Também conhecida por Shiraz, Hermitage e vários outros sinônimos, é uma uva muito importante. Curiosamente, nunca é citada no conhecido grupo das castas nobres (Cabernet Sauvignon, Merlot, Pinot Noir, Chardonnay, Riesling e Sauvignon Blanc) o que pode ser considerado com uma grande injustiça: os vinhos elaborados a partir desta casta estão entre os mais celebrados e premiados do mundo, Robert Parker que o diga.
Uma uva francesa, com certeza, apesar de inúmeras versões sobre sua origem, incluindo uma envolvendo uma cidade persa, homônima (Shiraz). São lendas, apenas. Descende, diretamente, de um cruzamento natural entre as uvas Durezam e Mondeuse Blanche.
Seu berço natal e local onde melhor se expressa é o vale do rio Ródano, no sul da França. De lá partiu para o resto do planeta, onde está plantada em outras regiões europeias, americanas e asiáticas.
Cada terroir produz um vinho com características ligeiramente diferentes que podem ser resumidas no gráfico a seguir:
Taninos macios, alcaçuz, pimenta preta, frutos negros e chocolate são algumas das notas comuns em qualquer vinificação desta casta.
Na França estão alguns dos melhores vinhos, como os famosos Hermitage, Côte Rotie, Cornas, Crozes-Hermitage e Saint-Joseph. Mais ao sul vamos encontrar cortes com as castas Mourvedre e Grenache, conhecidos como GSM, um fantástico contraponto ao corte bordalês. Na nossa opinião, os GSM são superiores.
Para fechar o quadro, é uma das 18 uvas que podem ser usadas na elaboração do não menos conhecido Chateauneuf-du-Pape.
Barossa, McLaren Vale e Limestone Coast na Austrália; Priorat, Montsant, Toro e Yecla na Espanha; Mendoza na Argentina; Stellenbosch, Paarl e Franschhoek na África do Sul; Paso Robles, Santa Barbara, Napa, Sonoma e Columbia Valley nos EUA; Toscana e Sicília na Itália; Vales de Colchagua e Maipo no Chile; Alentejo e outras regiões de Portugal.
Não poderíamos deixar de citar algumas regiões do Brasil onde esta casta tem surpreendido e aceitado perfeitamente o sistema desenvolvido pela EPAMIG, a dupla poda: Sul de Minas e Serra da Mantiqueira em SP. Produzem alguns dos mais premiados vinhos brasileiros no exterior.
Casta polivalente e multifacetada, seus vinhos são altamente gastronômicos com os quais podemos harmonizar desde os picantes queijos de mofo azul até carnes na brasa. Perfeitos para acompanhar pratos que usem e abusem de ervas da Provence e outras especiarias.
Apesar da fama dos vinhos franceses, australianos e sul-africanos, escolhi um alentejano para representar esta casta:
Antes de mais nada é um Syrah delicioso, embora já esteja numa faixa de preços perto do proibitivo. O mais interessante é que se tornou um marco na história dos vinhos portugueses.
Elaborado pela vinícola Cortes de Cima, de propriedade do casal Carrie e Hans Jorgensen, ela norte-americana e ele dinamarquês. Compraram terras no Alentejo e, contra tudo e contra todos, plantaram castas não portugueses, a Syrah entre elas.
Depois de longo período esperando as parreiras produzirem adequadamente, elaboraram a 1ª safra deste lindo vinho. Foi quando se deram conta que não podiam obter nenhum registro oficial dos institutos que controlam a produção de vinhos em Portugal. Era uma vinho que “não existia”, pelo menos para a burocracia local. Deste fato surge o nome Incógnito, uma grande ironia para batizar um vinho que teria que ficar escondido…
Hoje é um dos carros-chefe desta vinícola e um dos melhores vinhos portugueses. A legislação se dobrou frente à qualidade e importância desta casta.
Bem estruturado, com notas de especiarias e frutos negros. Sedoso no paladar, fácil de beber. Mostra todas as características que fazem da Syrah uma uva campeã.
Saúde e bons vinhos!
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