Fazer escolhas nunca é fácil. Apontar uma garrafa como a preferida, em nossas adegas, pode se tornar um problemão. Ainda mais nestes tempos de epidemia: abro ou não aquele vinho especial?
Neste momento, múltiplos fatores entram em ação na nossa cabeça.
Todo vinho que adegamos tem um histórico e um futuro. Precisamos avaliar desde as razões e o momento da compra, até o destino que imaginamos para ele, se é que já pensamos nisto.
Enófilos que se prezam acabam por desenvolver algumas preferências. Por exemplo, uma determinada casta ou região produtora. Ao longo da nossa experiência com vinhos, podemos agregar e filtrar outros pontos, como a safra, que até hoje é o mais importante para alguns, a vinícola ou o produtor. Há quem selecione pelo preço, pelo rótulo, pela forma da garrafa ou pelo tipo de fechamento. Outra influência importante é a opinião de críticos e revistas especializadas.
Compra feita, entram em cena novos elementos. Precisamos decidir o que fazer com a nova aquisição: consumir, guardar, presentear…
Em seguida e naturalmente pensamos no trio “quando, onde e com quem”.
Agora imaginem se em lugar de comprada, esta garrafa, tão especial, nos fosse presenteada? O “quem” já está decidido a priori!
De todas estas opções, levando-se em conta os tempos atuais (ano de 2020), o ponto que mais me preocupa é o “quando”. Creio não estar sozinho neste raciocínio.
Tão complicado quanto decidir qual de nossos vinho é a estrela da adega, é tentar explicar o que nos leva a fazer este tipo de coisa.
Exemplos práticos são melhores que mil palavras, parafraseando um antigo provérbio. Aqui vão duas experiências pessoais.
Tenho a minha garrafa especial, até hoje.
Originalmente eram duas, idênticas, compradas com a ideia de comemorar dois marcos na vida do meu filho: a sua formatura e o seu casamento.
O primeiro destes ritos de passagem foi cumprido exatamente como imaginei. E o vinho estava espetacular.
A segunda garrafa ainda está na minha adega. Meu filho já se casou e foi morar em Portugal com sua esposa. Foi tudo muito rápido e com toda a correria não houve um momento para degustarmos esta preciosidade, acreditem.
Terei que aguardar a vinda deles ou a próxima viagem para visitá-los. O que vier primeiro…
Enquanto isto, já tenho um substituto para o melhor da minha adega. Numa das minhas viagens, visitei uma loja de vinhos icônica com um duplo propósito: conhecer a loja e comprar um dos melhores vinhos daquele país.
Tinha tudo planejado, inclusive quanto pretendia gastar. O fator imponderável era se encontraria o produto, ou não.
Estavam estocados.
Fiquei alguns minutos decidindo entre duas safras: 2012, mais em conta e 2011, que passava do meu orçamento, pouca coisa. Foi minha esposa que decidiu: leve a mais cara!
Que feliz decisão. Assim que chegamos de volta, a Wine Spectator publicou os melhores vinhos daquele ano.
O meu vinho?
O melhor do mundo e na safra escolhida!
Com quem vou degustá-lo já está resolvido.
Só preciso decidir o “quando”.
Saúde e bons vinhos.
E a pergunta que não quer calar…….qual é o vinho?