamos pelo jargão:

– Não se bebe vinho, degusta-se;

– Não se sente cheiro, avalia-se o bouquet;

– Não se discute o gosto, mas o paladar;

– A cor é tão importante quanto os demais sentidos.

Direta ou indiretamente o assunto vinho se imbrica em nossas vidas. Num país de maioria católica o primeiro contato com ele pode ter sito no ritual da missa. Quem não ficaria curioso para provar o que o sacerdote abençoa no altar.

Em outras religiões, o vinho é servido aos fiéis no momento da comunhão.

No matelassê cultural de nosso país, recebemos diversas influências que trouxeram o vinho, não só, para a mesa diária, como para a agricultura criando a nossa produção vínica.

Não preciso dizer que mesmo com toda a tecnologia embarcada nas modernas vinícolas de hoje, nossa bebida ainda é um produto artesanal. A escolha dos terrenos, das castas, métodos de condução, poda (aqui invertemos o ciclo da videira!), ponto de maturação e colheita e claro, as decisões na cantina que são sempre empíricas e ditadas pelas condições climáticas da safra.

Obter um produto de qualidade ao final do processo é prova irrefutável da existência de uma tradição cultural milenar. Boa parte da história do mundo pode ser contada através do vinho.

Entende-se este esnobismo dos apreciadores de vinho, é justificável. Está em todos os países. Na Europa, são comuns as caricaturas de figuras com o nariz empinado apreciando uma taça…

Mas não ficamos só nisto, adoramos buscar aquele vinho inatingível, ou pelo menos nos tornamos especialistas neles, na esperança que, um dia, tenhamos a honra de prová-los. Então tome de Châteaux de Bordéus, Romanée Conti, Vega Sicilia, Brunellos, Barolos, Barbarescos, Barca Velha e nova (Quinta do Vale Meão) e alguns outros.

É salutar e demonstra todo o apreço que temos por este néctar. Talvez nunca tenhamos a chance de provar estes (verdadeiros) mitos, mas continuamos em busca do Santo Graal.

A propósito, existe um novo competidor nesta arena, que surge com o único propósito de ser o vinho mais caro do mundo: Liber Pater.

O nome é derivado da deusa mitológica, Libera, correspondente feminina de Baco. Trata-se de um vinho da região de Graves, elaborado com uvas em pé franco, replantadas com este propósito. Na produção são utilizadas as técnicas mais antigas e tradicionais de produção do vinho.

Custo de uma garrafa: 30.000 euros.

O mesmo valor da multa, por fraude numa operação financeira, que o seu produtor, Loic Pasquet, recebeu.

Que tal?

Saúde e bons vinhos!

A casa Rio Verde está com um interessante curso de iniciação ao vinho da casa rio verde, com orientações sobre como escolher vinhos para a páscoa:

Que estilo de vinhos harmonizam com bacalhau, peixe, ovos de chocolate e outras guloseimas típicas da Páscoa? Essas e outras perguntas relacionadas ao mundo do vinho serão respondidas nas próximas edições do “Curso de Iniciação ao vinho” da importadora mineira Casa Rio Verde dias 23 de março (sábado) e 1,2 e 3 de abril.

Os cursos acontecem na sala “Adolfo Lona” na loja da Praça Marília de Dirceu – 104, bairro Lourdes, com carga horária de 9 horas. O programa abrange, entre outros itens: harmonização vinho x comida; como degustar; principais países produtores; climas e solos; tipos de videiras e de uvas; e serviço do vinho. Na parte prática, são degustados 12 rótulos de estilos diferentes”.

Datas: 23 março (9 às 19h) e 1,2, 3 abril (19h às 22h)

Local: Casa Rio Verde – Praça Marília de Dirceu, 104 – Lourdes

Valor do investimento: R$ 299 por pessoa (capacidade 18 pessoas) – sócios do VinhoClube da Casa Rio Verde pagam R$209,30.

Inscrições e informações: https://www.casarioverde.com.br/vinhos/cursos

Telefone: 31-3116-2300.

Vinho da Semana: não é o mais caro do mundo, mas foi pontuado como o melhor de sua categoria.

De Loach – Pinot Noir, California 2016

Vinho elegante e bem equilibrado. Aromas de cereja e framboesa madura com suave toque de noz e pinho. Corpo médio com taninos presentes que levam a final longo e suculento.

Totalmente “food friendly”, acompanhando uma infinidade de pratos.

1 Comment

  1. Mario Sergio Bretas

    Amigo Tuty,
    30.000 euros por uma garrafa de vinho novo , sounds ridiculous…
    Fizemos , no tour com Lico e Joel, uma confirmação , ou melhor, duas, de duas vinícolas que vale conhecer – Quinta de Lemos e Quinta do Pôpa. Engraçado posto que duas vinícolas novas, com histórias diametralmente opostas. A Lemos, no Dão, uma quase brincadeira de um cara muito rico que resolveu produzir vinhos .(é um grande industrial textil) . A Pôpa, uma vinícola comprada por um cara que fez dinheiro na França como imigrante, filho do Pôpa que era seu pai, modesto trabalhador em uma vinícola no Douro, que o filho veio a comprar, depois do pai morto e nomear em homenagem a ele. Aliás, conhecemos por acaso o Sr. José, o tal filho do Pôpa, no estacionamento da vinícola quando chegavamos para a visita. Passava um senhor, carregando umas lâmpadas, a quem perguntamos se a entrada era por ali. Disto resultou uma conversa de cerca de dez minutos em que trocamos ideias sobre o Douro, vinhos, etc. e aonde sentimos que o gajo não era um simples trabalhador, mas não inferimos mais do que isso. Mais tarde, descobrimos que era o proprio Sr. José, que , inclusive na conversa, nos falara sobre seu vinho preferido da vinícola , um Tinta Roriz 2007 de excelência. Abraços TZ

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