Diferente das reuniões de Confrarias, o encontro entre amigos não segue nenhuma regra pré-estabelecida. Apenas vamos comer bem e beber bons vinhos. Basta alguém dar a partida na ideia.

Desta vez coube ao Sr. V, que escolheu um domingo e ofereceu sua residência. Estariam presentes o Sr. J e eu, um “petit comité”. Cada um levaria uma garrafa de vinho e um petisco. O prato principal seria uma massa, geralmente um Canelone.

Resolvi propor algo diferente, desta vez. Cada um de nós reside em um bairro do Rio de Janeiro: Riachuelo, Aldeia Campista e Ipanema. Todos têm seus restaurantes ou delis prediletas de onde encomendamos os pratos.

Sugeri que escolhêssemos outra variedade de massa, de uma das boas casas da minha vizinhança. Depois de avaliar preferências de cada um, optamos por encomendar duas lasanhas da famosa La Veronese: 4 queijos e Bolonhesa.

Para a entrada, queijinhos e pastinhas diversas e pães que foram comprados no Apetite Café (se vocês se comportarem bem, eu conto onde fica…).

Os vinhos eram livre escolha. Nem pensar em harmonizações ou coisas parecidas. Se não ficar bom, a gente conserta no próximo almoço.

O primeiro a ser aberto, enquanto apreciávamos gorgonzola, brie e pasta de tofu defumado foi este branco da Alsácia:

Um ótimo corte de 13 castas tipicamente alsacianas, vinificadas juntas. Estava no momento certo de ser consumido. Cor dourada, límpido, com nariz entre frutado e floral. No paladar, notas de abacaxi e pêssego. O Sr. V elogiou muito este vinho, que combinou perfeitamente com os petiscos.

Como a lasanha demoraria uns 20 minutos, no forno, até ficar pronta, decidimos escolher a segunda garrafa na adega do anfitrião. Haviam ótimas opções. Mas resolvemos partir para um “tira-teima”: será que é verdade que pratos italianos vão bem com vinhos italianos?

Neste quesito, destacou-se este rótulo:

Foi uma bela escolha. Cannonau é a uva emblemática da Sardenha. Na Espanha se chama Garnacha e na França, Grenache. Produz, em mãos competentes, vinhos divinos, entre eles o mais que famoso Châteauneuf-du-Pape (em corte com outras castas).

Na taça apresentava uma bela tonalidade rubi, aromas e paladar característico desta uva, frutos negros e algumas especiarias. Corpo médio e taninos macios. Fácil de degustar. Como ninguém se preocupou em comentar a harmonização, significava que estava tudo em ordem.

Para fechar o dia, abrimos a terceira garrafa, que foi uma grande surpresa:

Este foi o vinho trazido pelo Sr. J, que o recebeu de presente de um amigo que viajara para um país nórdico. A garrafa era de 1 litro e a tampa de rosca.

Creio que foi o melhor vinho deste almoço. Muito frutado, taninos extremamente dóceis e corpo médio. Uma delicia de bebida.

A nossa sobremesa era uma boa fatia de parmesão regada com vinagre balsâmico. O acompanhamento seria um Vinho do Porto. Mas este Tempranillo estava tão bom que ninguém se preocupou com mais nada…

Saúde e bons vinhos!