Há quem chame de “novo normal”, há quem afirme que “nada será como antes” e, claro, existem os eternos negacionistas para quem nada vai mudar.
O mundo do vinho está passando por várias modificações. Não podemos qualificar se para melhor ou para pior, mas uma coisa é certa: estamos nos readaptando.
Uma das mudanças que mais chamou a atenção foi o fim, temporário, esperamos, da tradicional “pisa a pé” para a produção do Porto e de outros vinhos portugueses. Alegam os técnicos que a possibilidade de contágio seria muito alta.
Muitos produtores já não praticavam mais esta técnica, adotando alguns equipamentos robóticos para obter o mesmo efeito. Vejam um exemplo nessas imagens, a seguir, obtidas na Quinta do Seixo e na Quinta do Noval, um dos mais premiados produtores.
Aquele conjunto de hastes ao fundo são os pisa a pé mecânicos.
Numa recente “live”, Adrian Bridge, o principal executivo da tradicionalíssima Taylor’s, confirmou que a empresa vai adotar a pisa mecânica, suspendendo um dos mais longos e tradicionais ciclos de pisa humana.
Uma série de reflexos decorrentes desta decisão vão produzir um efeito cascata, abrangendo basicamente toda a mão de obra, que será diminuída sensivelmente. Algumas de suas quintas não vão mais produzir devido ao alto custo de conversão: os lagares antigos não servem para a pisa mecânica e teriam que ser refeitos.
Outra mudança muito interessante decorre diretamente da combinação isolamento social e compras on line: os supermercados tiveram que mudar sua postura com relação à qualidade dos vinhos oferecidos.
Essa mudança já era aguardada há muito tempo e agora se consolidou. Na cidade do Rio de Janeiro pelo menos três grandes redes já haviam contratado curadorias para vinhos e para azeites também: Zona Sul, Pão de Açúcar e Mundial, este com um dos melhores estoques de vinhos portugueses.
Mesmo os mercadinhos de bairro estão mais atentos a esta mudança de comportamento dos consumidores, reforçando seus estoques de bons vinhos, a bebida que parece ter sido a melhor opção neste momento de ficar mais em casa.
Dados da ABRAS indicam que o setor de supermercados representa 70% do volume de vendas de vinhos no país. Observaram um crescimento de 35% em relação a 2019. Sinal que o brasileiro está mais identificado com a nossa bebida favorita.
As principais importadoras e distribuidoras oferecem treinamento para os atendentes, melhorando em muito a relação com os clientes, que agora encontram as gôndolas muito bem localizadas, arrumadas e setorizadas, facilitando a nossa compra.
Experimente ficar uns instantes em frente a uma prateleira de vinhos em uma grande rede. Logo logo vai aparecer um house sommelier oferecendo ajuda.
Como diz um velho ditado, “há males que vem para o bem”.
Saúde e bons vinhos!
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