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Gin é uma infusão obtida a partir de um destilado de cereais com uma série de especiarias e aromáticos botânicos. O Zimbro é obrigatório. A partir desse ponto, cada produtor tem a sua receita que pode incluir pimentas, cascas de árvores ou de frutas cítricas, coentro em sementes e muitos outros.

Virou a bebida do momento entre a nova geração. Há quem o consuma puro, mas o grande charme do Gin é ser a base para uma série de coquetéis, alguns lendários, como o Dry Martini e o Negroni.

A razão do sucesso destes drinks é um parceiro do Gin que muitos mixologistas consideram como ideal: um vinho!

Surpreendente?

Mas não é uma vinificação qualquer: fermenta-se um vinho base com o qual será feita uma infusão com ervas aromáticas, raízes, flores e outros temperos e fortificado, posteriormente.

Vinhos assim preparados eram usados como medicamento na antiguidade. Um dos mais populares usava wermut (absinto em alemão) em sua fórmula, indicado para tratar distúrbios estomacais.

Vem daí a bebida que hoje chamamos de Vermute, o parceiro perfeito para os coquetéis feitos com Gin.

Dois estilos de Vermutes se destacam: o branco e seco, de origem francesa e o tinto e mais adocicado de origem italiana. Quem nunca ouviu falar nas marcas Noilly Prat, Martini & Rossi, Punt e Mess, Lillet e Carpano?

Os vermutes deixaram de ser medicamentos lá pelo século XVIII, mas só vão encontrar seu lugar definitivo nas prateleiras dos bares no começo do século XIX, quando surgem as primeiras misturas de vermute com pouco de sumo cítrico e gotas de um ingrediente amargo, popularmente conhecido como “bitters”.

O tradicional Martini (gin + vermute branco seco) foi misturado pela 1ª vez em 1880. O Negroni (gin, vermute tinto e Campari) foi criado no Café Cassoni, em Florença em 1919 a pedido do Conde Camillo Negroni.

Hoje existem diversas versões deste vinho tão especial, quebrando a regra do branco seco e tinto adocicado. Existem versões rosadas e até mesmo uma chamada “Golden”. Nenhuma ficou tão popular quantos os originais.

Além de França e Itália, podemos citar Espanha e Portugal como grandes produtores. É um aperitivo muito popular.

As principais uvas na produção do vinho base, que terá um baixo teor alcoólico, são Clairette blanche, Piquepoul, Bianchetta Trevigiana, Catarratto e Trebbiano. As ervas e especiarias mais comum são canela, cravo, cardamomo, manjerona, camomila e junípero. Cada produtor tem sua receita. O absinto foi proibido durante muitos anos e ninguém o usa mais nos vermutes.

Depois de pronto o vinho ele pode ser amadurecido em madeira por um período antes de receber as ervas e especiarias. O teor de álcool é elevado com a adição de aguardente neutra de uvas até atingir os 16% a 18% em volume.

Recentemente um novo player entrou neste restrito mercado com uma novidade, não tão nova assim se formos olhar a história. Um produtor do Japão lançou um Vermute obtido a partir de um Saquê, que é um vinho de arroz, tecnicamente.

Chama-se Oka Kura Bermutto

Esta versão oriental do vermute é obtida a partir de um Saquê Junmai que é fortificado com um Sochu (destilado de arroz) e infusionado com uma série de ervas e especiarias tipicamente japonesas como yuzu, kabosu, sanshō e yomogi.

Embora seja um produto único e atual, a ideia de fazer infusões alcoólicas é muito antiga nas culturas orientais. Há registros de consumo de vinhos aromatizados desde a dinastia chinesa Shang (1250AC – 1000AC). A contrapartida ocidental só vai registrar algo semelhante na Grécia, em 400AC.

O Oka Kura é um vermute seco com uma coloração palha escuro. No paladar há uma marcante presença cítrica que lembra toranja.

O grande charme deste diferente vermute é poderemos saborear um Dry Martini de cor escura ou um Negroni de cor clara e muitas outras misturas. O limite estará na imaginação de cada Bartender.

Gin, Vinho e Saquê: Vermute é o ponto em comum ou não?

Saúde e bons drinques!