Grigio, em italiano ou Gris, em francês, significa cinza. Sua origem decorre de uma mutação de cor, na Pinot Noir. Ocorreu em diferentes locais e em diferentes épocas, notadamente em França e Alemanha.
A primeira menção confiável, sobre esta casta, vem do Palatinado Renano. Em 1711 teria sido descoberta, por Johann Seger Ruland, crescendo livremente num jardim da cidade de Speyer. Ruländer é um dos 150 sinônimos desta uva.
Existem algumas lendas sobre esta varietal, relatando suas origens e como chegou a uma determinada região. Historicamente é aceito que foi encontrada quase ao mesmo tempo na Alemanha e na Borgonha.
Uma das histórias mais curiosas relata que, em 1375, o Imperador Carlos IV, do Sacro Império Romano-Germânico, teria levada algumas mudas desta planta para a Hungria. Monges Cisterianos as cultivaram nas colinas ao redor do Lago Balaton. Ficou conhecida como Szürkebarát ou Monge Cinza.
Somente em 1568 teria sido trazida de volta à França, para a região da Alsácia, onde ganhou o discutível apelido de Tokay. Existem algumas versões sobre esta mudança de nome. A mais aceita sugere que o nome foi adotado para se beneficiar da fama do vinho húngaro, Tokaji.
Apesar dos protestos dos produtores húngaros, o nome alsaciano só foi abandonado a partir de 1984. Primeiro, os produtores franceses passaram a rotular seus vinhos como Tokay Pinot Gris. A partir de 2007, é abolido o apelido Tokay.
Na Itália existem registros de cultivo da Pinot Grigio desde 1838, na região do Vale de Aosta, com a denominação Malvoisie. Só mais tarde chegou ao Piemonte.
Atualmente essa casta está plantada em diversos países. A cor de sua casca pode variar de intensidade conforme o terroir. É uma planta vigorosa e de baixa produtividade. Amadurece mais cedo e é susceptível a Botrytis.
Seus vinhos podem ser uma maravilha ou uma enorme perda de tempo. Rótulos de Pinot Grigio inundam supermercados mundo afora, sendo classificados quase como água: incolores, inodoros e insípidos.
Mas para os verdadeiros connaisseurs, dois estilos são considerados como a glória dos vinhos brancos: os alsacianos e os italianos das regiões de Alto Adige, Veneto e Friuli. Na Lombardia, é usado na produção de espumantes.
O estilo alsaciano é delicioso. Forma o famoso trio de especialidades com os Riesling e os Gewürztraminer. Apresentam um viés adocicado, lembrando mel, que harmoniza perfeitamente com pratos mais temperados. Os principais produtores são Trimbach, Weinbach e Zind-Humbrecht.
O estilo italiano é bem diferente. Quando é vinificado por mãos competentes são excelentes vinhos: frescos, encorpados e com muita personalidade. Perfeitos para acompanhar frutos do mar grelhados. Muita atenção na hora de escolher suas garrafas. Pinot Grigio é um dos rótulos mais exportados da Itália. Já sabemos que quantidade não é amiga de qualidade. Os principais produtores são: Vie di Romans, Alois Lageder e Franz Haas.
Em 2002, os irmãos Lurton, de Bordeaux, trouxeram mudas de Pinot Gris para a Argentina, onde mantêm uma vinícola. Os resultados foram ótimos e já há quem fale que um novo estilo desta casta foi criado ali.
O vinhos escolhido para representar esta casta é um italiano.
SANTA MARGHERITTA PINOT GRIGIO ALTO ADIGE D.O.C.
Apresenta uma coloração amarelo palha, com aromas intensos de flores e frutas. No paladar destaca-se o sabor de maçã Golden. Um vinho muito versátil e que harmoniza corretamente com queijos frescos, frutos do mar, massas com molhos leves, risotos, suflês e carnes brancas.
Não acredite nos detratores desta deliciosa uva e de seus vinhos. Apenas usem um bom “filtro” na hora de comprá-los. Fujam do lugar comum.
Saúde e bons vinhos!
Fonte consultada: Wine Grapes: A Complete Guide to 1,368 Vine Varieties, Including Their Origins and Flavours, por Jancis Robinson, Julia Harding, Jose Vouillamoz.
Muito elucidativo . Realmente a pinot grigio é uma uva que permite a produção de um vinho leve e saboroso. Depois dos alemães e austríacos é meu preferido