Finalmente!
Depois de quase 2 anos afastados, o grupo tomou coragem e se reuniu.
Foi ótimo, muita coisa para conversar e se divertir, colocar nossos espíritos em ordem. Tudo dentro dos mais rígidos protocolos de segurança, afinal, mesmo duplamente vacinados, ninguém ainda está livre desta maldita epidemia.
A diversão começou antes mesmo do encontro. Estávamos, há algum tempo, planejando um almoço no terraço da casa do decano desse grupo. Tem todas as condições necessárias para uma reunião: ao ar livre, espaço suficiente para mantermos uma salutar distância física, localização equidistante dos demais confrades, enfim, um local perfeito. O importante seria evitar locais públicos e se afastar de grandes grupos de pessoas.
Para não afetar o dia a dia da casa, encomendaríamos os pratos num serviço de buffet ou mesmo num restaurante com delivery. Mas a conversa não seguia em frente. Ficávamos só na ideia, na vontade, até que um confrade, mais ousado, propôs irmos a um conhecido restaurante, que serve suas refeições na calçada, sob um amplo toldo.
“Vamos nos reunir lá, que é seguro, para acertamos os detalhes do nosso futuro almoço”, disse ele, sem se dar conta da grande ironia: este acabaria sendo o desejado reencontro. Todos concordaram.
Risadas à parte, foi perfeito!
A escolha do local, carinhosamente chamado de Boteco, decidiu o cardápio e os vinhos. É uma casa especializada em frutos do mar, logo, brancos ou rosados. Foi um grande passeio enogastronômico que ligou, informalmente, Brasil e Itália, com um acento lusitano na gastronomia.
Abrimos os trabalhos com deliciosos pasteizinhos de camarão, feitos na hora, regados ao 1º vinho, um bom Sauvignon Blanc, nacional, que foi servido às cegas como provocação. Ninguém matou a charada, mas chegaram perto. Era uma pegadinha. Apesar de ótimo, é um vinho muito pouco conhecido.
Seguimos com um estupendo vinagrete de polvo, uma das especialidades da casa. O segundo vinho aberto foi um Falanghina, casta típica da região da Campanha, dando início ao passeio vínico pela Itália. Esta casta tem raízes gregas e produz vinhos com uma boa tipicidade.
A próxima rodada trouxe para nossa mesa deliciosas casquinhas de siri e um caldinho de sururu, degustado por 1 confrade, apenas. O vinho da vez, outra casta italiana, um Verdicchio Dei Castelli di Jesi, da região do Marche. Estes brancos são perfeitos para acompanhar frutos do mar.
Para a rodada final, depois de algumas deliberações, optamos por um arroz de camarão e uma moqueca mista, que deveria ter sido chamada por outro nome, levou dendê: moqueca é a Capixaba, com urucum e coentro. O resto é “peixada”.
Ambos estavam deliciosos. O arroz de camarão sumiu num piscar de olhos. O outro prato era acompanhado de farofinha amarela e arroz branco. Show!
A parte etílica foi dividia em dois tempos, as últimas taças do vinho anterior, seguido por um saboroso Gewurztraminer, da Casa Valduga, que harmonizou corretamente. Outra boa surpresa, descobrir que esta personalíssima uva cuja fama foi feita com os famosos vinhos alsacianos e alemães, pode ser bem vinificada por aqui. O estilo é bem diverso, mas percebe-se facilmente as características de aromas e paladar.
Para encerrarmos o encontro, enxugamos a nossa última garrafa, um rosado da casta Negroamaro, da região da Puglia. Muito interessante. Um vinho bem frutado que chega a enganar o paladar, se passando por um demi-sec. Como era a hora da sobremesa, encaixou como uma luva.
A tarde já ia encerrando quando nos despedimos, colocamos nossas máscaras de proteção e voltamos para casa, com aquele forte desejo de que a próxima reunião seja em breve, no tal terraço.
Deu para matar as saudades e fazer algumas “vítimas”.
Saúde para todos, bons encontros e grandes vinhos!
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