Esta é uma época para celebrar tradições, em diversas culturas. No nosso país, de maioria católica, onde por muito tempo se respeitava o jejum e a abstinência na Quaresma, a chegada do domingo de Páscoa era aguardado com muita ansiedade.

Grandes mesas familiares com deliciosos pratos e sobremesas repunham as necessidades alimentares de todos e simbolizavam, sobretudo, uma nova etapa de vida.

O vinho, claro, não poderia faltar, nem nos ritos de celebração e nem na lauta refeição dominical.

Uma época para refletir, também.

Os cariocas ainda estão sob os efeitos degradantes de mais um dilúvio, agravado pela total incapacidade administrativa de um pseudo ‘Bispo’ que nem prever a catástrofe foi capaz: um falso tudo.

Na França, uma das igrejas mais importantes daquele país, e do mundo, foi quase destruída por um incêndio de grandes proporções, gerando uma corrente de solidariedade nos quatro cantos do planeta para que seja rapidamente reconstruída.

Por esta razão, a coluna desta semana faz uma pequena homenagem aos franceses, lembrando de outro marco nacional, uma tradicionalíssima receita, sempre presente no cardápio dos bistrôs parisienses e quase um prato obrigatório na mesa da Páscoa: o Gigot d’Agneu.

A carne de cordeiro usada nesta preparação é o pernil, temperado, marinado e assado por longas horas. Para acompanhar, feijão Frageolet, um tipo de feijão verde, batatinhas Dauphine e vinho tinto.

Os leitores devem estar se perguntando qual vinho o ideal, mas a resposta é assustadora: há uma lista interminável de opções, que inclui vinhos de outros países como Espanha, Portugal, Itália e Grécia.

Para começar, faça como os franceses e abra um bom Merlot, tipo St. Emilion, margem direita de Bordéus, se o bolso permitir.

Para nossa alegria, esta casta é uma das melhores opções para os vinhos brasileiros, que apesar dos impostos quase proibitivos, ainda são mais palatáveis que um ‘1ª linha’, importado.

Críticos de gastronomia de todo o mundo aplaudem a combinação dos bons Tempranillos da Rioja ou Duero com este assado. Esta carne é uma das prediletas dos espanhóis. Há ótimos rótulos deste país à venda em nossos mercados e lojas especializadas, com preços muito competitivos.

A casta Tempranillo também produz bons vinhos na Argentina e no Chile.

Em Portugal, Aragonez e Tinta Roriz são sinônimos desta casta espanhola. Dentro da tradição lusitana, estão sempre presentes nos melhores cortes do Douro e do Alentejo. Mas não hesitaríamos nesta escolha, ampliando o leque de possibilidades por todas as regiões da terrinha: Bairrada, Dão, Lisboa…

Opções é que não faltam, para todos os paladares e bolsos.

Mão à obra então e boa Páscoa para todos.

Saúde e bons vinhos!

Vinho da Semana: uma escolha perfeita para quem se animar a preparar o Gigot d’Agneau.

Vinho Salton Desejo Merlot – $$

Límpido, de coloração roxa intensa.

Apresenta aromas de frutas negras (mirtilo, amora, framboesa), polpa de frutas em compota, cogumelos, amêndoas tostadas e chocolate.

Seu sabor é intenso e prolongado com taninos maduros.