Fonte: https://glossary.wein-plus.eu/cot

Dia 17/04/2020 foi o Dia Mundial do Malbec. Esta comemoração foi criada em 2011, na Argentina, atualmente a maior produtora desta casta, para celebrar, sobretudo, a indústria vinícola daquele país. Nesta data, no ano de 1853, foi proposta a criação de uma escola de agricultura, na província de Mendoza.

Em 1852, a Malbec, foi trazida da França pelas mãos do agrônomo Michel Aimé Pouget, com a intenção de melhorar a qualidade das uvas para a vinificação. Levaria muito tempo até que esta especial variedade se desenvolvesse plenamente no novo terroir e que os processos de vinificação se ajustassem para extrair tudo que esta casta pode proporcionar, levando o vinho argentino a outro patamar.

Na França seu nome mais comum é Cot e a principal região produtora é Cahors. São conhecidos cerca de 130 outros nomes para esta uva. Malbec é um deles, que acabou se tornando a denominação mais difundida mundialmente.

Existem algumas lendas sobre isto. Uma das mais comuns é associar Malbec com a expressão francesa “mal bec” que poderia ser traduzida como “boca amarga” ou “gosto ruim”, numa alusão a má qualidade dos vinhos produzidos com ela.

Outra explicação, mais razoável, seria a deturpação do sobrenome de um viticultor húngaro, Malbeck, radicado em Bordeaux, que cultivava esta espécie de uva naquela região. Seria usada como tintureira, melhorando a cor dos vinhos bordaleses.

Análises de DNA demonstraram que a Malbec descende de forma espontânea da uva Prunelard, uma casta muito antiga da região de Tarn e da casta Magdaleine Noire da região de Charentes, que vem ser a mãe da Merlot.

Malbec e Merlot seriam meias-irmãs.

Na Argentina vamos encontrar vinhedos desta uva em todo o país: Patagônia, Mendoza, San Juan, Salta. Cada local vai elaborar vinhos com personalidade própria.

Isso demonstra a versatilidade e a adaptabilidade desta casta.

Alguns estilos se destacam. São bem diferentes entre si, cada um com um público consumidor específico.

O primeiro são os vinhos jovens, frescos e frutados, com no máximo 1 ano de guarda.

Em seguida aparecem os Malbec’s que passaram, rapidamente, por madeira. São mais encorpados e com as características notas secundárias. Devem serem consumidos 1 ou 2 anos depois de engarrafados.

Os próximos estilos são os Reserva e os Gran Reserva, que estagiam de 12 a 24 meses em barricas de carvalho. São mais sérios, taninos bem marcados, muito encorpados, notas de tabaco e frutas maduras. Vinhos para serem guardados.

Durante muito tempo este estilo, com mais madeira, foi o padrão argentino, dando origem ao apelido de “suco de carvalho”.

Atualmente os vinhos desta casta passam por nova revolução, abandonando o excesso de madeira. Buscam valorizar fruta, acidez, taninos mais suaves e apenas notas sutis de carvalho. Modernas técnicas de vinificação estão sendo adotados pela nova geração de Enólogos argentinos, com destaque para os “ovos” de concreto.

Atualmente, o Malbec Argentino tem obtido enorme sucesso no resto do mundo, recebendo ótimas notas de críticos e prêmios nos mais importantes concursos.

Também é possível encontrar vinificações em branco, rosado e como espumante.

Além do nosso vizinho, França, Chile, EUA, Itália, Espanha, Austrália, África do Sul e o Brasil cultivam e vinificam a Malbec.

Não temos dúvidas que o vinho mais representativo desta casta é um Argentino. Escolher qual, entre milhares, é como resolver um quebra-cabeças de mais de 2.000 peças…

Dois nomes são famosos neste universo: Catena Zapata e o Enólogo Paul Hobbs.

Estão muito ligados entre si.

Nicolas Catena foi quem trouxe Hobbs para Mendoza. Este encontra uma espécie de uva desconhecida para ele. Resolveu vinificá-la, ao seu estilo. Foi o começo desta história.

A escolha desta semana vai para este vinho:

Cobo’s Marchiori Estate Malbec

A Vina Cobos é uma sociedade do norte-americano Paul Hobbs e o casal, argentino, Luis Barraud e Andrea Marchiori. Produzem alguns dos melhores vinhos daquele país, com destaque para este Malbec top de linha.

Elaborado a partir dos frutos de videiras com mais de 80 anos de idade, estagia em barricas de carvalho francês por 18 meses. Engarrafado sem filtragem ou clarificação.

Apresenta coloração vermelha intensa com tons violetas. No olfato mostra notas de rosas e violetas, frutas vermelhas maduras, figo, pimenta branca e cravo da índia. Na boca é elegante, com taninos macios e sedosos e um final longo e intenso.

Não está numa faixa de preço palatável, em nossas bandas. Mas vale cada centavo.

Saúde e bons vinhos!

Fonte consultada: Wine Grapes: A Complete Guide to 1,368 Vine Varieties, Including Their Origins and Flavours, por Jancis Robinson, Julia Harding, Jose Vouillamoz.