Num texto anterior, comentamos a casta Sauvignon Blanc, que junto com a Cabernet Franc são os ‘pais’ da mais que famosa e importante Cabernet Sauvignon.
Por sua vez, a Cabernet Franc, pode ser considerada como uma espécie progenitora muito ativa. Dentro de sua linha genealógica vamos encontrar a não menos famosa Merlot e a Carménère, hoje uva símbolo do Chile.
Sendo uma casta muito antiga e de grande importância na região de Bordeaux, sua origem nunca havia sido questionada até recentemente. Modernas investigações genéticas apontam que esta uva teria como local de origem o País Basco.
Numa igreja em Roncesvalles, muito utilizada como pouso para os peregrinos que caminhavam até Santiago de Compostela, os padres mantinham alguns vinhedos que se estendiam até a cidade francesa de Irouléguy, A principal uva era a casta local Achéria, nome em basco para Cabernet Franc, considerada como a forma morfológica mais primitiva da nossa uva tema.
Destes vinhedos, levados por peregrinos, estas parreiras migraram até Bordeaux e para o Vale do Loire, onde é conhecida como Breton.
A denominação Cabernet só surgiria por volta de 1823. Admite-se que seja uma evolução do Latim ‘carbon’ ou ‘carbonet’, por sua escura pele.
Seus vinhos são menos escuros e encorpados que os da Cabernet Sauvignon. São mais aromáticos e com um paladar mais suave. Muito fáceis de beber.
Embora seja um coadjuvante em Bordeaux, é no Vale do Loire que se torna um importante protagonista. Chinon e Bourgeil são as duas denominações mais conhecidas.
Itália, Espanha e Portugal são outros países produtores onde esta casta está presente, quase sempre sendo usada para produzir versões locais do onipresente ‘Corte Bordalês’.
O mesmo se pode afirmar com relação a Austrália, Nova Zelândia e África do Sul.
No continente americano vamos encontrar vinhedos nos EUA e no Canadá, onde alguns vinhos, calcados nesta casta, têm se destacado. Estatísticas recentes demonstram, por outro lado, que a área plantada se mantém constante ou com pequenas reduções.
Já na América do Sul o panorama é bem diferente. Uruguai, Chile, Brasil e Argentina tem investido muito no desenvolvimento desta cepa, com excelentes resultados.
Um dos melhores exemplos destes vinhos tão especiais vem de Mendoza, terra do Malbec:
Rutini Cabernet Franc, Single Vineyard, Gualtallary
Elaborado pelo competente Enólogo Mariano Di Paola, passa por fermentação Malolática e amadurece por 12 meses em barricas de carvalho francês (50% de 1º uso e 50% de 2º uso).
Apresenta coloração púrpura intensa e vibrante. Marcantes aromas de compotas de frutas vermelhas frescas, com notas de mentol, tabaco e baunilha, decorrentes da passagem por madeira.
No paladar é muito elegante, com taninos suaves e quase doces. Retrogosto interminável.
Muito versátil, pode ser o companheiro perfeito para pratos tradicionais de aves, caças e outras carnes.
Saúde e bons vinhos!
Fonte consultada: Wine Grapes: A Complete Guide to 1,368 Vine Varieties, Including Their Origins and Flavours, por Jancis Robinson, Julia Harding, Jose Vouillamoz.
Deixe um comentário